sexta-feira, 31 de março de 2017

A primeira vez que eu fumei a changa,

A primeira vez que eu fumei a changa,
me apareceu a sensação forte de um transporte para o além, mas eu me segurei nos calcanhares mantendo-me fiel à doutrina de que eu não estou no além, jamais, mas apenas aqui mesmo, sempre. E então a viagem voltou para mim mesmo e cheguei à conclusão tranquila e equilibrada de que é tudo pelo meu ego mesmo.
Vou lhes dizer porque isso pode ser tranquilo e equilibrado e não a força disruptiva e desequilibrada do egoísmo. Por analogia ou por identidade mesmo, pode-se dizer do ego, como do gene, que ele quer se perpetuar.Mas não na biologia da espécie, e sim de forma histórica, na cultura, é nela que o ego se perpetua.
E assim já não estamos mais no universo do egoísmo. Mas certamente, para mim, assim como para você, de um modo decisivo em nossas vidas, continua tudo sendo pelo ego.
Sou egoísta, então? Mas certamente eu me reconheço como mais generoso e mais tolerante do que grande parte das pessoas, a maior parte, eu diria.
E agora? Não sou egoísta, de modo algum então. Mas realmente faço tudo pelo meu ego.
E fiquei em paz com isso desde então.

sábado, 18 de março de 2017

Não confie no mercado e não confie no estado

Abre o olho cidadão!
Te enganam e te roubam todos os dias e de todos os lados.
Eu falo isso toda hora e você não quer ouvir.
Mas ainda, e sempre, tá na hora de reagir.
Não confie no mercado e não confie no estado. Deixa de ser otário e não confie no empresário, nem no funcionário.
Não confie na polícia, nem na justiça, não confie no soldado nem no delegado. Não confie no juiz que te julga nem no médico que te orienta. Muitos são psicopatas que querem comer o seu fígado com um bom molho de pimenta.Abre o olho cidadão e não confie em religião. "Lá da frente o pastor grita que é pra todo mundo ouvir: não tem dinheiro? Traz o seu cartão aqui..." Não confie em padre, não confie em igreja, não confie em empresa e não confie na imprensa.
Antes de cair nessas armadilhas, para e pensa.
Você só tem a você mesmo e a quem está do seu lado. Busque o seu irmão e com ele se associe, organize-se em grupos de autodefesa, com aqueles que têm a mesma condição.
E valorize quem a sociedade e você próprio põem pra baixo. Ele é como vc, seu capacho. Então lhe dê a mão e reaja. E defendam-se sempre, como vocês puderem, com as armas que tiverem!

quarta-feira, 15 de março de 2017

Quero mudar o nome deçaporra de Brasil pra Favela.

Quero mudar o nome deçaporra de Brasil pra Favela.
É tudo planta mesmo.
Só que uma simboliza a expropriação e exploração do território e a outra a ocupação popular do território.
Somos todos favelados. O Brasil é Favela.
Quem sabe assim o povo do país se autoreconheça e se aproprie do que é seu?
Veja bem, aqui no Brasil, no território da exploração e da expropriação sem fim, tudo é para ser destruído, avacalhado, roubado e sacaneado.
Morei na zona sul de BH, nos bairros nobres da cidade e com o tempo meus filhos não podiam mais sair na rua sem serem assaltados. É o espaço coletivo que nos resta no Brasil. Atravessado pela violência de todas as maneiras.
Agora moro na região da Pampulha, que já foi nobre e agora é podre, onde já foi um lago lindo e um espaço público para as pessoas passearem e nadarem e praticarem outros esportes na água, hoje é um grande esgoto a céu aberto, que fede e acumula mosquitos, É o espaço coletivo que nos resta no Brasil. Destruído, sucateado, sacaneado, o tempo todo.
Até onde o dinheiro e o poder de compra nos levam? Aos bairros nobres, aos condomínios fechados, aos helicópteros e às ferraris, aos iates, às motos e ás mulheres lindas. E então você ama o Brasil, porque aqui isso é possível! Ok. Mas eu moro na Favela. Eu uso as vias públicas pra me locomover. Eu vou aos mercados e ao centro da cidade para fazer minhas compras..Eu pago aluguel. Eu tenho filhos na universidade pública. Eu recolho previdência pública e pago juros de contas atrasadas e acertos com a receita federal. Então vamos fazer assim. Se você anda de helicóptero, tem jatinho, ferrari e mora em um condomínio fechado e é isento disso tudo, você é um brasileiro, você deve defender o seu país. Eu, do meu lado, acho que sou um favelado. E vou defender o meu.

