terça-feira, 1 de março de 2022

A GUERRA CONTINUA A ECONOMIA POR OUTROS MEIOS, IDIOTA.

 A GUERRA CONTINUA A ECONOMIA POR OUTROS MEIOS, IDIOTA.

É a economia que comanda o mundo capitalista, ou você não sabe disto? Só mesmo se você for um idiota, como dizem.

Pois bem, dizem também que uma guerra continua a política, por outros meios. Mas o que a gente vê com um pouco mais de perscrutação é que a guerra também, e de modo sobre determinante, continua é o trabalho da economia, por outros meios. 

A guerra rompe, de forma brutal, cadeias de produção e torna ainda mais difícil a realização de riquezas, dos investimentos e reduz o desenvolvimento. Uma grande guerra queima verdadeiramente capital humano e físico em larga escala e, ao fim, promove uma violenta reestruturação da economia.

Mas, a ruptura das cadeias de produção, a quebra e até o descarte completo de setores inteiros da economia, com os seus corolários de desemprego, pobreza e reestruturação da produção, isto é o trabalho das crises econômicas nas sociedades capitalistas.

A guerra faz, portanto, o trabalho que as grandes crises econômicas capitalistas, de um modo ou de outro têm que fazer. A grande guerra é de fato uma “solução final”, até esperada, para estas grandes crises econômicas capitalistas.

Sim, a guerra absurda, tão violentamente irracional, assim como tem sido a absurda resposta ocidental à pandemia, estão servindo como instrumentos destas forças econômicas, desta necessidade insuperável de destruição econômica que se forma nas grandes crises da economia capitalista globalizada. 

A guerra da Ucrânia, mesmo que permaneça restrita e seja rapidamente resolvida, certamente já vai provocar uma desaceleração na economia mundial, que já está combalida pela pandemia, e tornar as condições de vida ainda mais difíceis em vários locais do mundo, muito além dos territórios em conflito.

E, com certeza, esta guerra da Ucrânia prepara, ou, aumenta em muito o risco de guerras maiores. Um resultado líquido disto tudo é que agora já entramos em um novo nível de confronto entre algumas das maiores potências militares do mundo. A retórica e o conteúdo imperialista surgiram de novo na cena europeia e mundial. A própria Alemanha encontrou, com isto, uma justificativa suficiente para o seu re armamento, a formação da sua força militar própria. Estamos semeando guerra, plantando guerra, com certeza. Não é de se esperar que a colheita seja de paz.


QUANDO A NECESSIDADE ECONÔMICA FALA

Olha, se você tem alguma dúvida sobre a natureza desta guerra e de como se posicionar em relação a ela? Tenha tranquilidade, neste momento difícil. Trata-se, mais uma vez no mundo, de uma guerra inter imperialista, e quem está do lado da dignidade humana não tem obrigação de estar em qualquer dos lados que se enfrentam em uma guerra inter imperialista, a não ser, ao contrário, no lado contra a guerra. 

Por enquanto, considere o 

que os representantes do Estado chinês têm manifestado até agora: “Estamos observando tudo isto atentamente”.

Nós, realmente, não temos que estar de lado algum nas guerras entre as potências imperialistas. Ao contrário, nós somos contra essas guerras. Certamente elas não são as nossas próprias guerras.

A nossa luta é pela construção de um presente e futuro mais humanos, mais dignos para todos nós e nossos filhos e não em favor de um império contra outro ou vice versa.

Nosso combate agora, com certeza, é para conseguirmos realizar a transição para além do sistema social atual da forma menos dolorosa o possível. 

É muito necessário compreender que já esta transição já está em curso, com todos os longos sofrimentos de um verdadeiro trabalho de parto histórico.

Apenas a guerra da Ucrânia, como está hoje, será insuficiente para promover as reestruturações que a economia capitalista mundial ainda precisa. Mas já é, assim como a pandemia tem sido, mais um instrumento para o esclarecimento mundial de que é necessário inverter o sentido que a economia  tomou a partir dos anos 80 do século passado: o caminho de mais capitalismo, o caminho da redução dos controles ao capital, em nível global e dentro das mais diversas nações. 

Na década de 80 a vitória do liberalismo era necessária devido aos entraves à economia mundial que representavam os limites impostos pelos Estados nacionais, seja no tocante à circulação de bens e capital inter nacionais, seja no tocante às relações de produção e trabalho e na distribuição de riquezas, no interior de cada país. Precisamos compreender que esse momento de re liberalização, ou, neoliberalismo, é característico do movimento de pêndulo do sistema da economia mundial capitalista no processo de sua superação, de sua transformação socialista. 

Como era de se esperar, esse momento de re liberalização, ou, neoliberalismo, da economia mundial nos trouxe até esta situação de imensa concentração de riqueza no interior dos países, empobrecimento relativo e absoluto de massas, crises econômicas insolúveis e, por fim, a ameaça concreta, hoje quase inevitável, de grandes guerras.

Mas, agora já está ficando claro, mais uma vez, que o caminho de mais liberalização capitalista resulta em mais concentração de riquezas, crises econômicas progressivas e, no limite, em guerras, como solução final para estas crises. 

O novo movimento do pêndulo também já está em curso, um novo movimento no sentido do socialismo, no sentido da regulação e controle social sobre as forças econômicas da própria sociedade. Para quem consegue ver, já está claro que quem tem se fortalecido e seguirá se fortalecendo, como consequência dessa sequência de crises, é a alternativa de maior planejamento, regulação e controle públicos, sobre o poder do capital, sobre o poder das corporações, sobre o poder do mercado. É a via socialista.

Como foi nas décadas de pós guerra no século passado, estamos, já, em uma nova etapa de socialização da economia capitalista mundial. Ainda sem condições de completar o controle social, público, coletivo sobre a economia. Ainda em contradição com a própria natureza privada e destrutiva da economia capitalista. Ainda sofrendo as dores do trabalho de parto. 

Mas, agora, já com o aprendizado histórico do que foram as guerras inter imperialistas dos séculos XIX e XX. 

E, além disto, o que é radicalmente diferente agora e também pode nos dar melhores expectativas ainda, é que a grande potência emergente agora não é mais uma potência imperial capitalista. É, justamente ao contrário, a grande potência socialista mundial, a China. E, propriamente por ser socialista, podemos esperar que ela não vai entrar em nenhuma guerra expansionista. 

Mais uma vez, diante dos absurdos da economia social capitalista imperialista, comparativamente, por perder menos, a China sairá mais forte com a(s) guerra(s), assim como está saindo mais forte, por perder menos, com a pandemia. 

E, com a China, se fortalece a via socialista que é mesmo o caminho necessário no momento.