sábado, 18 de novembro de 2023

A Questão do Fascismo no sistema social mundial contemporâneo e, em especial, no Brasil

Ao indicar quais seriam as grandes questões ideológicas do nosso tempo, eu afirmei que uma delas é a oposição entre capitalismo liberal e fascismo, por um lado, e social-democracia e socialismo, por outro. Em vários textos anteriores me concentrei na análise da contraposição entre o capitalismo liberal e o socialismo, na dinâmica histórica mundial atual, ou, no sistema mundial contemporâneo. No presente texto vou me dedicar à análise da questão do fascismo dentro desta mesma perspectiva, ou seja, na perspectiva da dinâmica histórica do sistema social mundial contemporâneo. 1. Fascismo Político x Fascismo Social Entre aqueles países que detêm a maior parte da riqueza e do poder no sistema capitalista mundial, na Europa, nos EUA e em alguns outros pontos do planeta, é certo, ao menos em parte, falar que o fascismo é uma ameaça ocasional ou episódica, rara e improvável. E até pode ser aceitável dizer que se trata de um fenômeno político, em sua essência. Mas, para nós, aqui no Brasil e no mundo dos países pós coloniais, secundários e terciários no sistema de poder capitalista mundial atual, a situação é diferente. O fascismo é mais presente grande parte do tempo, ou, é dominante o tempo todo. Como dizia um rapper, “democracia na favela é prejuízo, aqui manda quem pode e obedece quem tem juízo”. O que nas sociedades, ou, nas camadas sociais, que concentram poder e riqueza no sistema mundial é raro, improvável, ou, oculto, do outro lado, nas periferias das sociedades pós-coloniais, parece sempre ser uma possibilidade muito mais real e uma realidade muito mais brutal Aqui temos níveis de opressão violenta cotidiana que os países do centro de poder mundial já superaram. Isto faz de nós uma nação estúpida, repousando na violência constante. Nós somos fascistas no nosso dia a dia. É uma inferioridade e uma opressão, constantes, que atingem, muito desigualmente, a todos nós, como povo e como pessoas. Você pode e deve, com toda razão, dizer que os negros nos EUA sofrem uma violência social extrema, completamente inaceitável e absurda. Mas você tem que reconhecer que no Brasil isso consegue ser ainda pior. Porque a miséria e a degradação social impostas à população de cor preta aqui no Brasil conseguem ser ainda muito maiores do que nos EUA. Para registro acaba de sair estudo mostrando que a polícia mata uma pessoa negra a cada 4 horas aqui no Brasil. E a gente é pior também com relação à opressão e violência contra mulheres, contra homossexuais, usuários de drogas, pobres etc. De um modo geral, em termos de opressão e exploração, aqui é tudo pior e mais violento quando estabelecemos como comparação as populações mais ricas e poderosas do mundo. E se trata, de muitos modos, de violência institucionalizada, violência aceita, organizada e imposta, mais ou menos direta e explicitamente, pelo próprio poder público. Aqui o fascismo é mais presente e mais explícito no cotidiano. Aqui há uma violência social brutal e aterrorizante, cotidiana e institucionalizada, que é, realmente, fascista. O que é aceitável aqui, certamente não seria nos locais centrais do sistema capitalista. O que, para os centros de poder do sistema, é anatemizado como inaceitável violência fascista, aqui é cotidiano e normalizado. Assassinatos sistemáticos pelo poder policial e forças paramilitares, tortura sistemática dentro do sistema policial e prisional, abuso de poder e violência do aparato judiciário e policial, contra os mesmos alvos, já vulnerabilizados e excluídos, de sempre. Tudo isto é fascismo. E aqui é normal. Até visto como desejável. Até elogiável. Igrejas, programas de TV, operações policiais e mandatos judiciais exalam, expressam e compõem uma ideologia de violência dentro e para além dos limites legais, contra os mesmos grupos-alvo bem conhecidos da nossa sociedade. E, por mais que contestem, é sempre ainda mais contra o pobre que esta estrutura se ergue em geral. É muito ruim para o gay e para o negro. Mas é muito pior se ele for pobre. É muito pior para índios, para mulheres, para trans, para drogados, para deficientes, para idosos, quando são pobres. A violência fascista no dia a dia do Brasil aparece, de forma realmente brutal, é contra o pobre. E isto é da natureza capitalista do fascismo, mesmo. Aqui no Brasil, como em geral, o fascismo é a imposição do poder do capital através do Estado, de forma brutal, explícita e para além dos limites estabelecidos pela democracia constitucional e pelos direitos humanos O terrorismo de Estado é a arma e o recurso natural do fascismo e aqui ele é cotidiano. É certo dizer, em abstrato, que, onde quer que o fascismo se instaure, o poder dos dominantes se estabelece de forma mais brutal, através do terror, imposto sobre a população em geral, e sobre os grupos-alvo da dominação e do controle social, em especial. Desenvolver alguma forma, e os instrumentos. de imposição efetiva do poder dominante é uma condição essencial à existência de qualquer Estado. Mas, dentro da história do sistema capitalista mundial existe uma distinção específica para os estados e as sociedades realmente fascistas. E é justamente com base nesta distinção que eu digo que aqui vivemos um fascismo cotidiano, que nos acompanha desde a nossa origem histórica, como país, e continua no presente. Vamos fazer o que com a violência absurda da nossa vida social? Vamos ignorar o nosso fascismo cotidiano? Tem gente que considera que o fascismo é um fenômeno apenas político: a regressão a uma forma política ditatorial não democrática, imperial, de poder autocrático e discricionário, essencialmente não constitucional, com forte apelo emocional conservador e de mobilização de massas. Mas, eu aprendi que não existe fenômeno político realmente importante sem enraizamento em uma estrutura social e que, no entanto, diferentes modelos políticos podem ser adequados para uma mesma estrutura social. De fato, podemos ter fascismo político dentro da economia capitalista liberal e também fascismo disseminado na sociedade, na vida social, até mesmo dentro de modelos políticos democráticos. E é esta a condição do mundo de periferia do capitalismo, em geral, aqui na América do Sul, por exemplo, aqui no Brasil. Aqui a vida social é fascista, sempre foi e continua a ser fascista, mesmo em momentos democráticos. Os níveis de violência social aqui não são compatíveis com os limites estabelecidos num Estado democrático de direito e nem pelos direitos humanos da ONU. Por estes parâmetros, os níveis de violência contra os grupos sociais excluídos e oprimidos, a violência econômica, policial, jurídica, a violência institucional e disseminada na sociedade brasileira, por exemplo, sempre estiveram em níveis inaceitáveis. Aqui o abuso e a violência, dentro e fora dos limites legais, continuam sempre muito presentes nas práticas institucionais e sociais. Mesmo nos nossos momentos democráticos. Portanto, podemos dizer que somos, sempre, fascistas. A nossa estrutura social, as nossas instituições de poder, a nossa justiça e a nossa polícia, por exemplo, tudo isto é muito fascista. Tudo isto opera no marco do abuso e da violência institucional contra os grupos sociais mais vulneráveis e marginalizados. O terrorismo de Estado aqui é realmente a prática cotidiana. A tortura, a execução sumária, a violência sem limites legais, são correntes na nossa estrutura de poder social. É fascismo mesmo. E não é de se estranhar que seja racista, misógino, homofóbico e, sobretudo, de opressão dos pobres. A imposição violenta, terrorista, da exclusão social extrema sempre marcou a nossa sociedade, em toda a nossa história, e continua assim até hoje. Aqui, a vitória política sobre o fascismo, como esta ocorrida na última eleição presidencial, é sempre parcial, incompleta e insegura. Porque o fascismo está muito impregnado em nossa estrutura de poder social. Mesmo nos nossos melhores momentos democráticos. A forma política do fascismo sempre nos espreita, porque ele está arraigado na nossa cultura, na nossa realidade histórica e é uma demanda periódica da estrutura econômica da nossa sociedade, simplesmente para manter os níveis de desigualdade, de concentração e abuso de poder que a atravessam, como uma espinha dorsal. Aqui a violência abusiva, ilegal e terrorista, é aplicada pelo poder econômico e político como uma parte legítima da nossa cultura social, legal ou tacitamente legitimada pela sociedade. Nós somos assim, esse é o nosso jeito, é o que dizem os assassinos e abusadores fascistas de hoje e de sempre. E toda a estrutura social em que vivemos repousa nesse fascismo cotidiano. Sem isto não existiriam as favelas e as periferias miseráveis que temos. A pobreza aqui é imposta e silenciada assim, na bala e na porrada, desde sempre. E o nome disto, gostem ou não, é fascismo mesmo. Isto é o fascismo, essa forma regressiva extrema do capitalismo, quando ele nega todas as suas veleidades de respeito constitucional, de igualdade legal e de liberdade pessoal mesmo, para impor o domínio dos ricos e dos poderosos através da violência brutal, do terrorismo estatal. O fascismo realmente não é apenas um fenômeno politico. É, antes, um fenômeno social, como tudo o que tem relevância política. Nos países centrais do sistema capitalista mundial, o fascismo se apresentou como uma forma política regressiva extrema dentro do sistema capitalista mundial. Aí, em algumas nações específicas, o fascismo foi a resposta política mais extrema e absurda à necessidade de imposição do poder, em condições de crise econômico-social realmente extrema, quando a tendência de ciclo vicioso das grandes crises capitalistas não pode mais encontrar uma solução liberal e ao mesmo tempo democrática e sem guerras. O que, nos centros do capitalismo é uma possibilidade extrema e extremamente absurda de resposta política às grandes crises econômicas, aqui é a realidade razoavelmente constante e socialmente justificada. Talvez porque, para a massa da população, as condições de vida aqui sejam aquelas de uma crise econômica constante e contínua, de persistente alijamento dos frutos do desenvolvimento da riqueza social. 2. Fascismo de direita x fascismo de esquerda É claro e óbvio, por todas as evidências históricas, que o fascismo não pode ser considerado um fenômeno da esquerda, ou como eu prefiro dizer, em sentido historicamente mais significativo atualmente, um fenômeno do socialismo. Não, isto não é verdade. Historicamente o fascismo é um fenômeno extremo do capitalismo. Emerge em países centrais, mas secundários, do sistema capitalista colonialista mundial. E surge como um movimento de contraposição e combate direto e mortal ao comunismo e ao anarquismo. Mas, nem por isso se deve dizer que o socialismo seja incompatível com o fascismo. Isto seria demais. A história mostra que os países que tentaram o socialismo terminaram em Estados fortes e, eventualmente, abertamente fascistas. O que podemos, talvez, dizer com segurança é que o fascismo é menos provável no socialismo. É certo que o socialismo não garante o fim do fascismo, mas é mais seguro do que o capitalismo neste sentido. A pressão social para a opressão extrema, violenta, abusiva, que marca a forma política fascista, vem da exploração social extrema e da exclusão e do abuso de poder que a concentração ilimitada de riquezas traz. Isto é mantido por violência. Simples assim. E, quando as crises capitalistas se aprofundam. o fascismo retorna à pauta política no sistema, mais ou menos explicitamente. E pode realmente voltar a prevalecer até mesmo em algumas sociedades centrais do sistema capitalista mundial. Mas, o fascismo é um beco sem saída e, no limite, não interessa ao próprio sistema capitalista. Ao menos nos países centrais do sistema. Somente nas periferias é que ele é uma presença constante. Mesmo que não explícito na política, o fascismo é predominante em muito da nossa sociedade, o tempo todo. O socialismo, enquanto forma política, tem se caracterizado sobretudo pela doutrina do partido único, na via do socialismo revolucionário, ou, pela democracia formal e participativa, na via social-democrática. Mas, o socialismo, mais ainda que o fascismo, não pode ser entendido apenas ou essencialmente, como uma forma política. Assim como o capitalismo não é. É um modo de produção ou uma forma de sistema social. O socialismo é a forma de transição final do capitalismo. A forma de transição final e superação do modo de produção capitalista. E, como o capitalismo, o socialismo também pode conviver com diversas formas de poder político. O capitalismo não foi e não é avesso a ditaduras militares, teocracias, democracias formais, democracias participativas ou qualquer outra forma que você queira. O socialismo, por ser forma de transição final do capitalismo, não pode, por questão de simples realidade, tentar impor uma forma política única para todo o sistema econômico mundial. As mudanças no sistema estão e estarão em processo e as formas políticas de desenvolvimento do socialismo podem ser, são e serão, diversas também. O socialismo não pode pretender, e não vai pretender, isolar do sistema mundial as ditaduras religiosas, por exemplo, por mais fascistas que elas pareçam ser e realmente sejam. Do mesmo modo que o socialismo não pode e não deve pretender excluir o Brasil por ser um país fascista em várias dimensões da vida social e práticas institucionais. O socialismo, no entanto, como ideologia, não pode propor ou dar sustentação, jamais, a uma ditadura de uma casta, ou, de um grupo social, que, com o domínio concentrado da economia e da política, impõe, contra a vontade popular, a sua manutenção e perpetuação no poder. Para quem não conhece como é o sistema de tomada de decisão e controle social, nos países socialistas, e como é nos países capitalistas, parece, no entanto que a prática é justo o contrário. No raciocínio ingênuo e ideologicamente formatado pela visão liberal, a ideia singela de liberdade, no mercado capitalista, e de representatividade, na democracia política pluripartidária, é contraposta à dura realidade de locais que, em condições econômicas e sociais muito piores do que nos centros do capitalismo, desenvolveram ditaduras socialistas e deram em algumas formas de Estado fascista. Nós aqui, que temos fascismo cotidiano, sabemos como tem sido difícil para todos os países periféricos, pós coloniais, pobres ou em desenvolvimento. O suficiente para não podermos ser críticos demais às ditaduras fascistas socialistas, porque aqui sempre estamos numa porra de uma ditadura fascista capitalista. Mesmo nos nossos melhores momentos democráticos. Bom, agora, é claro que isto não é suficiente. Em que eu baseio minha avaliação que o socialismo nos protege do fascismo? O socialismo nos garante uma educação de base de qualidade mais universalizada do que o capitalismo. E eu posso apostar que isto é algum antídoto contra o fascismo, no longo prazo. Mas talvez não seja suficiente. Além disto, as guerras inter-imperialistas certamente não foram, até agora, guerras socialistas. Talvez estas guerras tenham realmente muito menos sentido ou realmente não tenham sentido algum num mundo socialista. O socialismo é intrinsecamente, por sua ideologia mesmo, internacionalista, ou, globalista e o fascismo dificilmente poderia existir sem o belicismo inter-imperialista e colonialista. Sobretudo, o fascismo se assenta em uma estrutura de classes capitalista, é um fenômeno característico dos momentos, ou condições, de crise extrema do sistema capitalista, definido pela abolição da democracia, com regressão ao poder autocrático, militar e belicista característico do período imperial da Europa, com a abolição também de direitos