terça-feira, 26 de setembro de 2017

COMO EU ESTIMO AS DOSES PARA OS TRATAMENTOS COM MACONHA MEDICINAL

1. óleos importados com alto teor de CBD e baixo THC (<0,5%) - Padrão autorizado pela Anvisa. 2,5 a 20 mg/kg/dia. Para os casos de autismo, uso, em média, 5 mg/kg/dia. Por exemplo, uma criança de 30 kg deve usar aproximadamente 150 mg de CBD por dia. É importante frisar que mesmo nos casos de óleos ricos em CBD, no padrão autorizado pela Anvisa, há tb efeitos do THC no tratamento. Pois o THC é ativo em doses muitas vezes menores que aquelas em que o CBD é ativo. 2. Óleos artesanais brasileiros. Nesse casos faço o cálculo de dose baseado no THC, pois como disse o THC é mto mais ativo q o CBD e os óleos brasileiros, todos, têm teores de THC bem acima dos limites padronizados pela Anvisa para importação. Nesses casos eu me baseio em alguns resultados de testes e na minha experiência clínica. Bom, tomo como referência principal os testes feitos com um óleo produzido aqui na região de BH. Que convencionamos chamar de mais concentrado ou a 2% porque foi essa a concentração total de canabinoides encontrada no teste do óleo. Foi extraído em álcool, de modo que 100 gramas de flor resultou em 200 gramas (mls) de óleo. O que fez com que a gente também o chamasse de 1 para 2 ou 1x2. Era de origem de uma planta de genética especial, de cultivo indoor, altamente resinada, riquíssima em THC (95% do total de canabinoides era THC). Com base nessas informações estimei que cada ml desse óleo (2% ou 1x2) tinha 20mg de thc, ou seja, 1mg de THC por gota. Com isso pude estimar que a maioria dos tratamentos que tenho feito (autismo, epilepsia, dores cronicas, DSR, fibromialgia, parkinson, problemas psi etc), à base deTHC, estão na faixa de 2 a 40 mg de THC por dia. Doses mais baixas são dadas para crianças menores e pacientes em uso de polimedicação neuropsiquiátrica. Com base nesse resultado, pudemos então estabelecer concentrações menores (1%; 0,8% ou 1x4; 0,5%, 0,4% ou 1x8; 0,2% ou 1x16) que são, obviamente, proporções, do padrão base de 2%. Também com base nesse resultado e em experiência clinica e pessoal pude estimar que os óleos produzidos com as plantas comuns no Brasil, de cultivo outdoor, resultam, na mesma proporção, em óleos bem menos concentrados ou potentes. Assim, considerando o padrão dos cultivadores ligados à religião do daime, do sul do pais (florianópolis) em que 3 mls da pasta são diluídos para um volume total de 30 mls, conclui que os seus óleos têm aproximadamente de metade da potência terapeutica do óleo a 2%, ou 1x2. Classifico-os, portanto, como óleos a 1% ou 1x4. E assim posso dosar o tto ou fazer a substituição de um óleo pelo outro, com alguma segurança. Ou seja, se usava o óleo a 1x2 ou 2% na dose de 2 gotas de 12 em 12 hs, então se for converter para um óleo do padrão de Floripa, então deve passar para 4 gotas de 12 em 12 hs. Também fizemos teste de um óleo produzido no interior de Minas, extraído e diluído em glicerina. O teste revelou uma proporção alta de CBD neste óleo, mas não foi possível definir a concentração total dos canabinoides no óleo pois a sua diluição era alta demais e não chegou nem à medida mínima de concentração no teste. Com base também na minha experiência e nas características de planta e extração, cheguei a estimativa que esse óleo seria do padrão 0,2% ou 1x16, ou seja, 10 vezes menos potente que o óleo a 2%. Com isso também podemos fazer a estimativa de dosagem e transição de um óleo para outro com alguma segurança. Originalmente considerei que esse seria o padrão dos óleos da Abrace (da paraíba), já que o processo e as proporções na extração seriam os mesmos (40-50 gramas de planta comum para 1 litro de produto final: extrato em glicerina). O mesmo vale também, pelas poucas informações que tenho, para o óleo produzido por grupo no piauí. O seja todos esses seria óleos extremamente diluídos, com utilidade para crianças muito pequenas ou pacientes em uso de polimedicação neuropsiquiátrica. Lembrando, eles seriam 10 vezes menos potentes que o óleo a 2%. Logo para um paciente usando 40 gotas de qualquer um desses óleos mais diluídos, que vá transitar para um óleo mais concentrado, no caso de mudar para um padrão a 2%, passaria para 04 gotas, para um óleo a 1% (1x4) 08 gotas e para um a 0,4 (1x8) 16 gotas… Aproximadamente. Recentemente tive notícia de óleo da Abrace com 7,5 mg de THC por ml. Se essa informação está correta (e considero que esteja) então esse novo óleo da Abrace é 3 vezes menos potente que o óleo a 2% (1x2). Essas são as informações e estimativas com que tenho trabalhado atualmente.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

