quarta-feira, 13 de setembro de 2023

9 Teses Econômicas de Itacaré Novembro / 2020

1. A concentração da riqueza promove saltos de desenvolvimento no sistema (econômico-tecnológico-social) capitalista. Mas isso não se deve ao maior investimento privado que daí resultaria e sim é devido à(s) crise(s) que o processo de concentração da riqueza inevitavelmente provoca. 2. Essas crises são causadas porque a concentração da riqueza progressivamente solapa a base da reprodução do próprio capital em escala sistêmica. 3. O capitalismo é, necessariamente, uma economia expansiva. E, por isso mesmo, no limite sempre será também uma economia de consumo popular, de massas. A reprodução do capital é, por sua lógica mesma, necessariamente expansiva, ampliada. Se isto não se realiza o sistema entra em crise estrutural. 4. Nessa condição as crises são contínuas e intensas, repetidas periodicamente, em intervalos curtos o suficiente para se acumularem e intensificarem. As crises atingem distintas dimensões e tomam distintos aspectos na vida econômica, política e sociocultural, conforme as condições históricas em cada local. Mas sempre com características comuns. 5. Ao fim, a inevitável intensificação das crises irá até o ponto em que vários aspectos da vida social serão modificados aceleradamente. Neste processo setores econômicos serão completamente destruídos, tornados antieconômicos, e formas tradicionais de trabalho, remuneração e relacionamento interpessoal, assim como toda a superestrutura social e cultural que a elas se vincula, serão rapidamente transformados. E novas relações sociais, por exemplo, novas regras de trabalho e novas formas de relacionamento social, e, ao fim, também, novas tecnologias, serão muito mais rapidamente incorporadas e disseminadas na sociedade do que na ausência destas crises. Assim o sistema pode se recompor e encontrar novas bases de desenvolvimento cumulativo continuado. 6. E é por isso que a concentração de riquezas termina necessariamente produzindo acelerações, saltos, no desenvolvimento socioeconômico no sistema capitalista. A custa e por meio de crises economico-sociais de extrema virulência e destrutividade, penalizando de modo violento multidões que são atropeladas por essas crises em todas as suas dimensões. A perda de renda, a quebradeira em grandes setores da economia, as crises de desemprego, as crises politicas nacionais e internacionais, a emergência de forças ideológicas e políticas regressivas, o aumento da violência e da opressão, as grandes guerras, enfim, tudo isto é esperado neste processo de solução da crise estrutural capitalista. 7. É um processo largo e intenso de sofrimento e destruição que poderia, muito bem, ser evitado ou, pelo menos, muito suavizado sem comprometer o desenvolvimento final. Mas é da lógica própria do sistema socioeconômico capitalista que a reação mais forte, mais intensa e mais predominante no sistema, diante da tensão representada por essa necessidade de grandes transformações economico-sociais, seja justamente a concentração de riquezas. Essa é a reação própria do poder capitalista, em geral, sempre, maximizar os seus lucros e ,na incerteza, proteger-se ao máximo. Essas duas posições próprias do poder capitalista quando atuando juntas vão, por todas as vias, buscar a concentração da riqueza. 8. É inevitável, então, que, no sistema capitalista, tenhamos de tempos em tempos a reemergência da ideologia liberal que é, digamos assim, a ideologia natural do poder capitalista. E. logo adiante, a sua degeneração na ideologia fascista, que, ao fim, quer apenas garantir, a todo e qualquer custo, a ordem social no fim deste processo de concentração de riquezas. As guerras inter imperialistas parecem ser a solução final mais fácil e espontânea para esses processos de crises estruturais capitalistas. 9. O custo pessoal e cultural destas grandes crises estruturais não pode jamais ser desprezado. Mas não parece haver outro meio para, dentro da lógica capitalista, dentro do sistema socioeconômico capitalista, operarmos grandes transformações na dinâmica do próprio sistema socioeconômico.

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