civis e sociais e a regressão à violência e ao terrorismo de Estado. O fascismo político Europeu foi, e é, forma extrema de solução politica da crise econômica capitalista quando atingiu os níveis mais extremados. É forma de imposição, com violência mais extrema e explícita, da estrutura social capitalista liberal nos extremos da crise econômica. Ou seja, é forma política de manutenção ou aumento da concentração das riquezas sociais em níveis econômicos extremos, em que ocorrem grandes dificuldades de realização do capital, dos investimentos, crises financeiras e de setores produtivos, desemprego e pobreza. Disto se alimentam a xenofobia, o nacionalismo, o belicismo e o totalitarismo. E o fascismo nasce, ou renasce. E. não podemos esquecer que, aquilo que é uma resposta política e social da crise extrema nos países centrais, é, aqui, a condição cotidiana de exploração e opressão sociais. Por lado, por sua ideologia e forma próprias, ou, no que é propriamente pertinente à sua estrutura social econômica, o socialismo não é fascista. Mas, então, porque vários, senão todos, os Estados revolucionários socialistas ou comunistas puderam ser considerados fascistas? Em primeiro lugar, mesmo os Estados revolucionários socialistas ou comunistas, que puderam ser caracterizados como fascistas, têm que ser computados dentro do sistema capitalista mundial. Porque as condições econômicas e geopolíticas em que eles se inseriam ou se inserem atualmente são, ainda, aquelas do sistema capitalista mundial contemporâneo. Em segundo lugar, existe um aspecto ideológico equivocado aí, ao se considerar que todo Estado que não seja uma democracia política é, necessariamente, fascista ou, de qualquer modo, totalitarista. Como eu tenho insistido, o fascismo não é apenas político, não é apenas uma negação ou substituição do estado democrático. Em comparação aos países centrais do imperialismo e, em alguns aspectos, podemos realmente considerar os países comunistas como fascistas. Mas, em comparação com o restante do mundo capitalista, então, temos que dizer, na verdade, que todos os países que não estão no centro de poder e riqueza imperialista são fascistas, constantemente ou na maior parte do tempo. Predomina o chamado “Estado de exceção”, exercendo violência ilimitada e discricionária e a supressão de liberdades e direitos fundamentais. A violência, originária e quase impossível de se disfarçar e controlar, da sociedade capitalista emerge em sua estupidez extrema no fascismo, como a resposta final aos desafios da realidade às pretensões liberais capitalistas. Aquilo que no socialismo se corrige com o controle público da direção estratégica e financeira da economia, no capitalismo liberal deve ser resolvido apenas pelo aprofundamento da crise aos extremos de empobrecimento e degradação social. Não há, de fato, limite econômico para nada disto na lógica do capitalismo liberal. No sistema capitalista mundial contemporâneo, a solução autoritária extrema está sempre presente nestes momentos de crise econômica. Esta é a razão pela qual vemos forças claramente xenofóbicas, nacionalistas e violentas emergirem no mundo atual no extremo liberal do espectro de política econômica. Esta extrema direita fascista é a resposta mais extrema e violenta que o liberalismo pode dar às grandes crises do sistema capitalista mundial. 3. A superação socialista do fascismo no mundo e no Brasil Nos países secundários do imperialismo capitalista, em que ele ocorreu, o fascismo tomou a forma diretamente regressiva de ditadura política e autoritarismo estatal, em relação à democracia, ou à social-democracia, que se desenvolviam em alguns centros de poder e riqueza do sistema capitalista mundial à época. Mas, também é certo que ele surgiu como uma resposta social extrema à crise econômica e ao aparente beco sem saída em que estes países se encontravam, dentro do conflito inter-imperialista de então. Não é mesmo possível separar a história deste fascismo das grandes guerras inter-imperialistas do século passado. Não, ao contrário, desde sua origem até o seu destino, o fascismo político europeu esteve completamente ligado a estas guerras. Aqui entre nós, nas periferias do sistema, àquela época e ainda hoje, a coisa é diferente. Aqui a crise econômica é, de certo modo, permanente. A pobreza, a miséria, a falta de recursos são constantes. E com isto, de algum modo, necessariamente, o fascismo também é constante, sempre presente no nosso cotidiano. Aqui a violência física social institucionalizada, ou, nas franjas da institucionalidade, é cotidiana nas áreas de conflitos sociais extremos que atravessam as nossas sociedades. As favelas, as aldeias, as vilas, as periferias de extrema pobreza, as ocupações irregulares, as condições de trabalho desumanas, as condições de moradia muito precárias, a falta de esgoto, de água, a falta dos recursos básicos, a falta de uma educação pública de qualidade, isso tudo é mantido, é contido, é organizado, aqui no Brasil, certamente, com altas doses de terrorismo social e de estado, com altas doses de violência legal ou ilegal da polícia e da justiça, por exemplo. Isto é constante entre nós. E mostra o fascismo nosso de todos os dias, desde sempre e até hoje. De tal modo que é até certo dizer, como disse um rapper, que aqui nós vivemos uma guerra civil constante, apenas não declarada. Para mim, portanto, também não é razoável conceber uma superação apenas política do fascismo. Não seria possível, na verdade, superar o fascismo, na Europa do século passado, sem a combinação do efeito econômico das grandes guerras e o desenvolvimento da social-democracia. As guerras extremas permitiram a queima de capital e pavimentaram a reestruturação das economias pós-crise e o desenvolvimento da social-democracia sustentou as condições sociais necessárias para o grande ciclo de desenvolvimento que ocorreu desde o pós-guerra. Somente assim o fascismo pôde ser derrotado lá. As conquistas da social-democracia, relativas à renda, às condições do trabalho e às condições básicas de vida, por exemplo, assim como em relação ao controle da violência Estatal, que, em escalas diferentes e com suas flutuações, se disseminaram em todo o centro de poder e riqueza do sistema capitalista mundial, tudo isto, aqui, no entanto, é protraído, é sempre faltante, incipiente ou corrupto e sempre insuficiente. Por isso mesmo o fascismo aqui nunca foi vencido realmente e sempre está presente, de diversos modos, em diversas dimensões da nossa vida social, das nossas relações sociais, das nossas instituições, da nossa cultura. Aqui, parece, muitas vezes, que nós estamos presos em uma danação histórica e somos sempre iguais, desde os tempos da colonização até agora. A violência, o roubo e o abuso, contra certos grupos sociais, étnicos e de gênero, a imposição do domínio pela força, o papel central da religião e das armas, na política e em toda a vida social, tudo isto, que é tão caro aos fascistas, em geral, aqui, é parte do nosso dia a dia, desde sempre. Apenas para registro do que estou dizendo, hoje é o dia 13/11/2023 uma segunda feira, e no fim de semana foram assassinados 05 pessoas nestas condições de conflito tão velhas aqui no nosso país: dois do movimento MST, em uma ocupação de terra, 01 indígena, em outra situação de conflito de terra, e mais dois outros militantes. E isto não é nenhuma novidade. E estes são apenas os mortos diretamente ligados a algum movimento social e notificados. A guerra civil não declarada realmente explode em diversas periferias do país, para todo lado, constantemente. Mas, de fato, a história não para e nós estamos inseridos no sistema econômico e social mundial que tem sido chacoalhado por movimentos realmente tectônicos nas últimas décadas. E é daí que tiro a previsão de que, no mundo em geral, estamos, novamente, vencendo o fascismo e o Brasil vem junto. Ainda que, justo agora, estejamos no meio de grandes batalhas contra fortes tendências regressivas, contrárias à integração mundial, belicistas e fascistas dentro do sistema, eu vejo, com certeza, que a tendência, o caminho histórico, o direcionamento real e profundo do sistema social mundial é socializante e de superação do fascismo. O fascismo é uma resposta de imposição do poder na sociedade capitalista, característica de condições de violência econômica e social extremas, como pode ocorrer, até mesmo em centros de riqueza e poder do sistema, no curso das grandes crises econômicas capitalistas. Parece-me realmente de se esperar que, no curso dessas grandes crises, o fascismo surja e ressurja, em novas roupagens, numa tentativa de imposição do poder e preservação dos ganhos capitalistas, para além de qualquer contestação política ou social, de forma totalitária e populista. Por contraditório que isto pareça, o fascismo é uma extensão extrema, ao absurdo, se você quiser, do liberalismo, da ética liberal. E é realmente o que aconteceu agora, novamente, quando atingimos um ponto avançado da crise econômica e social do sistema econômico mundial que vem se desdobrando desde a primeira da década deste século. É preciso entender que esta crise tem sido controlada e debelada por vários mecanismos e recursos anticíclicos e de proteção social, numa escala muitas vezes maior do que em qualquer outra crise anterior, mas, mesmo assim, ela se arrasta e se manifesta, de um modo ou de outro, em vários pontos do sistema, desde então. Eu considero que não será possível a resolução desta crise sem um novo desenvolvimento da social-democracia, ou do socialismo, no sistema capitalista mundial. Como ocorreu no século passado, sobretudo na segunda, desde o pós-guerra. E agora vamos ainda mais adiante, necessariamente, para podermos sair realmente da grande crise e dos verdadeiros becos sem saída econômica e social em que estamos metidos no mundo agora. O que, obviamente, não significa retroceder à social-democracia ou ao socialismo do pós-guerra do século passado. Mas, certamente, um novo grande avanço histórico no sentido socializante. Espero que cheguemos a isto sem a necessidade de passar por grandes guerras, como infelizmente ocorreu no século passado. E creio que chegaremos a isto sim, especialmente por causa do papel inovador da China socialista dentro do sistema mundial atual. Desta vez a principal potência emergente não é um país capitalista com novas pretensões imperialistas, como foram a Alemanha e os EUA. Este último, apesar dos disfarces. A China, por outro lado, é uma nação socialista, que se propõe à maior integração mundial, à construção de governanças mundiais reais, a acordos e investimentos econômicos de ganha-ganha, ao desenvolvimento com qualidade e à prosperidade para todos. E, seja como for, é inevitável o novo avanço da social-democracia, ou do socialismo, como queiram. A grande crise econômica mundial atual não terá resposta efetiva, a não ser de destrutividade realmente extrema, sem este novo avanço socializante dentro do sistema capitalista mundial. E ele já está em curso. Já se pode notar, por exemplo, e simbolicamente, que as ameaças fascistas no plano politico estão, no momento, em baixa, depois de terem ganhado grande projeção mundial nas últimas décadas. Creio que ninguém deve discordar que várias eleições recentes, aqui nas Américas e mundo afora, têm confirmado uma retomada das forças políticas mais à esquerda, com derrotas, ou contenção, pelo menos, das forças de extrema direita. Com certeza, foi emblemática a eleição recente à presidência do Brasil, com a vitória do Lula, a derrota do Bolsonaro e o fracasso das ridículas tentativas de golpe do seu grupo de poder; e, antes disto, a derrota do Trump e a, também ridícula, tentativa de golpe nos EUA; e agora, mais recentemente, os diversos golpes ou revoluções anticoloniais do centro/norte da África. Todos estes são, eu creio, momentos exemplares deste processo. Tudo isto está no contexto da resolução da crise econômica atual, no qual, é claro, a China cumpre hoje um papel mais fundamental do que qualquer outra nação cumpriu antes. Isto porque a China é o maior parceiro comercial e o maior investidor externo da grande maioria dos países e, ela própria, avançou muito e se direciona a avançar ainda mais no sentido socializante de prosperidade para todos os 1,4 bilhão de pessoas que lá vivem. A minha aposta então é que estamos, mais uma vez, vencendo o fascismo no cenário mundial e isto resultará em ganhos também aqui no Brasil, na medida que avançamos no sentido socializante, tanto no mundo em geral, quanto aqui no Brasil. Não tanto por nossas virtudes, nem por nossos defeitos, que seja, de modo predominante, mas sim pelo movimento histórico do sistema mundial. O movimento mundial é socializante. Estamos no começo do fim de onda de predomínio liberal e no início da ascensão de uma nova onda socializante. Neste momento não é de se estranhar que surjam, como uma verdadeira necessidade estrutural, as forças do fascismo e da guerra. O atual momento de predomínio liberal veio desde o começo da década de 80 do século passado e agora está chegando ao seu fim, sendo superado por um novo momento de predomínio socializante, social-democrata e socialista. Este movimento, em que a China cumpre hoje um papel absolutamente central, está sendo promovido pela grande crise econômica do capitalismo mundial em que nos encontramos desde o fim da primeira década deste século. A crise do sistema capitalista mundial e a ascensão da China, como um novo centro da economia global, têm mostrado ao mundo, novamente, os limites da estrutura e da resposta social às crises econômicas sob o capitalismo liberal e estão reforçando a escolha histórica pela resposta socializante, social-democrata ou socialista, às crises capitalistas. A redistribuição de renda, a maior proteção aos trabalhadores e a promoção social em geral, a integração mundial da economia e a proteção do meio ambiente, por exemplo, ganham, novamente, mais força ideológica e objetiva. E terminarão por se impor em um nível mais alto do que o atual, no próximo ciclo histórico socializante, que está se iniciando. Apenas grandes guerras mundiais podem atrasar este processo, que já está em movimento, mas, acredito que nem elas poderão impedir o seu desenvolvimento. É neste grande processo histórico que aposto as minhas fichas que nós, aqui no Brasil, também estamos entrando num grande ciclo histórico de melhora da qualidade de vida das massas populares, de desenvolvimento social, de desenvolvimento do nível educacional e tecnológico, de desenvolvimento da economia e de redução da violência e do abuso na nossa vida social cotidiana. Acredito que estamos entrando neste ciclo de avanço e superação de práticas e instituições fascistas dentro da nossa sociedade, porque estamos dentro deste processo mundial, deste novo ciclo de avanço mundial socializante, que está se iniciando agora, nos últimos anos, enfim. Grande parte da nossa condenação a um fascismo cotidiano “eterno” está certamente, na nossa condição, posição, ou inserção, como queiram, no sistema capitalista mundial, no sistema imperialista mundial, colonial e pós-colonial. É aí que somos condenados ao atraso e à pobreza. Nós e todas as outras nações do mesmo rank, ou ainda abaixo do nosso nível, no jogo econômico e de geopolítica mundial. Nós e os países mais pobres e atrasados ainda. Todos, até agora, com massas da população condenada a condições de vida e dignidade e expostos a níveis de violência e abuso que são inaceitáveis no mundo dos países centrais, ricos. A saída progressiva do mundo do sistema imperialista, pela nova onda socializante mundial, que está se iniciando, será também a nossa saída deste passado fascista, “eternamente presente”, de violência e abuso na estrutura da nossa vida social.

