segunda-feira, 31 de outubro de 2022

ELEIÇÃO DO LULA. MINHA VISÃO ANARQUISTA: E VAMOS ADIANTE COM NOSSOS CORPOS E SONHOS

ELEIÇÃO DO LULA. MINHA VISÃO ANARQUISTA: E VAMOS ADIANTE COM NOSSOS CORPOS E SONHOS! Estou por um triz também Me emocionei, chorei e ri Mandei os escrotos de volta pros esgotos também. Cantei de volta a ser feliz e repeti 13 13 13 zentas mil vezes Ouvi muito o beat do feijão puro e morri de rir quando ele venceu de novo Me encantei pela sua energia e saúde. Que vitalidade aos 77 É impressionante E que liderança preparada pela história Pra vir falar de unidade e respeito aqui no Brasil Somos contra a violência e isso agora já é bastante Somos pela paz. Mas não somos pela dominação e nem pela subserviência. Porque o outro lado, insanamente, pede e endossa a violência como forma de poder. O poder armado. Os loucos querem que, por exemplo, num conflito de terras a solução seja imposta pelo lado que tem mais armas. Eles simplesmente querem a dominação dos mais poderosos sem contestação. E não é por outra razão que se dizem liberais na economia, porque simplesmente querem o poder econômico dos mais ricos, sem contestação. Essa força social e política que quer a imposição do poder a todo custo e projeta a violência como instrumento legítimo de opressão é o que se chama mesmo de fascismo. Que é certamente a forma final e degenerada do liberalismo no extremo das grandes crises econômicas e socio políticas do capitalismo. E neste aspecto é que derrotamos o fascismo como escolha política para o nosso país, até aqui. Derrotamos o fascismo com a escolha alternativa de esquerda, vermelha ou socialista, se vocês quiserem, e não com uma outra alternativa liberal ou de centro direita. E foi por isto que eu votei nesta eleição depois de quase 30 anos sem votar. E foi por isto que eu fiz campanha e estou aqui agora agradecendo ao Lula e à sua liderança. O discurso consciente e correto em todos os aspectos que ele fez ontem. Estamos no rumo certo, em uma circunstância difícil em todos os aspectos internos e externos. Mas não estamos mais no rumo do fascismo no centro do poder nacional. Sempre fomos uma sociedade fascista. E isso é quase que inevitável em sociedades de grande desigualdade social e sobre a base histórica da escravidão e genocídio de negros e dos povos originários. Essa é a nossa marca histórica e o poder sistêmico aqui sempre foi sustentado na violência ilimitada. Por exemplo, quando é que não teve tortura e assassinatos sistemáticos no conflito social do Estado contra certos grupos sociais e étnicos aqui no Brasil? Nunca. E várias outras formas de violência opressiva são aceitas naturalmente, são naturalizadas, aqui no Brasil, desde sempre. E é por isto que eu posso dizer que sempre fomos fascistas. E foi por isto que eu votei e fiz propaganda e me emocionei nessa eleição e estou aqui agora elogiando o Lula e o PT, sendo o velho anarquista que eu sou. Por que pode-se chegar ao anarquismo, teoricamente, ideologicamente, pela via da crítica ao Estado ou pela via da crítica ao Mercado e só se chega ao anarquismo, à teoria ou ideologia, verdadeiramente anarquista, quando, no extremo de uma crítica parcial, ao Estado ou ao Mercado, atinge-se a crítica simultânea de ambos, de Mercado e Estado. Mas o caminho real para a anarquia na realidade objetiva não pode ser o caminho liberal, pois este caminho é destrutivo a um nível insuportável para as nações e para a humanidade. É grande demais toda a destruição e o custo histórico que têm as grandes crises econômicas e as guerras, que surgem necessariamente em ciclos, episódicos, na economia e na geopolítica capitalista. Estamos agora em condição de ver historicamente esta questão de um prisma único após o imenso sucesso do socialismo chinês nos últimos 40 anos ou mais. Então já fica claro que não precisamos mesmo passar ou continuar passando pelos ciclos destrutivos extremos da sociedade capitalista e nem resolver as coisas pela guerra. E foi por tudo isto que eu votei de novo e fiz propaganda eleitoral e tudo. Não posso querer mais do que apenas isto. Não vamos mais no caminho do arrocho sobre os mais pobres e os trabalhadores em geral, nem do desmonte dos serviços públicos para a população. Não vamos mais no caminho do desmatamento da amazônia e da destruição do meio ambiente em geral. Não vamos mais no caminho da violência como solução para os conflitos sociais. Mas agora não dá para ser no ritmo que as coisas aconteceram nos governos anteriores. Temos que acelerar de modo Chinês. Aliás, é principalmente com eles que a gente deve contar mesmo. Não podemos ter medo de nos aproximarmos estrategicamente e em todos os aspectos daquele que já é o