domingo, 10 de outubro de 2021

O CAMINHO DO MUNDO PARA O SOCIALISMO

O CAMINHO DO MUNDO PARA O SOCIALISMO Na sociedade capitalista há uma tendência espontânea à concentração de renda e de poder econômico. É para onde nos leva o livre mercado, de modo inexorável. Mas esta tendência é contraditória em relação à própria dinâmica essencialmente expansiva da economia capitalista, que necessita, para tal, do consumo de massas crescente. E as crises sistêmicas periódicas das economias capitalistas estão estruturalmente vinculadas a essa contradição. Essas crises de realização do capital levam à quebradeira em vários setores, demissões, desemprego, maior empobrecimento e revoltas. Essas crises ocorrem periodicamente pela desorganização estrutural da economia capitalista e, nesta economia, são mesmo necessárias, inevitáveis, em toda transição tecnológica, Mas, mesmo nestes casos de grandes mudanças tecnológicas, as crises podem ser parcialmente evitadas, controladas, reduzidas, em sua duração e em sua intensidade, e mitigadas em suas consequências. De fato, as crises econômicas do capitalismo, especialmente as grandes crises, desde o século passado, ou ate desde um pouco antes, são as grandes promotoras da ascensão da social democracia, do keynesianismo, enfim, da intervenção e regulação estatal da economia e das medidas de proteção social. O período após a crise de 29 e, principalmente, após a segunda guerra mundial exemplifica bem o que eu estou dizendo. Ocorre que, depois de corrigidos os aspectos mais perversos da economia capitalista e da distribuição de riqueza e poder sociais, as tendências espontâneas de concentração do mercado capitalista, terminam encontrando um caminho para voltar a prevalecer. É o momento do grito por liberdade dos burgueses, dos capitalistas, dos rentistas, dos ricos. Querem mais liberdade para poder empreender e concentrar mais e mais riqueza e poder, sem restrições impostas por regulamentações e intervenções públicas. E, por um tempo estas novas liberalizações resultam em ganhos de desenvolvimento, destravando nós burocráticos e legais e permitindo uma nova dinamização da economia. Mas logo estes ganhos encontram limites na desordem estrutural da produção capitalista e cada vez mais, na própria concentração crescente da renda. Foi assim desde os anos 80 do século passado. Todo este período de lá para cá tem sido caracterizado pelo longo aumento da concentração de riqueza nos principais países. Período que, politica e ideologicamente, tem como marca principal a revivescência da política econômica liberal. E, no seu limite contraditório, na emergência e na vigência da grande crise econômica mundial, a revivescência do fascismo. Observou-se isto nos EUA, em diversos países da Europa e outras regiões e, por fim, com esse verme fascista no poder aqui no BR. É a doutrina do poder capitalista sem limitação, é a força estúpida do poder econômico capitalista tentando se fazer valer sem contraposição, sem contrapesos. O resultado líquido disso é, obviamente, mais concentração de riqueza e poder por um lado e mais empobrecimento e ignorância nas massas, além da destruição desenfreada do meio ambiente no planeta. E isso só pode levar ao aprofundamento das crises econômicas. De fato estamos em crise mundial desde 2007 agora. E não há solução para estas crises no liberalismo, a não ser de forma catastrófica, com grande empobrecimento das massas e grandes guerras internacionais. como foi na primeira metade do século passado. Não há nada que se estranhar no fato de que, na fase mais extrema das grandes crises, o liberalismo tome o conteúdo fascista, obscurantista, regressivo, xenofóbico e beligerante. É, na verdade, o caminho natural dessa política diante das grandes crises econômicas. A nossa esperança em evitar estes resultados mais catastróficos, na atual grande crise da economia mundial, está no aprendizado histórico e, consequentemente, n retomada do caminho socialista no mundo. A depender dos resultados finais, essa pandemia e o aprendizado histórico, talvez evitem essas grandes guerras. Uma