cães de alta patente latem pelo golpe

Agora já são dois cães de alta patente que estão latindo a favor do golpe militar (o Hamilton Mourão e o Paulo Chagas). Vc sabe que quando um cachorro late é fácil da matilha toda seguir atrás. O presidente ladrão, cercado por sua quadrilha, sem moral alguma, o congresso formado por bandidos e covardes de todo tipo, o judiciário que tb é parte das gangs ou covarde e incapaz de agir com a firmeza necessária. Aí vem um general, num centro de conspiração conservadora e antipopular (a maçonaria), declarar q agora a gang deles vai tomar o território e dominar as outras quadrilhas. Mas não tem sustentação internacional e milico no brasil é underdog, só age sob o comando americano. então ainda estamos protegidos desse mal maior.

Atualmente eu acho que... e vc, tem certeza?

Atualmente eu acho que sou a favor do tumulto e do conflito mesmo. A nossa questão é mais do que tudo oprimirmos e jogarmos os conflitos pra baixo do tapete. Vivemos, sempre, e não somos muito especiais nisso, numa espécie de mundo da fantasia ideológico e midiático. Então eçasporras de crises políticas, o que são? O que valem? O que vamos conquistar/perder agora, com o golpe em curso? A constituição idealista de 88 foi pro saco? O mercado de trabalho vai tomar uma chacoalhada liberalizante? Os sindicatos vão ter que suar a camisa pra poder existir? Doeu na dilma e no pt? vai doer no lula? isso se ele não for eleito, com apoio (velado) do pmdb.... Enfim, nossa guerra civil não declarada mudou pouco com lula, dilma e o pt-pmdb-centrão no poder e mudará pouco ainda com o golpe parlamentar, descontados os efeitos dos ciclos econômicos (desenvolvimento-recessão-desenvolvimento no mundo e no BR).. Aqui, a gente não muda o sistema com eleição e governos de coalizão não. É o que eu penso. Não sou contra o caminho socialdemocrático, por paradoxal que soe isso, mas não há evolução dentro da própria dinâmica socialdemocrática sem realismo econômico e, portanto, explicitação e solução dos conflitos reais, ao invés de sua opressão e/ou escamoteamento.

