terça-feira, 29 de agosto de 2017

CASO DE SURTO PSICOTICO EM PACIENTE AUTISTA EM TTO COM CANABINOIDES

Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tinha tido antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas varias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos de dosagem do óleo e dos medicamentos em uso, enfim.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, contenção física e química.
É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Mas é um risco que temos que reconhecer presente no tratamento de todos os pacientes autistas. Eu creio que é justo afirmar que o autista tem um risco maior do que o neurotípico de apresentar alterações psicocomportamentais maiores, dentre elas os delírios e surtos psicóticos. E não só em relação aos autistas. Dentro do conjunto de pacientes que eu tenho acompanhado (epiléticos, autistas, portadores de dor neuropática, DSR, fibromialgia e provavelmente até nos casos de parkinson, que são a grande maioria dos meus pacientes) a instabilidade psíquica é certamente muito presente. Mas no caso dos autistas, epiléticos ou não, muitos já são usuários de drogas neuropsiquiátricas especialmente antipsicóticos, justamente na tentativa de controle desses aspectos psicocomportamentais muito desviantes. A entrada dos canabinoides nessas associações medicamentosas pode ser muito positiva mas também negativa, com piora de qualquer um dos sintomas referidos. São reações paradoxais. Também são frequentes os casos de piora relacionados à redução ou retirada dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso. Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, esses casos de piora são algo entre 5 e 20%. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja nos aspectos psicocomportamentais, insônia, crises convulsivas e no desenvolvimento global dos pacientes atingem 60 a 80% dos pacientes.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão geral disso e que está muito bem exemplificada nos casos dos autistas é que os canabinoides têm, sobretudo uma ação protetora ou de alívio dos sinais e sintomas de distúrbios e desequilíbrios psíquicos graves.
No caso específico a que estou me referindo agora, o risco pode ter sido aumentado e o surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso. Mas o fato é que existe, nesses pacientes, na interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos, na retirada de qq desses medicamentos e no próprio uso de qq desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides, risco potencial de desequilíbrios psicocomportamentais maiores.
Quem lida com esses pacientes tem que estar preparado para isto e orienta-los sobre isso.
Repito, na minha casuística o risco de piora é de 5 a 20%, sendo a quase totalidade dos casos controláveis com modificação nas dosagens dos medicamentos em uso.
Como tenho forte convicção que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos justificam a tentativa.
Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tinha tido antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas varias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos de dosagem do óleo e dos medicamentos em uso, enfim.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, contenção física e química.
É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Mas é um risco que temos que reconhecer presente no tratamento de todos os pacientes autistas. Eu creio que é justo afirmar que o autista tem um risco maior do que o neurotípico de apresentar alterações psicocomportamentais maiores, dentre elas os delírios e surtos psicóticos. E não só em relação aos autistas. Dentro do conjunto de pacientes que eu tenho acompanhado (epiléticos, autistas, portadores de dor neuropática, DSR, fibromialgia e provavelmente até nos casos de parkinson, que são a grande maioria dos meus pacientes) a instabilidade psíquica é certamente muito presente. Mas no caso dos autistas, epiléticos ou não, muitos já são usuários de drogas neuropsiquiátricas especialmente antipsicóticos, justamente na tentativa de controle desses aspectos psicocomportamentais muito desviantes. A entrada dos canabinoides nessas associações medicamentosas pode ser muito positiva mas também negativa, com piora de qualquer um dos sintomas referidos. São reações paradoxais. Também são frequentes os casos de piora relacionados à redução ou retirada dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso. Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, esses casos de piora são algo entre 5 e 20%. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja nos aspectos psicocomportamentais, insônia, crises convulsivas e no desenvolvimento global dos pacientes atingem 60 a 80% dos pacientes.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão geral disso e que está muito bem exemplificada nos casos dos autistas é que os canabinoides têm, sobretudo uma ação protetora ou de alívio dos sinais e sintomas de distúrbios e desequilíbrios psíquicos graves.
No caso específico a que estou me referindo agora, o risco pode ter sido aumentado e o surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso. Mas o fato é que existe, nesses pacientes, na interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos, na retirada de qq desses medicamentos e no próprio uso de qq desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides, risco potencial de desequilíbrios psicocomportamentais maiores.
Quem lida com esses pacientes tem que estar preparado para isto e orienta-los sobre isso.
Repito, na minha casuística o risco de piora é de 5 a 20%, sendo a quase totalidade dos casos controláveis com modificação nas dosagens dos medicamentos em uso.
Como tenho forte convicção que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos justificam a tentativa.