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

A tortura separa a barbarie da civilização (09/2020)

Se tem algo que separa as pessoas e os grupos, turmas, facções ou sociedades, entre quem tem e quem não tem dignidade humana, é a tortura. Quem pratica, defende ou simplesmente aceita a prática da tortura jamais, JAMAIS, terá qualquer dignidade. Sejam as amigas que torturam uma outra por ciúme, as facções q mantém seu poder com base na tortura, as polícias que se impõem contra os mais pobres pela tortura, as forças armadas que praticam tortura contra seus inimigos supostos ou reais, a turba que tortura um suspeito de qq crime. Isso tudo é indigno e rebaixa a humanidade. Acorda, favela. Qualquer prática de tortura é abominável. E rebaixa a todos abaixo do nível mínimo de decência. Nada de bom pode florescer sobre a base da tortura.

Os psicopatas estão no poder! (11/2020)

Olha, gente, eu estou dizendo, os patifes, os canalhas,os assassinos e psicopatas em geral estão no poder. São criminosos e hipócritas profissionais. Abre seu olho, cidadania. Se eles estão se batendo é hora de bater também. Em todos os lados os pilantras estão se bicando. Na disputa pelo poder. Já emplacaram esta reforma da previdência antipopular, que tira mais recursos dos extratos sociais mais pobres e que uniu os poderosos de todos os lados... Agora é cada um por si. Os psicopatas, os ladrões, os oportunistas e opressores, os inimigos da dignidade humana no BR, estão em batalha entre si. Estão expondo mutuamente seus pobres, suas mentiras, seus crimes. É hora de organizar mais e atuar mais na resistência. É hora de seguir o rumo certo e não compactuar com os bandidos opressores de nenhuma destas facções. Eles são vermes. Mas estão no poder. Sempre estiveram. Agora as coisas se estilhaçam mais, se confrontam mais. E é sempre um risco a mais, mas também uma possibilidade, uma oportunidade, quando os bandidos opressores brigam entre si.

A farsa dos riscos à saúde pública das drogas proibidas (11/2020)

Ainda está longe de ser uma real descriminalização e respeito à liberdade individual, mas já é um grande passo no caminho certo. A fracassada e assassina guerra as drogas se apoia em uma grande farsa médico-cientifica sustentada por décadas. Os riscos e danos das drogas proibidas à saúde publica são muito menores do que os alardeados e muito menores que aqueles impostos pelas drogas lícitas, por muitos remédios e tambem por substâncias de consumo corrente e não consideradas drogas, como os refrigerantes p.ex. Sim, numa conta honesta o consumo de refri é, hoje, muito mais danoso pra saúde pública do q o de crack. Mas como os seus efeitos são mais sutis e de longo prazo não são claramente percebidos. Com certeza, sem qq dúvida, os danos à saúde pública causados pelo consumo de bebida alcoólica aqui no BR são muito maiores q aqueles provocados pelo consumo de todas as drogas proibidas juntas. Mas a farsa médico-cientifica e midiática não te permite saber disto.

Drogas e cultura psicodélica (2012)

Crise econômica e crescimento do extremismo (12/2019)

A razão do crescimento deste extremismo é a mesma do século passado. A crise econômica mundial. E a impossibilidade de uma resposta razoável, socialmente digna, a estas crises, dentro do capitalismo, até que elas tomem proporções realmente catastróficas, como aconteceu no século passado. Só após as duas grandes guerras interimperialistas é que o mundo rico entrou de fato no caminho de redistribuição de renda, proteção social sistemática e desenvolvimento sustentado. Daí, como era de se esperar, dentro do capitalismo, a solução virou problema e veio a onda liberal dos anos 80 pra cá. Inicialmente esta onda era progressista, foi ela que forçou a abertura dos mercados e a globalização econômico financeira. Mas, TB como era de se esperar, o liberalismo não representa jamais uma solução real para os problemas da economia e da sociedade atualmente. E por isso logo evolui para as suas formas regressivas: o conservadorismo, a xenofobia, o fascismo. E é isso q estamos vivendo. Talvez a gente não evolua para grandes guerras agora, pq talvez a crise das quarentenas já represente o estímulo suficiente para as grandes mudanças necessárias (retomando o caminho de redistribuição de renda e investimento social e ecológico) e pq a China, a grande potência emergente na atualidade, é muito diferente das potências emergentes na primeira metade do século passado.

EM DEFESA DO ABORTO LIVRE (01/2021)

A Argentina aprovou o aborto livre até as 14 semanas de gestação. Sou a favor. Sou a favor da liberdade de abortar. Ninguém comemora o aborto, ou um aborto. E quem passou por isso, em geral, sabe do que eu estou falando. Abortar não é uma decisão fácil. Mas deve, sim, ser um direito, livre, para quem assim decidir. Não é possível expor razões verdadeiramente científicas para explicar ou justificar esta escolha. Para quem concebe que a vida humana começa na fecundação e atribui um valor absoluto à vida humana, para estes, tanto faz qdo o cérebro ou sequer os rudimentos do sistema nervoso se formam. Todo aborto é, para eles, de qualquer modo, a eliminação de uma vida humana. Alguns vão ser contra o aborto como são contra a pena de morte. Para estes não é aceitável que seres humanos tirem a vida de outros seres humanos sob nenhuma hipótese. Eu fico imaginando que mesmo estes admitem a morte de outra pessoa por legítima defesa. Mas essa não seria, para eles, a situação nos casos de aborto, nem de pena de morte Tem quem é contra o aborto e a favor da pena de morte. A diferença sendo a inocência do embrião e a culpa do condenado. Eu sou a favor de ambos, do direito de abortar livremente e da pena de morte. Por razões morais ou existenciais. Não por razões científicas. Pois, realmente não acredito que haja qualquer razão científica capaz de dirimir esta questão. Sou a favor do aborto por dois motivos éticos (morais, existenciais):. 1. porque não reconheço nada absoluto, nem mesmo a vida humana. Certamente sou a favor da morte por legitima defesa. E também da pena de morte. E portanto, eu considero que uma decisão social, que não pode ser considerada como uma legitima defesa, é, realmente, e pode ser, moralmente, superior à vida de qualquer indivíduo e determinar a sua morte. 2. Porque considero que, se não é nenhum absoluto, a vida em formação na fase embrionária, no útero da mãe, certamente é um projeto de vida que esta mesma mãe deve poder confirmar ou não. É um projeto de vida dela e do seu parceiro e deve ser dada a ela, aos dois, a liberdade de confirmar ou negar. E quando o fazem certamente há um conteúdo de legitima defesa aí. O nascimento de uma criança pode ser devastador para a vida de uma adolescente, de uma jovem, de uma mulher, e de um homem também, em qualquer momento da sua vida. E só a ela, ou aos dois cabe o direito e a responsabilidade de tomar a decisão de por ou não uma nova criança no mundo. Muitas pessoas vão comparar o direito ao aborto com a tolerância com a morte de crianças que existe em certas culturas. Só há sentido nisso se se considera aquele absoluto da vida humana desde a fecundação. Mas, de fato, na vida real, praticamente nenhuma dessas pessoas atribui nada parecido com um valor absoluto à vida dos outros. Desprezam, incentivam e praticam a violência e até extremos como tortura e assassinato de inimigos. Mas isso nem vem ao caso. Não é de fato possível fazer essa aproximação de culturas tão diferentes e ninguém na nossa cultura, especialmente não as pessoas que defendem a liberdade de abortar, estão defendendo o direito de matar crianças por qualquer justificativa. Nem crianças, nem deficientes, nem idosos. Mas é razoável que pessoas que defendem o direito do aborto tb defendam o direito à eutanásia e a liberdade das pessoas escolherem o momento da sua morte. Bom, esta é, certamente, a minha posição. Quero dizer aos anti abortistas que não se preocupem. Que cuidem das suas vidas. Que não abortem e apóiem e orientem os seus para não abortar. Mas não se metam com quem tomou a decisão de abortar. Ela não é fácil. Em geral. É decisão extrema. Não se metam com isso. Cuidem das suas vidas. Abre seu olho e fecha sua boca, é o q diz o ditado. E, objetivamente, a história comprova que a liberdade de abortar não vem acompanhada do aumento do número de abortos. Mas, sim da diminuição das complicações, mortes e de toda a sorte de traumas para quem aborta. É em defesa da vida, portanto, que se defende a liberdade do aborto.

A opção liberal e a ascensão do fascismo no BR. (01/2021)

Prestatençao! O modelo é esse: Baixar os custos com o trabalhador Baixar os gastos com os serviços públicos E eles acreditam, alguns até de boa fé, que com isto vai haver aumemto do investimento privado que, ao fim do ciclo, vai resultar em maior demanda pelo trabalho, aumento da renda e melhora dos serviços para o trabalhador. Pode até ter verdade nisso. Mas e enquanto o ciclo não se completa? E isso pode durar muitos anos, décadas. Até lá os trabalhadores e pobres vão amargando sucessivas perdas. Ou seja, a pobreza aumenta, a miséria retorna. O tal auxílio emergencial foi algo totalmente excepcional mesmo. Não parece que, apesar de todo o falatório no governo e no Congresso, que nada mais vai ser feito. Ou seja, voltamos ao bolsa família. E só. Ou bem pior, né? Voltamos ao bolsa família, com dólar alto, com inflação dos alimentos explodindo, com o desemprego na estratosfera. E com cortes e mais cortes sobre os recursos para os mais pobres. Esse é o modelo deles. O modelo liberal. Baixar,, de qualquer jeito, o custo da força de trabalho e os gastos com os serviços públicos. Com isso vai haver mais investimento privado e, enfim, todos ganham no final. Pode dar certo. Mas e até lá? Até lá vem mais pobreza e a miséria volta. O auxílio emergencial tá indo embora. Não parece que nada vai ser feito para compensar toda a pressão de perdas contra quem tem menos e pode menos na nossa sociedade. Não é razoável supor que isto seja aceitável ou que, mesmo inaceitável, seja absorvido sem reação popular. A manipulação e o controle ideológico (igrejas e mídias, por exemplo) aqui cumprem um papel fundamental, mas não creio que seja o suficiente para barrar a revolta popular que o aumento da pobreza e da miséria devem acarretar. Sempre este controle ideológico é apoiado e se sustenta mesmo é na força, na violência. Está claro que este movimento de preparação da sociedade para um aumento do poder opressivo e da violência do estado está em curso. Nada a estranhar a opção capitalista, liberal na economia, nunca descartou a ditadura.