nosso maior parceiro econômico. Esse é o caminho estreito mas sem tanta destruição e sacanagem como foi até agora nosso caminho sob os imperios de Portugal, Inglaterra ou Estados Unidos. A proposta da China é sempre de ganha ganha e de respeito à autonomia dos povos. Vamos ficar com esta base, por enquanto, ela é suficiente. Nosso caminho é democrático, Essa foi aliás, a escolha histórica que deu origem ao PT. Uma perspectiva de socialismo democrático em um país de extração colonial. Novidade histórica e estamos vivendo este caminho estreito, mas pelo menos agora, fizemos a escolha certa novamente. Por estreita margem e dentro de dificuldades sistêmicas muito grandes. Para simplificar e encerrar este texto, estamos na transição final do poder central ou polo de direcionamento maior da humanidade dos EUA para a China e, com isto, também na transição ou em um avanço a mais do socialismo mundial. Esta transição, como todas nesta dimensão, é carregada de tensões e dificuldades que facilmente desembocam em guerras. Mas a China é diferente dos EUA e o socialismo é diferente do capitalismo liberal. Agora podemos dar mais um passo no rumo certo também aqui no Brasil, dentro dessa estrutura de forças muito tensionada, quando justamente o pêndulo histórico que veio ao extremo do liberalismo, com suas grandes crises econômicas, seu fascismo, suas guerras, agora já está se revertendo no sentido do socialismo e da paz. E é neste movimento do pêndulo histórico mundial para o socialismo e a paz que a vitória do Lula pode ser percebida em sua maior relevância. Demos força a este movimento mundial e podemos estar contribuindo para abreviar e reduzir não apenas a miséria e a opressão no Brasil, mas também a destruição e a guerra capitalistas no mundo todo. E foi por isto que eu, anarquista que sou, votei com o Lula, depois de mais de 30 anos sem votar. E fiz campanha até onde eu pude também. Este é o melhor caminho. E precisa ser reconstituído. A ascensão do fascismo ao poder político no Brasil sempre tem o efeito pedagógico de nos mostrar como ele sempre foi e continua largamente disseminado e é prevalente em nossa sociedade. Acabar com o fascismo no BR não é apenas tirar o Bolsonaro da presidência e meter ele, seus filhos e toda a quadrilha de milicianos que os cerca e que matou a Mariele, por exemplo, na cadeia. Isto é certo, mas se não acabar com as torturas e mortes, com as chacinas e com o uso sistemático de violência como forma de poder e dominação no dia a dia, então o fascismo continuará vivo e predominando na nossa sociedade. É por este efeito pedagógico que eu sempre digo que sempre que a serpente do fascismo levanta a cabeça ela tem que ser decepada ou esmagada. Todas as vezes de novo. Agora já sabemos que a cabeça da serpente está em Bolsonaro e no poder miliciano, no campo e nas cidades, mas também sabemos que ela está, e quase sempre esteve mesmo, no controle político dos órgãos de classe e categorias profissionais do nosso país, assim como no controle econômico e ideológico de grande parte da imprensa, das redes sociais, das empresas, e igrejas no nosso país. Sim sabemos, sempre soubemos, que a doutrina dominante nos níveis de poder em grande parte destes setores é fascista. São pessoas abertamente a favor da opressão de minorias e do uso ilimitado e sem controle legal da violência dos poderosos no exercício da opressão. São pessoas que defendem e se posicionam aberta ou veladamente pela exploração e opressão sem limites sobre a base social e os grupos excluídos ou marginalizados aqui no nosso país. Ou são o poder dominante nas direções políticas e ideológicas nestes setores ou têm livremente espaço de voz e de disputa política nestes setores e instituições. Mas o fascismo não pode ser admitido para a disputa democrática e legítima em nenhum setor da nossa sociedade. Por exemplo, aceitar e incentivar uma polícia fascista, torturadora e assassina e o uso da violência armada pelos poderosos é algo que não pode ocorrer em nenhum fórum de uma sociedade democrática. Os fascistas e o fascismo têm que ser derrotados em todos os âmbitos sociais. E foi por isso que eu votei e fiz campanha para o Lula e o PT. Com tranquilidade e muita apreensão, mas sabendo que não fui omisso e nem comunguei com os fascistas e o fascismo jamais. Sempre com muito receio de que não conseguiríamos derrotar a compra de votos e o sistema de opressão, a máquina de poder e coação que os poderosos puseram em movimento de todas as maneiras nesta eleição. E, é óbvio, vão tentar ainda algumas coisas, mas não vão barrar a mudança. Essa pequena inflexão nós já conquistamos. E vamos adiante, com nossos corpos e sonhos, como se dizia antigamente.