pandemia como a atual e as grandes guerras cumprem os papéis fundamentais de queimarem grandes quantidades de capital excedente e reordenarem aceleradamente certos aspectos do modo de produção no mundo. O que teria mesmo que ser feito. Com o peso de fenômenos naturais, contra os quais não se pode contrapor. Assim se abre o caminho para a retomada da economia em novos patamares. Na verdade, nada há de natural aí. Trata-se da necessidade econômica, social se impondo, pelos meios necessários em meio a irracionalidade, à estupidez da sociedade capitalista. É óbvio que uma pandemia é, em sua origem, um fenômeno natural, mas a resposta dos diversos países não. E foi através da resposta estranha, absurda, irracional que a maior parte dos países ocidentais deu à pandemia que a recessão e a reestruturação das formas de produzir pode se impor como se fosse uma necessidade natural. De fato é apenas a necessidade econômica imperativa que pode explicar como os principais países do mundo ocidental responderam à pandemia com tamanha irracionalidade política e social e ineficiência técnica, ao ponto de rejeitarem os recursos de eficiência comprovada (testagem e isolamento dos casos e contatos) optando por estratégias menos eficientes e mais recessivas. Talvez nada seja mais exemplar dessa irracionalidade social e política na resposta à pandemia do que a grande rejeição à vacinação que ainda está presente na maioria dos países ocidentais. O efeito disto tudo é apenas aprofundar os efeitos econômicos necessários devido à crise econômica que a pandemia trouxe “naturalmente”: a recessão e a reestruturação da economia. Talvez, realmente, estes efeitos, o aprendizado histórico anterior e a emergência da China socialista como principal potência mundial sejam suficientes para evitar o pior, para se evitar que a crise econômica seja resolvida apenas através de grandes guerras mundiais. Mas, enfim, seja como for, com ou sem as grandes guerras chegaremos, estamos chegando, à situação em que as condições sociais ficam tão ruins, tão desesperadoras, que o sistema passa a aceitar e demandar mais socialismo. Mais controle e regulação estatais e mais proteção social. E teremos então, de um jeito ou de outro, um novo crescimento da social democracia no mundo. E é isso que está acontecendo agora e é isso que tem mesmo que acontecer. O fascismo Bolsonarista no BR é, hoje, uma das poucas persistências no poder deste liberalismo despudorado, sem vergonha mesmo. E a persistência desses bandidos, sem caráter algum, nem limite nenhum, no poder é o caminho mais longo e penoso para o BR e para o mundo. É a resistência estúpida e inútil ao avanço socialista necessário e inexorável, goste quem gostar, queiram ou não queiram. Só a social democracia (que é socialismo) pode conduzir a humanidade por um caminho de menor violência e de controle das crises, com melhora da dignidade para as pessoas comuns. Essa retomada social-democrata, socialista, enfim, necessariamente vai acontecer agora. Está acontecendo, basta ver os resultados das últimas eleições na Europa e as novas regulamentações na economia chinesa. E o BR dos fascistas irá para o passado junto com as outras aberrações fascistas como o trumpismo. Veremos. A averiguar o quanto de destruição, empobrecimento e guerra ainda vai ser necessário pra essa nova retomada da socialdemocracia se consolidar completamente no mundo. Mas não vamos confundir. Social democracia e socialismo ainda são formas de capitalismo. Logo, as tendências e necessidades naturais da economia capitalista vão se apresentando de novo. E o grito pela liberdade dos poderosos se fará ouvir novamente no futuro. Ou seja, não será agora que o liberalismo e sua face mais tosca e virulenta (o fascismo, a xenofobia, o belicismo, a destruição da natureza etc) será completamente derrotado na história. Mas, se passarmos por essa crise atual sem as grandes guerras, já será um grande passo de aprendizado histórico da humanidade. E se assim for qualquer ressurgimento do liberalismo, daqui uns 30 a 50 anos, deverá ser bastante atenuado.