Historia assassina do cristianismo (04/2021)

HOJE É UM DIA MUITO IMPORTANTE PARA A GRANDE NAÇÃO CRISTÃ EM TODO O MUNDO. UM DIA DE EXALTAÇÃO E REFLEXÃO. Vamos refletir então: JAMAIS HOUVE, EM TODA A HISTÓRIA DA HUMANIDADE, QUEM ASSASSINOU, TORTUROU, ESCRAVIZOU E ESTUPROU MAIS DO QUE OS CRISTÃOS. E vamos exaltar então, TODAS AQUELAS NAÇÕES E GRUPOS DE PESSOAS QUE FORAM DIZIMADAS E OU ESCRAVIZADAS E OPRIMIDAS PELOS CRISTÃOS, OU QUE AINDA CONTINUAM SOB A VIOLÊNCIA OPRESSIVA CRISTÃ. BASTA!

BOLSONARO E Guedes SÃO OS (I)RESPONSÁVEIS (04/2021).

Vc que insiste em achar um modo de tirar a responsabilidade dos responsáveis, não precisa, esses aí são irresponsáveis por natureza. Eles têm o poder executivo federal nas mãos. São eles que devem dar a direção e coordenar as ações públicas nacionalmente. Isso é assim na saúde e na economia. São os ministérios e é a presidência da República que têm essas atribuições. E as opções e as ações que eles tomaram e deixaram de tomar são as principais responsáveis pelo estado em que chegamos agora. O maior fracasso e descontrole da pandemia e o maior fracasso e descontrole da economia. Não dá pra falar que o ex-ministro da saude, aquele milico estúpido,vseja responsável por qualquer coisa além da sua pusilanimidade. Ele só seguiu as ordens do chefe. Mas na economia não. Lá é o Paulo Guedes e é a ideologia liberal que dão as cartas. Então, os (i)responsáveis por tudo o que está aí são mesmo o Bolsonaro e o Guedes. Observe. Na verdade, desde a derrubada do governo Dilma e desde antes um pouco até, a guinada liberal dominou o país. E desde então o país e a sua população só empobreceram, só perderam poder e renda. A renda do trabalhador só caiu. A pobreza só aumentou. A economia do país só encolheu, na comparação com outros países. Tínhamos chegado a ser a sétima ou sexta economia do mundo e agora estamos a caminho de virar a 13a Vc pode dar um milhão de explicações e desculpas. Mas não pode fugir da realidade. E ela é essa aí. Opções e alternativas sempre existem. Hoje, praticamente todos os países do mundo estão melhores no controle da epidemia e no crescimento da economia do que o BR de Bolsonaro e Guedes.

Cloroquina na Covid: Crime Contra a Humanidade (05/2021)

Alguns Bolsonaristas estão divulgando matéria do infectologista Uip, para defender os seus bandidos de estimação na acusação de crime contra humanidade e corrupção no caso da CLOROQUINA. Mas, algumas coisas chamam a atenção aí. A primeira, é óbvio: isso foi em abril de 2020. Mas o presidente miliciano, ladrão e genocida, junto com sua quadrilha, continuam indicando e incentivando o uso da droga inútil contra a Covid, até hoje. Esse é o crime continuado. 2. A sugestão do Uip e do CFM, naquela época, já era completamente irresponsável, pois se baseava em 0 de evidência. Ou seja, era um chute. A gente, na medicina, tá autorizado a fazer chutes assim, ou tentativas desesperadas, sem base em evidência alguma, nas situações em que não há mais saída, quando a morte, ou outro dano grave à saúde do paciente, é eminente ou certa e não existem mais recursos para o tratamento. É a prescrição compassiva. Mas isso certamente se aplicaria apenas aos casos mais graves, com maior risco de morte. Não para todos os internados, como o Uip e o CFM teriam, irresponsavelmente, indicado. Mas, de qq modo eles indicaram apenas para internados. A expansão para o uso precoce, ou seja, para o uso em massa na população, essa sim é a mais criminosa, ou a efetivamente criminosa. Quem deu este comando para se divulgar e incentivar o uso precoce? Quem deu a ordem para as FFAA fazerem grandes compras da CLOROQUINA a preço de ouro? Quem executou essa ordem? Quem lucrou com essa roubalheira? Essas são as primeiras pessoas responsáveis pelo crime da CLOROQUINA. 3. Bolsonaristas afirmam que só recentemente há certeza de a CLOROQUINA não presta pra Covid. Mas a verdade é que nunca houve evidência científica de eficácia ou efetividade da cloroquina, nem dos demais medicamentos do funesto kit Covid, contra a doença. Portanto, afirmar que só agora é que ficou evidente que a CLOROQUINA não presta pra Covid, é má fé e parte do enredo criminoso. Nunca houve QQ evidência que prestava, logo só deveria ser prescrita para uso compassivo ou em caráter experimental, em algum estudo para testar se tinha ou não eficácia. Mas não é isso que os bandidos no governo fizeram e continuam fazendo. Eles querem apenas uma farsa para poder incentivar as pessoas a continuarem se expondo ao vírus. Simplesmente pq essa é a opção política dessa gang. Sem nenhuma base científica e sem nenhum respeito pela vida. Mas, como esperar respeito pela vida vindo de assassinos?

ESSE É O GOLPE! (03/21)

Para quem tem dificuldade de entender segue o desenho, mostrando a evolução da desigualdade econômica no BR. As faixas mais baixas de renda que vinham tendo ganhos sucessivos nos anos anteriores, começaram a ter perdas seguidas a partir de 2015. E, inversamente, as faixas mais altas,, passaram a ter ganhos seguidos a partir de então. O resultado disto é obviamente areversao da queda na desigualdade social e o seu aum mto progressivo desde 2015. ESSE SEMPRE FOI O OBJETIVO ECONÔMICO DO GOLPE. ESSE É O GOLPE!!!! CHAMAM ISSO DE LIBERALISMO!!!!

A farsa como método do governo na COVID-19 (03/2021)

A aberração humana que está na presidência do Brasil. O bandido, o pilantra, o ladrãozinho vagabundo, o rei da rachadinha, imperador dos funcionários fantasma, o quadrilheiro miliciano, esse irresponsável está chegando ao nível de desespero porque está vendo a sua base de sustentação no poder se evaporar. E ele sabe que se sair do poder vai acabar na cadeia. Ele e toda a família de ladrões que ele criou. Está desesperado e cada dia falando mais estupidez, cada vez mais ameaçando o país com o emprego das forças armadas contra governadores e prefeitos. Como se o verme tivesse apoio das FFAA pra este tipo de golpe. Está desesperado e cada dia falando mais asneira, como se fosse um moleque mimado soltando sua imaginação numa rede social. Mas é o presidente do BR que ontem insinuou que a pandemia é ação de guerra biológica desencadeada pela China. Estúpido. A China conseguiu controlar a epidemia lá, muito antes das vacinas e sem bloquear a economia e a vida social, e se aqui não conseguimos isso não é por culpa deles, mas nossa, da nossa incompetência e politicagem no enfrentamento da epidemia. Se estamos nessa enrascada, com o pior desempenho no controle da epidemia e na economia, não é por culpa da China. É por causa da incompetência e sacanagem dos nossos gestores. Especialmente do governo federal, certamente o principal responsável por dar o direcionamento e coordenar as ações no combate da pandemia. Os imbecis e psicopatas no poder federal, ao invés de assumirem suas responsabilidades no cargo, preferiram apostar, como é seu padrão, na farsa, na enganação, na invenção de uma solução mágica (a cloroquina e o kit de tratamento precoce) e na atribuição da sua incompetência e da sua culpa a terceiros. https://www.instagram.com/p/COiFczjM11z/?igshid=12g1bhj7uova7

O QUE O SUCESSO DA FAVELA DA MARÉ NO CONTROLE DA EPIDEMIA NOS ENSINA? (06/2021)

O núcleo das ações na Favela da Maré, de grande sucesso no controle da Covid19, é a testagem e o isolamento dos positivos, por duas semanas. Com suporte social suficiente pra garantir que o isolamento possa ser cumprido. Não há aqui nada parecido com a quarentena horizontal e o isolamento social generalizado até o advento da vacina. E por isso conseguiram controlar a epidemia sem paralisar a economia e a vida social na favela. Não estou dizendo que precisávamos ou que podíamos tomar, em todo o país, as mesmas medidas tomadas na Maré. Mas também não precisávamos fazer tudo tão errado. Nem persistir no erro por tanto tempo. A vigilância epidemiológica sobre a doença foi completamente negligenciada, por praticamente todos os lados, no debate técnico e político sobre o controle da epidemia aqui no Brasil, até agora. E não parece que vai entrar no radar de nenhum dos lados, de fato. Não confundam o que estou escrevendo como uma desculpa para a irresponsabilidade e a corrupção assassina do governo Bolsonaro. Eles é que eram os principais responsáveis por dar uma resposta nacional à pandemia. e optaram pela farsa do tratamento precoce. É verdade que o custo social e econômico de paralisações da vida social, do comércio e de parte da produção, generalizadas e por largos períodos, em todo um país como o nosso, é alto demais e dificilmente a gravidade de uma epidemia seria realmente maior do que a gravidade dessa quebra da vida social e econômica, inclusive para a saúde e sobrevivência das pessoas. E é verdade também que essas medidas eram e foram insuficientes para controlar a epidemia nas cidades e estados onde elas foram e estão sendo impostas. Eu preciso lembrar que o núcleo, o centro das ações de controle, foi negligenciado também por quem impôs essas medidas restritivas. Não fizeram o que era a sua responsabilidade fundamental. Mas quem tem a responsabilidade de definir a política nacional de saúde em um momento de crise como este é o ministério da saúde. É o governo federal. E eles foram omissos, irresponsáveis, corruptos e incompetentes até o nível criminal e têm dolo sobre as mortes sim.

JUROS, DOLAR, INFLAÇÃO E POBREZA SUBINDO ECONOMIA PATINANDO POR QUÊ? (08/2021)

Porque os liberais no governo fascista tiveram que rasgar os seus manuais na pandemia e tomaram gosto pela coisa. Agora vale tudo, o tal teto das contas públicas já foi pro espaço. Eu avisei desde o início que isso seria uma farsa ou, pior ainda, se fosse levado a sério por muito tempo. Mas, enfim, taí: o governo está propondo aumento da renda mínima e reajuste em tabela de impostos e fundo partidário bilionário e benesses e mamatas pros cupinchas milicos e outros vagabundos e emendas parlamentares a rodo e os esquemas de corrupção da gang Bolsonaro e do centrão. E isto, obviamente sem ter recursos pra bancar, mesmo esgoelando até sufocar o setor de educação, de proteção ambiental, as pensões e aposentadorias, o salário mínimo etc e mesmo com o roubo anunciado dos precatórios. É por isso que dólar, inflação e juros vão manter o viés de alta, o que só vai aumentar ainda mais a pobreza e a miséria e reduzir ainda mais as perspectivas de crescimento no país. Agora que no mundo todo a crise econômica está chegando em uma fase deflacionária, o que prepara mais ainda a retomada, aqui no BR estamos privados disto pela estupidez dos liberais convertidos a populistas. Aqui, pela pressão dos juros e do dólar a inflação vai seguir em alta e a pobreza e a miséria crescendo. É crise dentro da crise. Quem sabe o que isto significa do ponto de vista político, e ainda mais com o fascismo instalado no governo, tem que estar se coçando de preocupação e percebendo a necessidade premente de agir. Seguir apenas pelo calendário eleitoral talvez seja suicida neste momento. A hora de agir é agora. O inimigo está se organizando e mobilizando. A inércia das forças populares agora pode custar caro demais.