terça-feira, 4 de outubro de 2022

A eleição do governador do Rio tem algo a dizer


 Ele promoveu as maiores chacinas da história da cidade e foi eleito por isto.


Só pode haver uma razão para a maior parte dos eleitores fazerem esta escolha. A situação de violência, insegurança e medo cotidianos está em um nível tão absurdo que uma grande parte das pessoas sentem essas mortes em massa como algo positivo.


Elas sentem que a imposição de força pelo Estado, sem limite e sem lei, é melhor do que a imposição de força sem limite e sem lei por parte do crime.


Tem uma realidade muito miserável com um apelo emocional muto forte aí, mas também tem uma doutrinação ideológica constante, para que isto aconteça.


Parece que estas pessoas ignoram que a morte de índios, negros e favelados sempre foi uma estratégia política adotada aqui no Brasil. E parece que elas ignoram também que essa imposição de força sem limite e sem lei pelo Estado simplesmente não dá certo. Naquele mesmo local onde houve qualquer chacina destas e na cidade e no estado inteiros, as condições de violência, insegurança e medo vão continuar iguais eram antes. Chacinas já foram dezenas, centenas, já houve intervenção das forças armadas, torturas e mortes sem julgamento, assassinatos, portanto, são cometidos diariamente pelas forças policiais do Estado. E nada disto resolve.

Mas o povo, em maioria votou por mais disto.

E não vai dar certo de novo.


A esquerda parece que não tem nenhuma resposta a este estado de medo que a violência criminal e sua manipulação política e ideológica geram. As argumentações de legalidade e direitos humanos e as propostas de desenvolvimento social soam para a população, em estado de pânico manipulado política e ideologicamente, como defesa dos bandidos e complacência com o crime.


Ao ponto da esquerda terminar jogando no campo do adversário e se vendo aprisionada pela visão conservadora e fascista, onde ela só poderá perder.


Seja pela realidade ou pelo imaginário popular a questão da violência no Brasil e especificamente no RJ está ligada à questão das drogas.


E quem está no campo onde eu me encontro sabe bem do caráter opressor, discriminatório, abusivo e letal que o Estado costuma ter, sob a bandeira da política antidrogas. Eu sei, nós sabemos, que a chamada guerra às drogas é uma política fascista, sob alegações falsas de saúde pública e proteção das famílias. Não é com a violência policial, muito menos com a violência policial sem lei e sem limites, que podemos equacionar bem a questão das drogas para a saúde pública e para a segurança das famílias.

Mas parece que esta questão, pelo caráter emocional, pelo estado de pânico até, em que ela é constantemente tratada, torna-se um verdadeiro tabu, uma verdadeira kriptonita eleitoral.

Sorte que eu não sou candidato a nada e posso falar a verdade, sem me preocupar com a reação da população assustada.


Sim meus amigos, não há razão de saúde pública ou de segurança pública ou das famílias que justifique criminalizar as drogas. Pra começo de conversa, poucas drogas são mais perigosas do que o álcool e a nicotina. Poucas drogas podem provocar mais dano à saúde e à vida social e econômica das pessoas e das famílias do que o álcool e a nicotina. E com certeza a própria guerra às drogas provoca mais mortes e destruição de famílias do que aquelas que ela busca evitar. E não funciona.


Quando se fala que a questão das drogas é uma questão de saúde pública esta é uma verdade que não pode ser ignorada. De saúde pública, de saúde mental e de assistência social. Todo mundo que lida com dependentes químicos sabe disto. Criminalizar as drogas só aumenta a violência e dificulta os tratamentos.