sábado, 16 de setembro de 2017

É hora de reagir

Olha, eu não posso, como realista que eu sou, aceitar que qualquer um de nós fale contra a inércia ou covardia ou apatia, ou qualquer coisa que vc queira chamar, do povo brasileiro que não reage à situação política em que nós estamos. Em primeiro lugar porque, sendo realista, eu tenho que perguntar pra cada um primeiro, mas qual é a sua reação? O que vc faz? Ou ainda para aqueles que reclamam de como o povo vota errado e termina elegendo os piores bandidos e os seus maiores inimigos: você não tem nada pra fazer além de reclamar, não?O que vc mesmo tá fazendo, cara? Mas o fato comum é que estamos ofendidos, envergonhados, tristes,, magoados e nos sentindo impotentes, sem capacidade de reação. Mas olha, a vida e a história não param. E algumas reações, as reações reais, nós de fato estamos tendo e vamos ter. Então, de novo, a pergunta importante pode ser, mas o que é que eu tô fazendo pra reagir? E, se for possível, o que é que nós estamos fazendo para reagir? Aquele ente multidiverso que se chama de povo está reagindo das muitas formas como sempre reagiu e sempre é normal reagirmos no desespero da pobreza e do abandono. Com violência mal direcionada e alienação conservadora. E agora, e você e eu e nós que somos o povo sem ser desse povo? Se alguém de 15 anos, sob a pobreza e a opressão desse sistema corrupto, sem perspectivas e sem possibilidades reais, pega uma quadrada e acredita que vai para a guerra contra o sistema, atirando contra iguais a ele... Você é quem vai condena-lo? Você é quem vai elogia-lo? Não se trata disso, mas de perguntar porque a guerra em que esses jovens entram nunca atinge o poder no país? No fim são sobretudo eles mesmos que morrem. Então eu me pergunto, porque, no Brasil, a guerra civil que dizima milhares todos os anos nunca tem como alvo os bandidos no poder? A resposta criminal não muda nada o sistema, apenas o reproduz e mantém. E, de fato, vivemos e temos vivido em um sistema violento de opressão e pobreza, onde os poderosos nos governos, nos legislativos, na justiça, no mercado financeiro, nas empresas, nas polícias, nas forças armadas,, nas igrejas, pra todo lado, são bandidos corruptos, farsantes, assassinos e psicopatas de todos os tipos. E qual a sua reação? Qual a nossa reação?

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Relato de caso de surto psicótico em pte autista epilética em uso de óleo de canabis


Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de um surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tive antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas várias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos (aumentos ou raramente reduções) de dosagem do óleo e (redução ou raramente aumento) de dose dos medicamentos em uso.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, com contenção física e química. É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão, contudo, baseada numa casuística de dezenas de pacientes, seja em uso de óleos ricos em cbd, ou ricos em thc, é de que os canabinoides atuam reduzindo o risco desses eventos e de todas as outras manifestações da instabilidade neuropsíquica que caracteriza esses pacientes.
No caso específico a que estou me referindo agora, parece razoável que o risco foi aumentado e o gatilho do surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides (mas suficiente para grande melhora no controle das crises convulsivas) quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso.
A paciente foi controlada pelo uso de antipsicóticos em regime de urgência e teve alta esta semana, com prescrição de antipsicóticos e anticonvulsivantes. E reiniciará o uso de canabinoides (com extrato rico em thc) agora seguindo o padrão de início com dose baixa e elevação progressiva da dose do óleo, enquanto se avalia e procede à redução progressiva e lenta dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso.
Este caso expõe o fato, que todos que lidamos com esses pacientes, temos que estar cientes: é que os riscos reais de piora, em algum ou vários aspectos (inclusive crises psicóticas e convulsivas), existem, seja já em grande parde dos pacientes, seja pela interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos que eles usam, seja pela retirada de qualquer desses medicamentos, ou pelo próprio uso de qualquer desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides. Não parece determinável com o nosso conhecimento atual qual ou quais fatores realmente atuaram em cada caso.
Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, os casos de piora, em algum dos aspectos acompanhados, são algo entre 5 e 20%, independente se os óleos são ricos em cbd, de cbd purificado ou ricos em thc. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja na agitação, nos aspectos psicocomportamentais, na insônia, nas crises convulsivas, assim como no desenvolvimento global, fala, cognição, interação, motor e autonomia atingem 60 a 80% dos pacientes.
Como, além disso, eu tenho a forte e bem fundada convicção de que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade, que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos neuropsiquiátricos justificam a tentativa mesmo nos casos mas graves e instáveis.