Qual o risco real da COVID-19? (10/2021)

É preciso dizer ainda que no Brasil a queda estimada na espectativa de vida é entre 1,9 a 3 anos. Mas, tb q no fim da URSS a queda foi de 6 anos. E q a comparação com a mortalidade da segunda guerra mundial é equivocada se não inclui a Rússia e a China que foram os territórios onde morerram mais de 40 milhões de pessoas. Quem me conhece pelas redes sociais sabe que lá no início da PANDEMIA eu apostei que ela não teria um impacto tão grave como se alardeava a partir de projeções feitas pelo Imperial College of London em parceria com a mesma Universidade de Oxford, deste estudo atua. Parece que eu estava completamente equivocado então na minha estimativa de risco da covid19. Talvez. E eu digo talvez não por picardia, nem por orgulho. Mas é que os dados aí são focados, né, nas regiões que tiveram o pior desempenho no mundo em relação à covid. Europa e Américas. Os dados mundiais contam outra história. Para ilustração, é fácil verificar que a taxa de mortalidade por covid está pouco acima de 2000 por milhão nos EUA e UK e no BR está perto de 3000 por milhão, enquanto, considerando o mundo todo a taxa é de 600 por milhão de habitantes. Com certeza, portanto, com um impacto bem menor na expectativa de vida do que o identificado nos países do estudo de Oxford. Eu faço isso, repito, não por picardia ou por orgulho. Mas porque de fato tem mais informação a ser considerada aí. E pq lá, naquela época, eu fiz outra aposta que era a importante mesmo naquele momento. Era a aposta de que, mesmo com uma gravidade maior do eu estimava, o melhor caminho não seria a quarentena generalizada, por tempo indeterminado, até a vacinação em massa. Na verdade apostei que esse seria um dos piores caminhos possíveis. E, tão cedo quanto possível, identifiquei que a melhor alternativa era a rigorosa vigilância epidemiológica com o isolamento, a quarentena, dos contaminados / contatos. E não de toda a população. Desta, apenas em territórios e por tempo restrito. Algumas semanas. E foi isso que fizeram a China e o Vietnan, por exemplo. E os seus resultados são muito superiores aos do BR e mundo ocidental em geral, tanto no controle da epidemia quanto na economia. Isso é fato.

domingo, 17 de setembro de 2023

COMO É FÁCIL ENGANAR O POVO! (2021)

Apesar de toda a atenção que dou à história, sou facilmente enganado pelas narrativas sistêmicas, conforme a minha inserção no sistema. Então, foi só hoje, aos 57 anos de idade, que eu me informei de que o primeiro cenário, o mais duradouro e aquele com mais mortes na segunda guerra mundial foi a China. Foram 15 a 20 milhões, algumas estimativas vão até 40 milhões, de chineses mortos na segunda guerra mundial. Muito mais do que Alemães, Poloneses ou Judeus. Só rivalizando com russos / soviéticos, que foram de 20 a 27 milhões de mortos. Essa história simplesmente não é contada aqui nesta parte do sistema.

A crise atual (2019)

Bom dia, Favela! A hiperconcentração da riqueza, em curso a partir dos anos 80 no mundo, leva à progressiva dificuldade de realização do capital, de retorno dos investimentos. Por isso as crises econômicas se tornam mais intensificadas e mais duradouras e com isso ocorre aumento do empobrecimento de massas e do desemprego e dos conflitos comerciais entre os países, aumento tb da xenofobia e o fortalecimento do nacionalismo e do fascismo. As consequências mais naturaus deste processo são o surgimento de governos nacionais fortes, autoritários e nacionalistas e as guerras interimperialistas, como ocorreu na primeira metade do século XX. O aprendizado histórico pode nos livrar desse ciclo infernal, sem as consequências mais trágicas do século XX: as ditaduras e as grandes guerras mundiais. O aprendizado histórico e a emergência da China (e logo mais da Índia, ao que parece) como potências maiores. Mas tanto para se evitar o ressurgimento da ditadura política franca e totalitária aqui no BR, assim como para se evitar a escalada de guerras no mundo, o aprendizado histórico precisa ser posto em prática, em ação. nota 2 anos depois A pandemia vem neste contexto e de fato ela reduz o risco das grandes guerras. Ela é por si recessiva do ponto de vista da economia e impele a grandes mudanças e reestruturações na economia que, de todo modo, seriam realizadas no curso desta grande crise econômica mundial. E o faz com o peso de um fenômeno natural. Não de uma crise econômica, social, política. Entre as consequências dessas grandes crises nos últimos séculos está o reforço das políticas e da doutrina da socialdemocracia ou socialismo. As mais recentes eleições na Europa e as novas regulamentações na economia chinesa, parecem confirmar essa tendência. Mas não é possível saber se este movimento civilizatório será suficiente para a superação da crise econômica mundial atual e para evitar as consequências mais extremas como o empobrecimento em massa, as grandes guerras e o neofascismo.

Covid (09/21)

Liberdade para a opressão e abuso: fascismo! (11/21)

Tem tanta gente de má fé e mal intencionada no BR e no mundo hoje, tentando dizer que nazi-fascismo é de esquerda. Mas sempre que há alguma revivescência dessas aberrações da história elas são, obviamente, de extrema direita. O seu ideário é o mesmo. Liberdade para os ricos e poderosos e violência sem limite contra os excluídos. Basta a crise econômica se aprofundar num período de domínio liberal que vemos o fascismo ressurgir, como está acontecendo nas últimas décadas. Ressurgem com suas bandeiras absurdas e destrutivas, regressivas, como esse movimento antivacinas. E a xenofobia, a misoginia e o racismo são suas marcas de sempre. Esse monstros têm que ser varridos da humanidade. Toda vez que a serpente do fascismo levanta a cabeça, ela tem qu ser esmagada, decepada. E a história se incumbe disto de um modo ou outro.

ANOTAÇÕES PARA AMANHÃ (02/22)

Vendo as noticias dos últimos dias sigo aterrorizado pela gravidade desesperadora dos fatos e confiante no amanhã. Vejo que estamos agora sob uma ameaça maior de guerra de maiores proporções. Pois os países ocidentais dominantes estão fazendo provocações retóricas e movimentos militares de modo a forçar um ato agressivo da Rússia ou da China, que justifique uma resposta bélica. E estão perto de conseguir. Tenho alertado seguidamente sobre a possibilidade de grandes guerras no mundo, em função das crises econômicas em que estamos caindo reiteradamente nas duas últimas décadas. Na minha visão trata-se de uma grande crise, sem solução real, desde 2007 até agora. E isto era mesmo de se esperar, em função da grande concentração de renda no interior dos diversos países a partir dos anos 80. Vejo que os caminhoneiros do Canadá estão em greve contra as medidas restritivas à circulação e à atividade produtiva devido à pandemia. Neste mesmo momento a Inglaterra está abrindo amplamente a economia e a circulação social, mesmo com mais de 200 mortes por dia por Covid. Estão apostando tudo num sistema de controle baseado em testagem. E vão conseguir, porque isto é o certo. Absurda foi a tentativa de bloquear toda a vida social, mesmo com os recursos de testagem e vacina disponíveis. Assim como a absurda possibilidade da guerra, a absurda resposta do mundo ocidental à pandemia é consequência da crise econômica. Tomara a reconfiguração da economia mundial pela epidemia e a diferença de propósitos e postura entre a China Socialista e as potências ocidentais imperialistas sejam suficientes para evitar as grandes guerras, mesmo com o aprofundamento das crises econômicas. Aqui no BR assistimos inertes mais uma chacina no Rio. A polícia disse que eram suspeitos. Provavelmente traficantes. E ninguém mais quer saber de nada. É por isso que temos hoje um governo fascista. Porque somos mesmo fascistas no dia a dia. Não posso fazer nada, não conseguimos fazer nada em relação a isto. Mas nem importa mais se somos esse fracasso como cultura, amanhã a China e o Socialismo vão varrer essa podridão capitalista, liberal-conservadora, do mundo.

PORQUE SOU A FAVOR DA FRENTE AMPLA (03/22)

DEBATENDO CONTRA O ESQUERDISMO Agora a hora é de derrotar o fascismo que está no poder. E simplesmente não se vence o fascismo politicamente sem frente ampla. E você tem que convir que não estamos em um momento revolucionário ou pre revolucionário. Então, pouco importa se ambos os projetos estão longe do seu ideal. O que importa é a necessidade de superação do fascismo que se implantou no centro do poder político no BR. Vocês pensam o socialismo como sua meta de chegada, o ideal de estado social que vocês almejam. Mas o socialismo é, e parece que só pode mesmo ser, uma transição e não um ponto de chegada. O socialismo é, e sempre será, capitalismo, mas em processo de negação / superação. Quando esta superação findar, só aí que não será mais capitalismo, mas aí também já não será mais socialismo. Um caminho contraditório, obviamente, mas, o capitalismo hoje, mundo afora, é muito diferente do capitalismo no século 19, ou na primeira metade do século XX. Mesmo com as regressões (neo)liberais ocorridas desde a década de 80 do século passado, somos hoje muito mais socialistas do que há 100 anos atrás. E este é o caminho, que hoje já dá pra cravar, sem volta, de socialização do mundo. Aposto, o que você quiser, que sairemos mais socialistas desta imensa crise econômico-social em que o mundo está, crise que vem desde 2007 e se manifesta drasticamente com a pandemia e a guerra inter imperialista. Assim como saímos mais socialistas da grande crise econômica que desembocou na segunda guerra mundial. Será o mesmo, mas muito mais avançado, pois agora já temos a experiência histórica e países importantes socialistas, ou, fortemente sociais democratas já consolidados. Ao fim estamos aqui no BR, na condição de nos aliarmos a este processo de socialização global e facilitarmos o seu curso ou de sermos uma das principais forças de resistência fascista à ele. No mais não tenho o menor interesse em eleição. Foda-se a democracia burguesa. E fodam-se todos os partidos que disputam a democracia liberal. Mas agora é importante derrotar o fascismo. O grande freio de mão histórico ao qual o capitalismo sempre lança mão, junto com as grandes guerras, como recurso final contra a sua superação socialista.

Fim da Guerra Civil no BR (03/22)

Os hipócritas da imprensa e da política choram os mortos e condenam a loucura, a estupidez destrutiva da guerra. Mas, na guerra civil não declarada aqui no BR ainda se mata mais do que em todas as guerras ou operações militares declaradas no mundo. Infelizmente essa é a real. A estupidez, a irracionalidade, o absurdo terror da violência assassina, contra a população desprotegida e oprimida, que caracteriza a guerra, é a realidade no cotidiano de muitos milhares de nossos irmãos brasileiros. E, assim como em toda guerra, tem muitos psicopatas que a defendem. Aqui no BR, por exemplo, quase toda a imprensa e a sociedade dominante defendem, nem que seja veladamente, a guerra assassina e terrorista do nosso dia a dia. E boa parte deles defende abertamente mesmo essa guerra fascista do Estado brasileiro contra o seu próprio povo, aqui no nosso país

O golpe foi para roubar dos pobres (03/22)

Para registro: A RENDA MÉDIA DO TRABALHADOR ATINGE MENOR NIVEL EM 10 ANOS. Eu avisei: o golpe foi para isto. E este foi o golpe. Queda de 10% na renda média do trabalho Com mais 10% de inflação. É 20% de perda pro trabalhador brasileiro. Em um ano. Após outros de perdas sucessivas. Esse é o resultado do liberalismo econômico, ou seja, do mercado no poder, sem contestação. Empobrecimento acelerado. Todo o peso da crise econômica cai sobre os trabalhadores e pobres pra aliviar os ricos.

Contra a tortura e o fascismo

ATENÇÃO, GALERA DEMENTE, QUEM PRATICA OU DEFENDE TORTURA... NEM MESMO É GENTE!! E isso vale, na mesma medida, pros políticos e pras polícias, pras facções e pras milicias Morte ao fascismo, é nossa bandeira e nossa moral. Pq fascista realmente nem é gente, é animal.

Analise sintética da situação histórica atual (05/22)

Olha, a minha visão e eu tô bem seguro dela, é que estamos na transição para a sociedade pós-capitalismo, ou seja, a sociedade da liberdade e dignidade comuns ou seja a sociedade anarquista, ou anarco-comunista, se vc quiser. Essa transição se iniciou, no mínimo, há 150 ou 200 anos atrás, por exemplo, com as primeiras conquistas dos trabalhadores em relação a jornada e condições de trabalho e previdência, assim como também com as primeiras formas de regulação dos mercados, da economia em geral, pelos Estados modernos. Isso aconteceu a partir dos anos 1850, aproximadamente, no mundo europeu. E este processo acompanha de algum modo, os grandes ciclos econômicos da economia capitalista mundial. Vejo que isto acontece mais ou menos assim: a tendência espontânea da economia capitalista é aquela da livre concentração progressiva das riquezas e, portanto, essa é a sua ideologia espontânea também, o liberalismo. Acontece que este concentração torna cada vez mais difícil a acumulação ampliada e, portanto, a própria reprodução econômica capitalista, pelo simples fato que o capitalismo é necessariamente economia de massas, em progressiva ampliação. A concentração progressiva das riquezas leva também à progressiva dificuldade na realização dos capitais, pelo simples fato de não haver compradores suficientes para a produção em massa. Isto acentua drasticamente o caráter propriamente desorganizado, conflitivo e extremamente dissipador da economia capitalista e leva, obviamente, às grandes crises econômicas, com quebras de setores produtivos, desemprego em massa e ainda mais empobrecimento. Essas grandes crises estruturais têm também os seus aspectos políticos e geopolíticos. Ascensão do fascismo e guerras, por exemplo. De um jeito ou de outro, está claro que após queimar bastante capital, isto significando, desemprego, miséria e mortes, além das quebras em vários setores produtivos, então, após tudo isto a economia capitalista retoma o seu desenvolvimento. E certamente o faz em um nível mais alto de socialização da economia. Então, após um ciclo de concentração de riquezas, que termina em grandes crises econômicas e políticas, inclusive fascismo e guerras, após este ciclo, inicia um novo ciclo de expansão com avanços socializantes. Estes ciclos têm durado uns 50 anos cada. E estão se acelerando, com o avanço tecnologico-economico. Então estamos agora justamente no ápice de um ciclo de concentração que começou em 1980-1985 aproximadamente. Estamos no seu pior momento no fundo da crise economico-politica-militar. Por isso por exemplo vc vê tudo ruim. É claro, estamos, no mundo em geral, sob o prisma da desigualdade, do abuso de poder do capital e da crise econômica, no pior momento em 50 anos. Fascismo, crises, guerra, empobrecimento. É o ápice deste processo de acumulação extrema. Mas justamente por isso é também o momento de turnover. De virada. Assim como foi no fim da segunda guerra mundial. Todo o mundo ocidental, pelo menos, avançou em distribuição de riqueza e desenvolvimento do controle publico-estatal sobre a economia. Até a virada neoliberal nos anos 80-90. Que nos conduziu até aqui. Até este buraco profundo. Mas a partir daqui, após o fim desta crise e para que ela termine, teremos que avançar de novo - e num nível mais alto do que antes- no caminho da socialização. Isso me parece mesmo inexorável, o que importa é o quanto ainda vai doer essa transição, o quanto ainda custará o fim desta grande crise do capitalismo mundial. Quanto de aprofundamento da pobreza, o quanto em ascensão ainda do nazi-fascismo e o quanto em guerras. Mas, seja como for, isto vai acabar e vai acabar em um novo retomar da socialização, em novos avanços na liberdade e dignidade comuns. Vendo este processo histórico no seu longo curso, parece com trabalho de parto, com terríveis contrações e dores, mas avançando para produzir o novo mesmo. A nova humanidade, digamos assim. Entendendo o mundo hoje eu retomo essa convicção antiga. Este é um caminho inexorável, para mim.