A manipulação política e ideológica desta questão se dá de forma massiva e constante nos programas policiais disseminados pelas TVs e rádios de todo o país. Eles incentivam, diretamente ou veladamente, o ódio social e a violência policial. E também nas redes de mídia religiosa que também são totalmente disseminadas e fortemente incentivadas pelo poder público em todo o país.


Essa mídia e essa ideologia são amplamente difundidas se tornam prevalentes justamente em condições de violência e medo altos. Temos verdadeiros ciclos viciosos aí. Porque esta mídia se nutre, justamente, da violência e do medo. E, além destes ciclos viciosos da mídia, temos também os ciclos viciosos objetivos em que boa parte destes propagandistas antidrogas são usuários de drogas, assim como boa parte da polícia e do judiciário. Quem faz propaganda contra, quem prende e mata e quem condena. Boa parte é usuária de drogas proibidas. E boa parte está diretamente envolvida com o tráfico de drogas.


A guerra às drogas não funciona e nunca vai funcionar.


Ver uma esquerda progressista ou uma direita liberal defendendo isto é algo que me faz suspirar profundamente e firmar minhas forças porque sei que a batalha é grande e longa ainda. E no seu curso várias prisões, internações forçadas, torturas e outras formas de violência, mortes e chacinas desnecessárias vão continuar a acontecer.


Mas de alguma forma as sociedades humanas desenvolvem e fazem criticas dos seus erros e o futuro vem, por mais que os tabus e medos tentem impedir

sábado, 1 de outubro de 2022

QUEM SÃO OS FASCISTAS E PORQUE ELES TÊM QUE SER DERROTADOS


Nesta campanha eleitoral e na anterior bloqueei e desfiz amizade com algumas pessoas. Infelizmente, não era a minha intenção, mas fazer propaganda para o fascismo excede os limites do aceitável para mim.


Fico triste, mas não tem outro jeito. Com o fascismo não se dialoga.


Penso especialmente em uma pessoa específica e acredito que ela não aceitaria esta classificação de fascista.


Mas já tem muita coisa evidente no discurso e nas práticas dos Bolsonaro e dos grupos que subiram ao poder com eles. Mesmo para quem não quer ver.


Enfim há uma origem miliciana e ligada à ditadura militar e ao que há de pior nela: o terrorismo de estado. O uso da tortura e dos assassinatos como armas políticas. E isto tudo é fascismo político. Poder militar e violência armada como estratégia de poder.


Eu entendo que a coisa colocada assim no nível político é abstrata e dá margem a dúvidas.


Mas isto faz parte do nosso dia a dia.


Há uma violência constante, da sociedade e do Estado, atingindo focalizadamente pobres, negros, índios, homossexuais, pacientes psiquiátricos, pessoas com deficiência, mulheres, idosos, crianças, entre outros grupos excluídos ou fragilizados, que são alvo de níveis diversos de violência opressiva da sociedade e do Estado. E há, aqui no Brasil, uma verdadeira guerra aberta de grupos dominantes e do Estado, baseada em violência física, torturas e assassinatos, contra alguns destes grupos oprimidos. A violência armada é estratégia constante do poder dominante no Brasil, desde sempre. Desconhecer isto é uma ignorância absurda. Ser conivente com isto é inaceitável.


Mas eu não tô escrevendo isto apenas pra me justificar, pra explicar porque eu desfaço as amizades neste caso, mas principalmente para tentar entender o que leva alguém com tantas qualidades pessoais e digna de respeito a se aliar a esta ideologia ao ponto de fazer propaganda para o presidente fascista?


Bom, acredito que o ambiente ideológico midiático, digamos assim, conta muito. E este é predominantemente fascista, ou, pelo menos, bastante conivente com o fascismo e vinculado à religião aqui no Brasil. Os assassinatos contra os índios, nas ocupações e favelas e até mesmo contra ecologistas raramente ganham a projeção e a condenação que mereceriam na mídia nacional. Ao contrário, no dia a dia, estas mortes e até mesmo as torturas e os estupros de adolescentes e crianças, são minimizadas, completamente desconsideradas e até mesmo incentivadas, de modo direto ou através de indiretas. Somos continuamente doutrinados, direta ou subliminarmente, a aceitar isto como natural ou inevitável. Cria-se, nas culturas locais onde estes conflitos estão presentes, com grande peso da mídia, um verdadeiro ciclo vicioso de exclusão, abusos, miséria e violência que parece fazer parte da própria condição nacional aqui no Brasil. De algum modo, parece natural para estas pessoas que aqui no Brasil a questão da propriedade e uso da terra, e, por derivado, todas as questões de propriedade ainda tenham que ser cotidianamente resolvidas e impostas na bala. E sempre, nesta visão, por culpa dos grupos oprimidos, nunca dos opressores. Ao ponto de, por fim, parecer justo a estas pessoas que justamente os oprimidos de sempre sofram ainda mais violência. E é por isso que elas aderem ao fascismo e é por isto também que o fascismo é uma face dominante da nossa cultura, de forma mais ou menos explícita, mais oculta ou mais manifesta, no plano político partidário.