segunda-feira, 4 de outubro de 2021

O AMOR VERDADEIRO, É LIVRE! OUVIU, BB?

Mas olha, parece claro que todas as grandes culturas, as realmente predominantes no mundo hoje, são culturas da família e, portanto, têm suas religiões e outros recursos ideológicos hegemônicos assentados na defesa, na sustentação e na afirmação da família. Da família tradicional, da família civilizada ou moderna, se você quiser. A família nuclear, composta por um casal de pais e seus filhos. A família fundada no casamento monogâmico duradouro ou permanente. 

É assim na Índia e na China como nos EUA, Europa e Rússia, pra gente perceber o quanto isto é a forma predominante na atualidade. E está profundamente arraigada nestas culturas, sendo o valor da família, certamente, um dos principais fundamentos das doutrinas de Confúcio assim como de Cristo, por exemplo. 

E é bem óbvio que esta forma familiar de organização da reprodução da vida, da sexualidade e da criação dos filhos. é eficaz nesses aspectos. E também é muito adequada ao mundo capitalista. Enfim, essas unidades vitais, são privadas, né?, e, portanto, entre elas parece natural se estabelecerem as relações de competição privada capitalista.

Com certeza, portanto, toda e qualquer grande alteração no curso social da humanidade tem também que atingir e abranger, e de fato está abrangendo, a questão da família, ou, as questões de ordenamento da sexualidade e da criação das crianças. Mas, quem se contrapõe, quem diverge e quem contesta essa forma tradicional de organização da reprodução da vida humana tem contra si essa barreira cultural trans histórica global que parece ter a força de um fato ou condição inexorável e inquestionável da vida humana.

Como eu posso contestar, me contrapor e negar, algo tão sagrado e aparentemente tão necessário que chega mesmo a ser aparentemente impossível ou, certamente, “anti-natural” contestar? E logo eu que tive a minha vida amorosa sempre marcada por crises e escândalos, eu que, portanto, talvez não possa ser exemplo para ninguém, como eu posso me arvorar a criticar e pretender corrigir fundamentos centrais de Cristo e Confúcio, ao mesmo tempo? Fundamentos de toda a civilização? Eu não sei. O único que eu posso dizer sobre isto é que eu estou vivo agora e dou o meu testemunho verdadeiro.

E o meu testemunho verdadeiro é que eu sinto e penso, no fundo da minha razão e do meu coração, que a família nuclear e a monogamia não são mesmo a melhor forma de organização básica da reprodução da vida humana, da sexualidade e da criação das crianças. Eu realmente penso e sinto que o melhor é a vida coletiva, comunitarista, de liberdade e respeito mútuos. A vida comunitária, sem famílias, ou com toda e qualquer forma de família, mas vida coletiva realmente, com liberdade sexual para os adultos e responsabilidade coletiva sobre as crianças. Realmente eu creio que isto é o mais humano. Com certeza atende melhor aos predicados fundamentais da humanidade, da própria inteligência e consciência humanas: a liberdade individual e a vida social.

Os conservadores em geral certamente pensam mesmo que a família nuclear, privada, monogâmica é uma forma natural, espontânea de organização básica da vida humana, da criação das crianças e da sexualidade dos adultos. Mas de fato não é. Nem é lícito falar de forma natural em se tratando da cultura, mas, se se fosse dar esse título seria à forma tribal e não à familiar. Sim antes da humanidade se organizar em famílias em geral se organizou em tribos, onde havia tanto uma sexualidade mais livre quanto responsabilidade coletiva dos adultos sobre as crianças. E, se a família é a forma mais apropriada para sociedade capitalista, certamente a vida comunitária e o amor livre são, idealmente, e serão na prática mais apropriados para a nova sociedade que está se formando. 

Mas, eu nunca procurei nenhuma comunidade assim jamais na minha vida, pra viver lá. E acho que nunca vou procurar. Principalmente porque não vejo como esse ser o caminho real de transformação, de formação de nova cultura humana. Então, com toda a contradição, toda a dor de viver sempre um tanto muito desajustado, eu fiz essa escolha de tentar mudar aqui por dentro da realidade geral e não fugindo dela. Esse é um dos aspectos em que se aplica um lema que uso com alguma frequência: “É dentro do sistema e contra o sistema”. Posso estar errado e ainda me decidir a procurar uma comunidade ou tentar criar uma e viver mais de acordo comigo mesmo. Mas acho que isso não vai acontecer. Vou continuar nessa contradição até morrer. E é certo que, do outro lado, as forças conservadoras, no mundo todo, sempre estarão em defesa, real ou hipócrita, da família, como esta unidade fundamental e inquestionável. E será assim por um longo tempo. As transições neste campo são, certamente, lentas e não atendem à dinâmica política ou a ações revolucionárias. É a vida vivida se fazendo e transformando.