Covid e Guerra são circunstanciais. A crise é estrutural! (05/22)

[12/5 11:02] Paulo Fleury Teixeira: E estão dobrando as apostas nas sanções/bloqueio e militares. A Finlândia vai deixar o status de neutra, vai entrar pra nato. Nas fuças da Rússia. A Finlândia que lutou ao lado dos nazi na segunda guerra... Não quero tentar separar mocinhos e bandidos aí. Só estou vendo a escalada acontecendo. Sem sombra de dúvidas. E a crise mundial se exacerbando mesmo, como eu previa. Por causa, ainda, das respostas irracionais à covid (agora em Shangai e outras cidades na China) e também pela guerra e sanções. Mas, na verdade essas são apenas as causas aparentes ou circunstanciais. A crise é estrutural e parece que vai requerer ainda a queima de bastante capital e reestruturação mundial da economia, da produção, comércio e distribuição de riquezas, pra ser superada.

Tortura nunca! (06/22)

Policiais youtubers e politiqueiros e, antes deles, em todas as rádios e TVs, nos programas policiais, incentivam que policiais e cidadãos em geral realizem execuções e torturas. Defendem a violência, o assassinato e a tortura. Em nome da nossa segurança. Não. Isso não se faz. Essa conduta não é melhor do que a de Facções Criminosas, Máfias ou Bando de Bandidos. E, pela lei da selva, onde viemos parar, onde estamos? Na barbárie, sob o domínio de facções, milícias e policiais bandidos armados. Não, não faça isto. Quer acabar com a violência? Que tal seguirmos princípios certos, dignos?: Educação e moradia decentes para tod@s. Regulamentação, com liberação, do comércio das drogas proibidas. Mas e os bandidos, o que fazer com eles? Tem que haver punição adequada para cada crime. É ilusório e falsificador, imaginar uma sociedade ou cultura em que os crimes não sejam punidos. E deve mesmo haver alguma proporção entre crime e pena. Então, deve haver desde penas de advertência e socioeducativas, até, no limite a pena de morte. Pena de morte para homicidas, torturadores e violadores de crianças. E pena de morte para assassinos de Gabinete: juízes, delegados, generais, políticos e empresários que, por seu comando direto, ou por sua corrupção e omissão, levam dezenas de milhares à morte todos os anos. Mas, sem julgamento não pode haver punição. E, tortura nunca é aceitável.

Nota sobre a decisão do STJ em favor do plantio de maconha medicinal (06/2022)

No dia 14 deste mês de junho de 2022, os cinco juízes da sexta turma do STJ votaram, de modo unânime, em favor do plantio da maconha para um grupo de três pacientes portadores de ansiedade, estresse pós traumático e epilepsia. A decisão do tribunal reconhece que “o cultivo da cannabis por paciente com doença grave não pode ser considerado crime”. Apesar de não obrigar aos tribunais inferiores, não sendo vinculante, essa decisão é histórica e deve modificar de fato o cenário no tocante ao plantio de maconha para uso pessoal no país. O STJ é, justamente, a corte superior responsável pela uniformização da interpretação da lei nos diversos tribunais do país. Portanto, se essa decisão não for contestada, ela passará a orientar a interpretação da lei em todos os julgamentos e nas ações do judiciário e das polícias em geral, sobre este tema. Essa decisão confirma que o caminho para o alargamento da aceitação ao uso e cultivo da erva no Brasil passa, neste momento, sobretudo pelas ações judiciais para uso medicinal, seja pessoalmente, em grupos ou em associações. Não havia e ainda não há aqui qualquer possibilidade de uma mudança maior e decisiva no âmbito do governo, do parlamento ou do STF. Então, foi, e só podia ser, o ataque de formigas no judiciário que abriu o caminho até aqui. Nem no executivo, nem no legislativo, nem no STF e nem na imprensa se encontra forças suficientes para romper com o preconceito ainda dominante na nossa cultura sobre o uso da planta. Ao contrário. Mas, desde o momento que a Anvisa reconheceu a possibilidade do uso medicinal do CBD e depois do THC, os limites institucionais, estritamente técnicos, já haviam se aberto o suficiente para se justificar o plantio e o uso terapêutico da erva no nosso país. Restava então conquistar na justiça este direito; E foi o que milhares de brasileiros e seus familiares buscaram fazer e continuam buscando. E algumas centenas destas pessoas já tiveram decisões favoráveis e conquistaram seu direito de plantar e usar maconha livremente no Brasil, progressivamente, estabelecendo uma jurisprudência que, se consolida agora com a decisão do STJ. É importante destacar que a justiça tem acolhido as demandas dos pacientes com os mais diversos diagnósticos, acatando e respeitando, corretamente nestes casos, a responsabilidade e a prescrição dos médicos. Isto importa muito porque, dentro desta jurisprudência, não se estabelece nenhum limite para as demandas dos pacientes. E, como eu sempre digo, SE UM PODE TODOS PODEM. E isto agora está mais claro e seguro do que nunca. Se um paciente ou seus familiares, se um grupo ou uma associação de pacientes pode plantar e utilizar e até comercializar a maconha, livremente, no Brasil, então todos podem. Antes mesmo desta decisão do STJ, eu já dizia aos meus pacientes, que têm o interesse em plantar, que eles têm o seu direito estabelecido desde o momento que tenham uma receita médica; É a receita do médico, prescrevendo maconha ou canabinoides, que estabelece o direito ao cultivo, independente do diagnóstico ou gravidade do caso. Todos os pacientes têm o mesmo direito ao cultivo desde o momento em que tenham a receita. E este direito fundamental vinha sendo reconhecido, cada vez mais, pelos tribunais de primeira e segunda instância. Agora, com esta decisão do STJ a jurisprudência ficou muito mais firme e o direito dos pacientes ao plantio se estabelece praticamente como inquestionável. Traduzindo em miúdos, agora ficou ainda mais seguro para quem planta ou quer plantar maconha para seu uso pessoal no Brasil. É um direito reconhecido pelo STJ e que, portanto, não deve mais ser questionado em tribunais inferiores. Do mesmo modo como o caminho da desobediência civil e do ataque de formigas no judiciário era o único possível nestas condições, também é fato que apenas o uso medicinal poderia ser inicialmente aceito na nossa cultura. É curioso ver o nível de tensão que o tema provoca na imprensa em geral que tenta, de todo modo separar o uso medicinal da maconha da própria maconha. Em vários órgãos de imprensa, como já se tornou tradicional, tentam reduzir a planta a um dos seus princípios ativos, o canabidiol. A ideia que eles querem passar é que não se trata de usar a planta maconha, que seria, sabe-se lá o porquê, algo tremendamente condenável e perigoso, mas apenas uma parcela dela, à qual eles chamam de óleo de canabidiol e que seria segura. O que eles não sabem é que a extração que se faz do óleo da cannabis é apenas uma forma de concentrar todos os seus princípios ativos, entre eles o CBD, mas também e principalmente, o THC, que é o principal e, normalmente aquele com maior concentração nas plantas. Com isto acabaram transformar o óleo de maconha, que hoje já é largamente usado no Brasil, em Canabidiol, driblando assim o preconceito e a resistência de muitos Tanto faz, é a mesma maconha de sempre e maconha funciona mesmo, para diversos problemas de saúde, e é segura mesmo. Então, chegamos agora até este ponto em que o STJ acaba de reconhecer o direito ao plantio da maconha para pessoas com diferentes diagnósticos. Isso, de certo modo, para mim, dá um teto para o que se pode avançar por este caminho. O direito ao plantio para uso pessoal deve ser respeitado por todos os demais tribunais e parametrizar a postura da justiça em geral e das polícias acerca desta questão. Ainda teremos, no entanto, muitas prisões injustas e até muitas mortes e muitas outras injustiças sendo cometidas contra as pessoas envolvidas com a erva aqui no Brasil, seja no plantio, no comércio, como no uso. É claro que este ponto conquistado até agora deve ser ampliado de modo a chegar até a aceitação e liberalização completas do uso, do comércio e do plantio da erva no nosso país; A irracionalidade e a violência da proibição do uso medicinal e do plantio para o uso medicinal é mais fácil de ser percebida, mas a irracionalidade e a violência da proibição em geral também deve ser demonstrada e as mudanças maiores na cultura e na legislação devem ser conquistadas sim. Existem três motivos socialmente muito fortes para a liberação da maconha: o uso medicinal, a liberdade pessoal e a autonomia sobre o próprio corpo e a violência social provocada pela guerras às drogas. Entre os motivos para se proibir o mais forte parece ser a questão da saúde pública, se alega que a cannabis seria um risco à saúde publica, talvez até à sociedade em geral, devido aos problemas psicológicos, de humor, de vontade e capacidade que ela poderia causar. É muito difícil debater estas acusações e determinar com precisão exata qual o risco de saúde e social que o uso da maconha pode causar para populações humanas. Mas por qualquer padrão de avaliação, com qualquer nível de precisão, não é possível ignorar que estes riscos são menores do que aqueles impostos pelo uso do álcool, da nicotina, dos benzodiazepínicos, dos opioides e dos antipsicóticos por exemplo. Todos livres para consumo pessoal sem ou com receita médica. Ora, quem libera o pior, como pode proibir o melhor? É óbvio que os danos à saúde pública causados pela liberação da maconha, sejam eles quais forem, são infinitamente menores do que aqueles do álcool e da nicotina. Então, também acaba ficando óbvio, ainda que mais difícil de aceitar, que a liberação completa de uso, plantio e circulação da maconha no nosso país será um benefício à saúde pública já que parcela das pessoas que hoje usam drogas mais destruutivas para a sua saúde poderão optar pelo uso de uma planta que tem alta segurança no que toca à possibilidade de agredir o seu organismo. Teríamos muito o que falar sobre o direito à liberdade e a autonomia sobre o próprio corpo. E muito também sobre o dano social e o caráter essencialmente opressivo e destrutivo da chamada guerra às drogas. Mas vamos deixar isto para outro momento. O fato é que mesmo o argumento mais forte que os proibicionistas têm, a defesa da saúde pública, é uma farsa no geral e, no caso da maconha, uma farsa incontestável. Eu não posso terminar essa nota sem mencionar que as condições de momento levaram a uma proposta legislativa (PL 399/15) limitada e talvez equivocada mesmo sobre a maconha no Brasil. Creio que com a mudança do panorama político e institucional, a partir de uma derrota eleitoral do fascismo no país, vamos poder avançar verdadeiramente no mais alto plano nacional, seja na Anvisa e no governo como um todo, assim como no STF e no Congresso. Prosseguir com uma proposta de lei muito acanhada e até equivocada, então, será um erro.