Sou capaz de entender também que há uma apelo especial do fascismo ao extrato social médio em busca de ascensão econômica, social e política. É bem possível entender que haja uma adesão forte, especialmente dos empreendedores neste grupo social, à ideologia do livre mercado e até mesmo à imposição, pela força, de limites estreitos para a renda dos trabalhadores. E, novamente, essa ideologia é dominante aqui no Brasil, de um modo ou de outro, desde sempre e, por isso mesmo, também cria-se, no Brasil, essa cultura, fascista, de pobreza e violência, como um ciclo vicioso. É preciso, nesta ideologia e na sua prática objetiva, que os salários dos trabalhadores, que a renda direta e os direitos e ganhos associados ao trabalho, tenham que ser mantidos nos níveis mais baixos o possível, mesmo abaixo do nível mínimo de dignidade humana, pois é sobre esta base que eles acreditam que a economia brasileira deve funcionar e que apenas assim ela será exitosa. A manutenção da população trabalhadora em condições de pobreza e miséria e na ausência de direitos e serviços compensatórios só pode ser feita pela força, pela violência e pela imposição do medo sobre a população trabalhadora e sobre os grupos sociais excluídos e oprimidos, ou seja, pelo terrorismo de Estado fascista. E é por isto também que estas pessoas aderem ao fascismo e que a gente deve entender que o fascismo sempre foi e continua sendo uma força dominante na nossa sociedade.  É esta "necessidade econômica" que impõe o próprio fascismo político aberto e o estado de exceção como necessários para o país, de tempos em tempos.


Mas, enfim, o que eu penso ser, hoje, o mais importante, para esta pessoa específica e, talvez, para a grande maioria dos eleitores e propagandistas do fascismo no Brasil, é o seu vínculo com a religião. Eu acredito que o apelo religioso, a reafirmação, sem limites, da ideologia religiosa é a grande força psicológica do fascismo, especificamente aqui no Brasil hoje. E é bastante óbvio, para mim, que, no que realmente importa, no que realmente move a vida e as escolhas das pessoas, essa ideologia religiosa é, como ela mesma se afirma, uma ideologia de defesa da família. É este o centro objetivo, verdadeiro ou prático de toda a ideologia religiosa. E é objetivamente neste sentido que ela é utilizada como arma ideológica do fascismo. Através da identificação aberta com a religião, aqui entre nós, com a religião cristã, o fascismo se afirma como a expressão política da ideologia de defesa da família. É o valor superior da família que mexe com o psicológico dessas pessoas ao ponto delas aderirem ao fascismo e endossarem a violência armada e o terrorismo de Estado como estratégia legítima do poder. O amor à família as torna defensoras da tortura e assassinato de opositores do sistema. A barbárie é afirmada em nome do amor. Não é a primeira vez que o cristianismo cumpre este papel no jogo ideológico ao longo da história. E certamente não vai ser a última.


É necessário aprofundar todas estas análises, especialmente o vínculo do fascismo, ao fim, com a ideologia de defesa da família. Mas não agora.


Enfim, sejam quais forem as razões que levam alguém a aderir ao fascismo, sejam elas conscientes ou não, isso será sempre inaceitável para mim. Como eu digo sempre, toda vez que a serpente do fascismo levanta a cabeça, ela tem que ser esmagada. Isso quer dizer que não se pode negociar com a ideologia fascista. Ela tem que ser abominada e destruída, como perversão e crime contra a humanidade que é. Não estou falando de violência contra as pessoas, mas também não estou falando de ser conivente com qualquer pessoa ou ambiente em que se divulgue ou faça propaganda do fascismo. E é por isso que eu desfaço amizades e dou bloqueios de quem faz propaganda de políticos fascistas.