terça-feira, 14 de março de 2017

O simbólico e o prático na luta social

BOM DIA BRASIL!
Vou dizer algo que preciso falar. 
Eu acho que os anos do peleguismo no poder no nosso país, associados ao postmodernismo em geral, conduziram os movimentos sociais no Brasil excessivamente para o campo simbólico, em contrapartida de sua pouca ou nenhuma atuação prática, objetiva ou material.
Vou dizer: acho a luta no campo simbólico importantíssima, mas a sua hipertrofia associada à atrofia dos movimentos de caráter mais prático é algo negativo, muito ruim mesmo, paralisante, do ponto de vista histórico-social.
Vou dar dois exemplos do que pude perceber nos últimos dias nas redes sociais. 
Primeiro vi rios e rios de tinta gastos a debater e intensa mobilização social a se realizar sobre o turbante de uma menina branca que estava em tratamento de câncer. E enquanto isso os jovens negros continuam sendo objeto de tiro ao alvo nas nossas favelas e vilas, avenidas e prisões, sem conseguirem se defender. E enquanto isso as travestis continuam sendo espancadas e assassinadas para o deleite de cristãos em todo o país.
Agora, mais recentemente, vi novamente rios de tinta e horas de mobilização para se discernir se um careca que faz intervenções de auto-ajuda na band news é ou não de direita. E isso justamente quando está para ser perpetrado o maior assalto à economia popular de todos os tempos: o roubo da previdência do trabalhador pobre do país. É claro que o cara é careta e de direita, senão não estaria fazendo auto-ajuda na bandnews, não é? Mas o que importa isso? A hora é de nos mobilizarmos para barrar os roubos à economia popular que estão sendo feitos e anunciados pelo governo e parlamento de bandidos. Esses marginais querem obrigar o trabalhador pobre a contribuir por 50 anos para a previdência social, na perspectiva de depois conseguir um ou dois anos de aposentadoria. E querem reduzir à miséria os idosos que não puderam contribuir com a previdência por tanto tempo.
Vou repetir, a luta simbólica é importantíssima, mas ficarmos presos a ela é paralisante.
Quem é de grupos sociais, étnicos, comportamentais ou o que seja, excluídos e alvo de violência no nosso país tem que estar consciente que não pode confiar na política, nem na polícia, nem na justiça. Mas também tem que saber que não pode confiar na igreja, nem no PCC, nem CV.
Eu acredito que os membros desses grupos, os jovens expostos a todo tipo de violência nesse país, e todos os que têm sensibilidade humana para a guerra civil genocida que acontece aqui, devem se organizar em grupos de auto-defesa, para que possam se defender diretamente das violências a que estão sujeitos. Creio que aí teremos mais efetividade prática e também teríamos algum tempo para discutir turbantes e carecas.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Sobre a questão da liberação do porte de armas.

Por uma questão de princípio, eu defendo que, em uma sociedade de pessoas livres, ou nenhuma, nenhuma pessoa mesmo, pode ter armas, ou, todas devem poder ter.
Sob o aspecto que a questão é apresentada hoje em dia, como uma forma de reação à violência social no nosso país, não me parece que há segurança empírica de que a liberação do acesso ao porte de armas resulte em aumento da violência por armas. O exemplo da Suiça é sembre marcante nesse ponto e com razão, eu acho. Mas também não é razoável apostar no contrário. Parece que o resultado será indiferente para o nível de violência social no nosso país. Nós temos taxas absurdas de morte violenta, vivemos condições de uma guerra civil suja, não declarada, e isso não deverá ser alterado por alguma liberação do porte de armas no país.
Por outro lado, é verdade que Mariguella dizia que a primeira obrigação de cada cidadão deve ser aprender a atirar e portar a sua arma. Ele acreditava, talvez, que o povo em armas pode se defender dos abusos daqueles que têm o poder do dinheiro, da política, da justiça, da polícia e das forças armadas em suas mãos. Mas, é tão certo como o sol clarear o dia, que se for liberado o porte de armas no BR, vão dar um jeito de impedir que o povo trabalhador e pobre possa se armar. Eu também tenho a impressão que cada lavrador e lavradora, cada trabalhador e cada trabalhadora do país portando a sua arma, não haveria mais o tanto de roubo e humilhação que o povo pobre desse país sofre na mão dos poderosos.
O q vc acha?