A verdade, agora, é o fim do império (06/2022)

Agora, a verdade é que batemos no extremo do liberal-conservadorismo e, veja bem, estamos neste momento do pêndulo histórico desde os anos 80, mas agora já batemos no seu extremo e estamos já indo em sentido oposto novamente. E, em todo lado, o império norteamericano e a ideologia liberal-conservadora perdem poder real. Após esta grande crise, o pêndulo socializante se acelerará ainda mais. A integração mundial com a força motriz chinesa é mesmo progressiva. Agora todo movimento do império será mais um movimento para sua superação histórica. Ao fim. A guerra da Ucrânia já mostra isto com certeza.

quarta-feira, 13 de setembro de 2023

Memória da segunda vez que eu fumei a changa (04/2021)

me apareceu a sensação forte de um transporte para o além, mas eu me segurei nos calcanhares mantendo-me fiel à doutrina de que eu não estou no além, jamais, mas apenas aqui mesmo, agora. E então a viagem voltou para mim mesmo e cheguei à conclusão tranquila e equilibrada de que é tudo pelo meu ego mesmo. Por analogia ou por identidade mesmo, pode-se dizer do ego, como do gene, que ele quer se perpetuar. Mas o ego quer se perpetuar não na biologia da espécie, e sim na cultura, como história. É nela que o ego se perpetua. E assim já não estamos mais no universo miserável do egoísmo. Mas, certamente, para mim, assim como para você, de um modo decisivo em nossas vidas, continua sendo tudo pelo ego. Eu me reconheço como mais generoso e mais tolerante do que grande parte das pessoas, a maior parte, eu diria. E agora? Não sou egoísta, de modo algum, então. Mas, realmente faço tudo pelo meu ego. E fiquei em paz com isso desde então

O caso da Preventsenior. Mais crimes dos fascistas na pandemia (09/2021)

Não é errado fazer pesquisa médica em serviço. Ao contrário. E muito menos errado é fazer a gestão de casos com estratificação de riscos e cuidados. Mas esse pessoal da PreventSenior acreditou que o seu estudo observacional tinha a força de evidência de grandes ensaios clínicos. De modo totalmente equivocado, eles acreditaram que tavam fazendo pesquisa de ponta, comprovando a eficácia do tratamento precoce pra COVID. Isso é uma mistura de ignorância e má fé. Mas, eles não consideraram as diferenças entre os subgrupos tratados x não tratados. E não especificaram as intervenções na análise. No pouco de resultados expostos na CPI, pacientes com riscos muito diferentes e tratados com recursos muito diferentes são agrupados num grupo único de tratamento precoce. Fossem quais fossem os resultados, portanto, eles não seriam úteis para avaliar com segurança a pretensa eficácia do kit COVID. E houve a parte criminal mesmo, conforme a denúncia, que foi a manipulação de prontuários para ocultar mortes por COVID. E a prescrição em massa. E a coação de médicos para fazer a prescrição dos tais tratamentos precoces. Sinto por quem usa os serviços deles e pelos profissionais que trabalham lá. E pelos milhares que acreditaram nesses equívocos e farsas.

SÓ MAIS UM DIA VULGAR (11/21)

Tem dias que parece que a gente não vai conseguir fazer nada de bom. Que nada mesmo vai resultar de nossa passagem aqui que valha a pena sequer ser lembrado, nem comentado. Um silêncio absurdo é o que vai ficar desta existência simples e sem brilho. Cada um de nós pensa e sente assim alguns dias. E a se considerar o grande mundo e as grandes coisas, isso é a simples verdade. É a verdade dos sem talento, sem tino, sem fibra e ou sem sorte o bastante para qualquer coisa. É o mundo dos ninguém. Dos talvez. Dos quase também. E a gente está no meio disso. Essa é a minha história. Que já tenho quase 60 anos não é? Eu sinto realmente tudo isto com realismo, como eu mesmo gosto de dizer. E a vida segue, assim também, tem dias que a gente ri e tem dias que a gente trinca os dentes. A vida segue assim também e, seja até por teimosia, eu sigo com ela. Tento arrancar leite das pedras, como eles falam no ditado, tento ser qualquer coisa apenas e nada realmente chega a ser ao menos bonito ou certo o suficiente pra sequer existir. Então, de novo, eu vou carregar as pedras até o topo da montanha e espremer até tirar água, leite, mel. Esse é o meu papel. E de novo eu vou perceber que não consegui. Eu sempre falho, sempre erro, sempre estou distante do certo.

Bolsonaro deve saber que será preso se sair da presidência. Os crimes da pandemia (05 / 2021)

A aberração humana que está na presidência do Brasil. O bandido, o pilantra, o ladrãozinho vagabundo, o rei da rachadinha, imperador dos funcionários fantasma, o quadrilheiro miliciano, esse irresponsável está chegando ao nível de desespero porque está vendo a sua base de sustentação no poder se evaporar. E ele sabe que se sair do poder vai acabar na cadeia. Ele e toda a família de ladrões que ele criou. Está desesperado e cada dia falando mais estupidez, cada vez mais ameaçando o país com o emprego das forças armadas contra governadores e prefeitos. Como se o verme tivesse apoio das FFAA pra este tipo de golpe. Está desesperado e cada dia falando mais asneira, como se fosse um moleque mimado soltando sua imaginação numa rede social. Mas é o presidente do BR que ontem insinuou que a pandemia é ação de guerra biológica desencadeada pela China. Estúpido. A China conseguiu controlar a epidemia lá, muito antes das vacinas e sem bloquear a economia e a vida social, e se aqui não conseguimos isso não é por culpa deles, mas nossa, da nossa incompetência e politicagem no enfrentamento da epidemia. Se estamos nessa enrascada, com o pior desempenho no controle da epidemia e na economia, não é por culpa da China. É por causa da incompetência e sacanagem dos nossos gestores. Especialmente do governo federal, certamente o principal responsável por dar o direcionamento e coordenar as ações no combate da pandemia. Os imbecis e psicopatas no poder federal, ao invés de assumirem suas responsabilidades no cargo, preferiram apostar, como é seu padrão, na farsa, na enganação, na invenção de uma solução mágica (a cloroquina e o kit de tratamento precoce) e na atribuição da sua incompetência e da sua culpa a terceiros.

Eu Alfabetizei uma criança! (05 / 2021)

Nessa pandemia eu tive um prazer que não pensei que teria. EU ALFABETIZEI UMA CRIANÇA Fiquei tão feliz. A gente usou aplicativo e vários vídeos de silabação da internet. Vídeos de história com texto tb. Um quadro e giz tb. E muita paciência mesmo. E um pouco de pressão tb. No melhor estilo da pedagogia do opressor do Prof. Paulo Freiry. Por um tempo a gente pensa que não vai dar certo, né? Mas deu, agora ela já tá preparando o próprio material de estudo, brincando de aprender a desenhar e escrever e ler. Então sei não tem mais volta. E isso é muito legal. Fiquei feliz mesmo. E orgulhoso, viu.

Testagem e Vacina. Vacina e Testagem. Contra os crimes do governo na pandemia (Maio / 2021)

Se se testar todos os sintomáticos, isolar os positivos, rastrear e testar os contatos,, rigorosamente, a epidemia é controlada. Se se vacinar a população em massa a epidemia é controlada também. Fora isso tem pouco ou nada mais que realmente da pra fazer. Remédios, a tal da Cloroquina, não funcionam nada ou quase nada. É uma farsa mesmo, infelizmente. E têm seus efeitos colaterais. Então, como não montaram um sistema de testagem e isolamento e rastreamento de contatos, nem tem vacina suficiente, por enquanto o racional é mesmo o distanciamento e as medidas de proteção individual. Da Indústria pesada ao Show Business, todas as atividades coletivas são viáveis com a devida política de proteção aos envolvidos. Mas, quem provoca concentrações e estimula aglomerações sem proteção, com objetivo político, eleitoral, deve ser visto como muito irresponsável e obcecado por poder. Hoje já são centenas de milhões de vacinados no mundo. O que já nos permite uma visão bem consolidada de sua segurança. Parece bem claro, já, que a vacina é, em geral, muito mais segura que a exposição ao vírus sem vacina, né. Isso certamente já está bem definido pros mais frágeis pra doença, os idosos e doentes em geral, né? E, nas circunstâncias atuais, aqui no BR e mundo agora, o mais certo é vacinar geral. Pra dar um fim às mortes e à loucura que resultou disso tudo. Eu estou esperando chegar a minha vez pra vacinar. Em termos de segurança a Coronovac e outras que usam tecnologia mais antiga são mais seguras. A da Pfizer parece ser mesmo a mais top. Pq é mais eficaz e tem se mostrado.muito segura. E aquela de Oxford, astrazeneca, parece ser a mais insegura por causa do problema de coágulos. A Sputnik tb é dessas tecnologias mais antigas e por isso tb é mais segura. E já foi aplicada em milhões. Com segurança e efetividade. A postura da Anvisa é sempre essa mescla de interesses econômicos, políticos e a visão técnica. No caso eu penso que predomina a política mesmo. Mais uma sacanagem do poder contra a população do país. Como foi o atraso na compra de vacinas, a farsa da Cloroquina e do kit tratamento precoce, a ausência de orientação técnica pra população e o abandono da testagem.

O fascismo nosso de cada dia. Sobre a perseguição às religiões de matriz africana no Brasil (2014))

Onde estamos? Quando? Na idade média? Como pode isto, tentar anular uma cultura, oprimir até eliminar as culturas diferentes? Na Europa eles chamam isto de fascismo, de nazismo, de barbárie. Mas isso é pq eles não viveram nas Américas (pós) coloniais e escravagistas. Isto, aqui, é a marca da civilização, é o cristianismo, é até a democracia e a liberdade, é a nossa forma de existir. Aqui isto é assim. Sempre foi. Somos uma sociedade erguida e mantida sobre a violência, a tortura e os assasinatos. Com os mesmos alvos determinados de sempre. Basta ver, estatisticamente, quem é agredido e morto e como opera nossa justiça criminal. Violentar e matar negros, índios, sem terra, sem teto, favelados e pobres em geral, gays e mulheres, sempre fez parte da nossa cultura e sempre atendeu aos objetivos econômicos e ideológicos do poder aqui. E de tempos em tempos as forças da opressão se reagrupam e tomam a forma de movimento político. É o fascismo nosso de cada dia assumindo, na política, o poder que sempre teve na realidade, na sociedade e cultura. É a violência contra os mais fracos na nossa sociedade, contra os alvos de sempre, que sempre nos dominou, agora assumida como estratégia política. E, sempre, essa tomada do poder político pelo fascismo que nos domina no dia a dia, está ligada à necessidade de expropriação dos mais pobres para a segurança e o lucro dos mais ricos.

O POVO NAS RUAS É QUE DERROTA O FASCISMO (Agosto / 2021)

Desde 2016 eu tenho avisado que o golpe estava em curso para reestabelecer a estrutura de poder e dominação tradicionais no país. Nós anos em que o BR foi governado pelos pelegos, a coisa andava pra frente a passos de tartaruga e sem vontade, mas ia adiante. E mesmo esse processo lento, gradual e baseado no acordo entre classes e na manutenção das instituições falidas e corruptas do país, era e foi insustentável para as nossas elites qdo a crise econômica chegou. O golpe parlamentar, midiático e jurídico de então veio para proteger os mais ricos obrigando os trabalhadores comuns e os pobres a pagarem a conta. Eu não tinha dúvida alguma que a partir daí haveria empobrecimento das massas e aumento da desigualdade social. Isto é que era o golpe, na verdade. Mas também tinha certeza que não podíamos deixar este golpe institucional degringolar para uma ditadura armada, porque apesar de tudo o espaço limitado de expressão e mobilização social da democracia é o que nos resta para conquistar um futuro melhor para o povo brasileiro. Desde então eu passei a defender a mobilização popular com formação de grupos de autodefesa antifascista e formação de frente ampla em defesa da democracia, para barrar o fascismo. E enfim estamos entrando no momento crucial desta crise. Agora que já ficou claro que os fascistas não pretendem largar o poder de jeito algum e que um golpe ditatorial está na ordem do dia. Agora é a hora em que ninguém pode se omitir ou confiar apenas nas instituições. Quem depositou toda a sua confiança nas instituições foi justamente o PT, pq isso está no genoma dos pelegos. E todos sabemos no que deu. Agora é hora de mobilização popular no máximo que for possível, com manifestações antifascistas constantes, como começamos a fazer. Elas têm que ter continuidade e regularidade pra se consolidar e ampliar a resistência social contra a ditadura dos bandidos fascistas que tomaram o poder na esteira do golpe institucional. Sem isto eles ganham as ruas e força o suficiente pra se impor. A hora é agora e é o povo mobilizado nas ruas é quem derrota o fascismo.

JUROS, DOLAR, INFLAÇÃO E POBREZA SUBINDO ECONOMIA PATINANDO POR QUÊ? (08/2021)

Porque os liberais no governo fascista tiveram que rasgar os seus manuais na pandemia e tomaram gosto pela coisa. Agora vale tudo, o tal teto das contas públicas já foi pro espaço. Eu avisei desde o início que isso seria uma farsa ou, pior ainda, se fosse levado a sério por muito tempo. Mas, enfim, taí: o governo está propondo aumento da renda mínima e reajuste em tabela de impostos e fundo partidário bilionário e benesses e mamatas pros cupinchas milicos e outros vagabundos e emendas parlamentares a rodo e os esquemas de corrupção da gang Bolsonaro e do centrão. E isto, obviamente sem ter recursos pra bancar, mesmo esgoelando até sufocar o setor de educação, de proteção ambiental, as pensões e aposentadorias, o salário mínimo etc e mesmo com o roubo anunciado dos precatórios. É por isso que dólar, inflação e juros vão manter o viés de alta, o que só vai aumentar ainda mais a pobreza e a miséria e reduzir ainda mais as perspectivas de crescimento no país. Agora que no mundo todo a crise econômica está chegando em uma fase deflacionária, o que prepara mais ainda a retomada, aqui no BR estamos privados disto pela estupidez dos liberais convertidos a populistas. Aqui, pela pressão dos juros e do dólar a inflação vai seguir em alta e a pobreza e a miséria crescendo. É crise dentro da crise. Quem sabe o que isto significa do ponto de vista político, e ainda mais com o fascismo instalado no governo, tem que estar se coçando de preocupação e percebendo a necessidade premente de agir. Seguir apenas pelo calendário eleitoral talvez seja suicida neste momento. A hora de agir é agora. O inimigo está se organizando e mobilizando. A inércia das forças populares agora pode custar caro demais.

