quarta-feira, 13 de setembro de 2023
Crise, guerras e o dom agonístico (06/2022)
A crise econômica capitalista e as guerras têm um antecedente antropológico identificado nos modelos sociais de produção organizados pelas dádivas ou dons em sua forma extrema, o dom agonístico, marcado pelo excesso e pelo sacrifício, como descrito por Marcel Mauss.
Por algum delírio social as formas de produção nestes modelos se estabilizavam por momentos de consumo excessivo e destrutivo, em ciclos periódicos.
E assim também é com as guerras e as crises econômicas cíclicas características da sociedade capitalista.
Estou com este pensamento desde que considerei que a resposta à pandemia, no mundo ocidental, foi especialmente desencontrada e disruptiva da vida produtiva social. Foi realmente uma resposta irracional neste prisma.
E na sequência a esta crise é acentuada ainda mais pela guerra da Ucrãnia. Outro momento exemplar de completa irracionalidade ou estupidez humana. E novamente o sentido objetivo disto é a destruição e a quebra de cadeias produtivas.
Destruição e transformação simultaneamente, que é, certamente, o produto de todas as grandes crises cíclicas, estruturais da economia capitalista.
Para mim, portanto, a resposta irracional à pandemia e a guerra na Ucrânia são formas de expressão da crise econômica em que nos encontramos desde 2007.
A comparação com o dom agonístico me veio de novo à mente agora que todas as notícias dão conta de que os EUA e a Europa vão continuar a jogar mais dinheiro e armamentos na Ucrânia, para serem destruídos, pois não parece razoável apostar que terão qualquer resultado além de retardar a execução dos objetivos militares russos. Não há uma contraposição possível, razoável da Ucrânia contra o poderio militar russo. Todos os recursos que são jogados lá, assim como toda a propaganda para fortalecer a resistência ucraniana só pode resultar em maior tempo de guerra e destruição.
No momento que os EUA anunciam mais ajuda bilionária e mais e mais armamentos para a Ucrânia o seu banco central elevou drasticamente a taxa de juros lá, porque a inflação está altíssima e com isto se consolidam as previsões de recessão nos EUA nos próximos meses ou no próximo ano. Isto quando a pobreza e a miséria já vinham aumentando significativamente nos EUA. E a Europa embarca na mesma loucura, podendo ainda menos que os EUA.
Estão tomados por um delírio equivalente ao dom agonístico.
E com isto fazem o trabalho da crise econômica, ou, pelo menos, arrumam desculpas para ela.
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