9 Teses Econômicas de Itacaré Novembro / 2020

1. A concentração da riqueza promove saltos de desenvolvimento no sistema (econômico-tecnológico-social) capitalista. Mas isso não se deve ao maior investimento privado que daí resultaria e sim é devido à(s) crise(s) que o processo de concentração da riqueza inevitavelmente provoca. 2. Essas crises são causadas porque a concentração da riqueza progressivamente solapa a base da reprodução do próprio capital em escala sistêmica. 3. O capitalismo é, necessariamente, uma economia expansiva. E, por isso mesmo, no limite sempre será também uma economia de consumo popular, de massas. A reprodução do capital é, por sua lógica mesma, necessariamente expansiva, ampliada. Se isto não se realiza o sistema entra em crise estrutural. 4. Nessa condição as crises são contínuas e intensas, repetidas periodicamente, em intervalos curtos o suficiente para se acumularem e intensificarem. As crises atingem distintas dimensões e tomam distintos aspectos na vida econômica, política e sociocultural, conforme as condições históricas em cada local. Mas sempre com características comuns. 5. Ao fim, a inevitável intensificação das crises irá até o ponto em que vários aspectos da vida social serão modificados aceleradamente. Neste processo setores econômicos serão completamente destruídos, tornados antieconômicos, e formas tradicionais de trabalho, remuneração e relacionamento interpessoal, assim como toda a superestrutura social e cultural que a elas se vincula, serão rapidamente transformados. E novas relações sociais, por exemplo, novas regras de trabalho e novas formas de relacionamento social, e, ao fim, também, novas tecnologias, serão muito mais rapidamente incorporadas e disseminadas na sociedade do que na ausência destas crises. Assim o sistema pode se recompor e encontrar novas bases de desenvolvimento cumulativo continuado. 6. E é por isso que a concentração de riquezas termina necessariamente produzindo acelerações, saltos, no desenvolvimento socioeconômico no sistema capitalista. A custa e por meio de crises economico-sociais de extrema virulência e destrutividade, penalizando de modo violento multidões que são atropeladas por essas crises em todas as suas dimensões. A perda de renda, a quebradeira em grandes setores da economia, as crises de desemprego, as crises politicas nacionais e internacionais, a emergência de forças ideológicas e políticas regressivas, o aumento da violência e da opressão, as grandes guerras, enfim, tudo isto é esperado neste processo de solução da crise estrutural capitalista. 7. É um processo largo e intenso de sofrimento e destruição que poderia, muito bem, ser evitado ou, pelo menos, muito suavizado sem comprometer o desenvolvimento final. Mas é da lógica própria do sistema socioeconômico capitalista que a reação mais forte, mais intensa e mais predominante no sistema, diante da tensão representada por essa necessidade de grandes transformações economico-sociais, seja justamente a concentração de riquezas. Essa é a reação própria do poder capitalista, em geral, sempre, maximizar os seus lucros e ,na incerteza, proteger-se ao máximo. Essas duas posições próprias do poder capitalista quando atuando juntas vão, por todas as vias, buscar a concentração da riqueza. 8. É inevitável, então, que, no sistema capitalista, tenhamos de tempos em tempos a reemergência da ideologia liberal que é, digamos assim, a ideologia natural do poder capitalista. E. logo adiante, a sua degeneração na ideologia fascista, que, ao fim, quer apenas garantir, a todo e qualquer custo, a ordem social no fim deste processo de concentração de riquezas. As guerras inter imperialistas parecem ser a solução final mais fácil e espontânea para esses processos de crises estruturais capitalistas. 9. O custo pessoal e cultural destas grandes crises estruturais não pode jamais ser desprezado. Mas não parece haver outro meio para, dentro da lógica capitalista, dentro do sistema socioeconômico capitalista, operarmos grandes transformações na dinâmica do próprio sistema socioeconômico.

O Golpe incompleto e continuado de 2016 a 2022 *01/2022)

1. Houve um ato insurreccional de um juiz de primeira instância, ligado familiarmente ao PSDB, e de uma concessionária do estado, a rede golpista de televisão. Um levante contra a lei q certamente foi decisivo para o golpe. 2. Houve uma mudança de jurisprudência no TCU presidido por notório bandido ligado ao PSDB, para dar uma falsa base legal ou moral para o processo parlamentar de impitima. A mudança foi posterior aos atos condenados e não se pode punir por jurisprudência futura. O fato é q houve quebras da legalidade e da norma institucional em momentos decisivos do script do golpe, sem as quais ele provavelmente não teria ocorrido. E ocorreram ainda outras além dessas duas, q para mim foram decisivas... Mas repito tb. como golpe parlamentar, ou juridico-midiático-parlamentar, ele não se completa facilmente. Não é correto se dizer q foi ou houve um golpe, portanto, mas sim q está acontecendo um golpe... incompleto e cujo destino é ainda hoje bastante indefinido.

Nota sobre a decisão do STJ em favor do plantio de maconha para uso medicinal para grupo de três pessoas (06/2022)

No dia 14 deste mês de junho de 2022, os cinco juízes da sexta turma do STJ votaram, de modo unânime, em favor do plantio da maconha para um grupo de três pacientes portadores de ansiedade, estresse pós traumático e epilepsia. A decisão do tribunal reconhece que “o cultivo da cannabis por paciente com doença grave não pode ser considerado crime”. Apesar de não obrigar aos tribunais inferiores, não sendo vinculante, essa decisão é histórica e deve modificar de fato o cenário no tocante ao plantio de maconha para uso pessoal no país. O STJ é, justamente, a corte superior responsável pela uniformização da interpretação da lei nos diversos tribunais do país. Portanto, se essa decisão não for contestada, ela passará a orientar a interpretação da lei em todos os julgamentos e nas ações do judiciário e das polícias em geral, sobre este tema. Essa decisão confirma que o caminho para o alargamento da aceitação ao uso e cultivo da erva no Brasil passa, neste momento, sobretudo pelas ações judiciais para uso medicinal, seja pessoalmente, em grupos ou em associações. Não havia e ainda não há aqui qualquer possibilidade de uma mudança maior e decisiva no âmbito do governo, do parlamento ou do STF. Então, foi, e só podia ser, o ataque de formigas no judiciário que abriu o caminho até aqui. Nem no executivo, nem no legislativo, nem no STF e nem na imprensa se encontra forças suficientes para romper com o preconceito ainda dominante na nossa cultura sobre o uso da planta. Ao contrário. Mas, desde o momento que a Anvisa reconheceu a possibilidade do uso medicinal do CBD e depois do THC, os limites institucionais, estritamente técnicos, já haviam se aberto o suficiente para se justificar o plantio e o uso terapêutico da erva no nosso país. Restava então conquistar na justiça este direito; E foi o que milhares de brasileiros e seus familiares buscaram fazer e continuam buscando. E algumas centenas destas pessoas já tiveram decisões favoráveis e conquistaram seu direito de plantar e usar maconha livremente no Brasil, progressivamente, estabelecendo uma jurisprudência que, se consolida agora com a decisão do STJ. É importante destacar que a justiça tem acolhido as demandas dos pacientes com os mais diversos diagnósticos, acatando e respeitando, corretamente nestes casos, a responsabilidade e a prescrição dos médicos. Isto importa muito porque, dentro desta jurisprudência, não se estabelece nenhum limite para as demandas dos pacientes. E, como eu sempre digo, SE UM PODE TODOS PODEM. E isto agora está mais claro e seguro do que nunca. Se um paciente ou seus familiares, se um grupo ou uma associação de pacientes pode plantar e utilizar e até comercializar a maconha, livremente, no Brasil, então todos podem. Antes mesmo desta decisão do STJ, eu já dizia aos meus pacientes, que têm o interesse em plantar, que eles têm o seu direito estabelecido desde o momento que tenham uma receita médica; É a receita do médico, prescrevendo maconha ou canabinoides, que estabelece o direito ao cultivo, independente do diagnóstico ou gravidade do caso. Todos os pacientes têm o mesmo direito ao cultivo desde o momento em que tenham a receita. E este direito fundamental vinha sendo reconhecido, cada vez mais, pelos tribunais de primeira e segunda instância. Agora, com esta decisão do STJ a jurisprudência ficou muito mais firme e o direito dos pacientes ao plantio se estabelece praticamente como inquestionável. Traduzindo em miúdos, agora ficou ainda mais seguro para quem planta ou quer plantar maconha para seu uso pessoal no Brasil. É um direito reconhecido pelo STJ e que, portanto, não deve mais ser questionado em tribunais inferiores. Do mesmo modo como o caminho da desobediência civil e do ataque de formigas no judiciário era o único possível nestas condições, também é fato que apenas o uso medicinal poderia ser inicialmente aceito na nossa cultura. É curioso ver o nível de tensão que o tema provoca na imprensa em geral que tenta, de todo modo separar o uso medicinal da maconha da própria maconha. Em vários órgãos de imprensa, como já se tornou tradicional, tentam reduzir a planta a um dos seus princípios ativos, o canabidiol. A ideia que eles querem passar é que não se trata de usar a planta maconha, que seria, sabe-se lá o porquê, algo tremendamente condenável e perigoso, mas apenas uma parcela dela, à qual eles chamam de óleo de canabidiol e que seria segura. O que eles não sabem é que a extração que se faz do óleo da cannabis é apenas uma forma de concentrar todos os seus princípios ativos, entre eles o CBD, mas também e principalmente, o THC, que é o principal e, normalmente aquele com maior concentração nas plantas. Com isto acabaram transformar o óleo de maconha, que hoje já é largamente usado no Brasil, em Canabidiol, driblando assim o preconceito e a resistência de muitos Tanto faz, é a mesma maconha de sempre e maconha funciona mesmo, para diversos problemas de saúde, e é segura mesmo. Então, chegamos agora até este ponto em que o STJ acaba de reconhecer o direito ao plantio da maconha para pessoas com diferentes diagnósticos. Isso, de certo modo, para mim, dá um teto para o que se pode avançar por este caminho. O direito ao plantio para uso pessoal deve ser respeitado por todos os demais tribunais e parametrizar a postura da justiça em geral e das polícias acerca desta questão. Ainda teremos, no entanto, muitas prisões injustas e até muitas mortes e muitas outras injustiças sendo cometidas contra as pessoas envolvidas com a erva aqui no Brasil, seja no plantio, no comércio, como no uso. É claro que este ponto conquistado até agora deve ser ampliado de modo a chegar até a aceitação e liberalização completas do uso, do comércio e do plantio da erva no nosso país; A irracionalidade e a violência da proibição do uso medicinal e do plantio para o uso medicinal é mais fácil de ser percebida, mas a irracionalidade e a violência da proibição em geral também deve ser demonstrada e as mudanças maiores na cultura e na legislação devem ser conquistadas sim. Existem três motivos socialmente muito fortes para a liberação da maconha: o uso medicinal, a liberdade pessoal e a autonomia sobre o próprio corpo e a violência social provocada pela guerras às drogas. Entre os motivos para se proibir o mais forte parece ser a questão da saúde pública, se alega que a cannabis seria um risco à saúde publica, talvez até à sociedade em geral, devido aos problemas psicológicos, de humor, de vontade e capacidade que ela poderia causar. É muito difícil debater estas acusações e determinar com precisão exata qual o risco de saúde e social que o uso da maconha pode causar para populações humanas. Mas por qualquer padrão de avaliação, com qualquer nível de precisão, não é possível ignorar que estes riscos são menores do que aqueles impostos pelo uso do álcool, da nicotina, dos benzodiazepínicos, dos opioides e dos antipsicóticos por exemplo. Todos livres para consumo pessoal sem ou com receita médica. Ora, quem libera o pior, como pode proibir o melhor? É óbvio que os danos à saúde pública causados pela liberação da maconha, sejam eles quais forem, são infinitamente menores do que aqueles do álcool e da nicotina. Então, também acaba ficando óbvio, ainda que mais difícil de aceitar, que a liberação completa de uso, plantio e circulação da maconha no nosso país será um benefício à saúde pública já que parcela das pessoas que hoje usam drogas mais destruutivas para a sua saúde poderão optar pelo uso de uma planta que tem alta segurança no que toca à possibilidade de agredir o seu organismo. Teríamos muito o que falar sobre o direito à liberdade e a autonomia sobre o próprio corpo. E muito também sobre o dano social e o caráter essencialmente opressivo e destrutivo da chamada guerra às drogas. Mas vamos deixar isto para outro momento. O fato é que mesmo o argumento mais forte que os proibicionistas têm, a defesa da saúde pública, é uma farsa no geral e, no caso da maconha, uma farsa incontestável. Eu não posso terminar essa nota sem mencionar que as condições de momento levaram a uma proposta legislativa (PL 399/15) limitada e talvez equivocada mesmo sobre a maconha no Brasil. Creio que com a mudança do panorama político e institucional, a partir de uma derrota eleitoral do fascismo no país, vamos poder avançar verdadeiramente no mais alto plano nacional, seja na Anvisa e no governo como um todo, assim como no STF e no Congresso. Prosseguir com uma proposta de lei muito acanhada e até equivocada, então, será um erro.