segunda-feira, 20 de novembro de 2017

PAUTA ESSENCIAL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE

https://www.unasus.gov.br/sites/default/files/pauta_essencial_da_atencao_primaria_paulo_fleury.pdf Copia e cola o LInk, baixa e salva a PAUTA ESSENCIAL DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Esse protocolo de 2015 foi feito ao longo de anos, com a colaboração de profissionais de saúde e gestores no nível municipal, estadual e nacional. É uma boa base para a organização da APS focada nos principais agravos à saúde pública no nosso país e tendo como norte a promoção da saúde, inclusive a prevenção quaternária (prevenção dos excessos e erros da prática médica). Vale a pena ler e ter consigo.

O QUE OS MÉDICOS QUEREM DIZER QUANDO FALAM QUE ALGO É OU NÃO É "CIENTIFICAMENTE COMPROVADO".

O termo cientificamente comprovado é vago e impreciso, pois de fato, tudo o que é "cientificamente comprovado" hoje muito provavelmente amanhã será visto como equívoco e erro. Pois a ciência sempre avança e destrói os conceitos antigos. Os médicos fazem isso para se precaverem escudando-se naquilo que e protocolar, isto é, nas condutas e terapeuticas que são recomendadas pelas associações de especialidades. Mas nem sempre o que estas associações recomendam é realmente comprovado e o que elas não endossam carece de comprovação. Na verdade existem vários níveis de evidência médico científica e todos podem ser considerados base para a tomada de decisão terapeutica consciente. No nível mais baixo, de menor segurança, estão as teorias, os conceitos e as ideias oriundas das ciências de base, ou seja as deduções feitas por cientistas que podem indicar uma alternativa terapeutica. Do mesmo nível baixo de evidência são as opiniões de especialistas e os estudos feitos com modelos animais (as cobaias). Esses são, portanto, os níveis mais baixos de evidência. Em um nível um pouco acima encontram-se os relatos comprovados de casos, com acompanhamento sistemático e comprovação de resultados clínicos e ou laboratoriais. Em um nível superior estão os estudos com grupos de pacientes não controlados (isto é, sem grupo controle) ou não aleatorizados (isto é, sem que a seleção dos participantes dos grupos terapeutico e de controle seja por acaso), E no nível mais alto estão os ensaios clínicos ou trials (estudos aleatorizados com grupo controle). E, no nível máximo, a análise conjunta de vários ensaios clínicos sobre o mesmo tema (metanálise). As decisões terapeuticas são de fato, e devem mesmo ser, tomadas a partir de qualquer nível de evidência, desde que não haja evidência de nível superior ou alternativa terapeutica mais segura. Portanto, qdo um médico falar q tal coisa é cientificamente comprovada ou não é cientificamente comprovada, vc deve questionar qual é a fonte dessa informação e qual é o nivel de evidência em q ele se apoia. E lembre-se: todas as evidencias atuais deverão ser, com o tempo, modificadas e o que parece hoje completamente certo e seguro poderá ser considerado incerto e errado...
Quase um século se passou desde a adoção da primeira norma internacional sobre jornada de trabalho, que estabelece o princípio das oito horas por dia e 48 horas por semana. E depois do sistema industrial, do taylorismo, do fordismo, da automação, da revolução digital... Qual é a jornada de trabalho média, real hoje no mundo e aqui no BR? Aqui a lei diz que é 8 hs em 5 dias e 4 hs e 1 dia da semana. 44 hs por semana. Mas a realidade como é mesmo... E o tempo de deslocamento, é parte, ao menos em parte da jornada de trabalho real, não é?

quinta-feira, 2 de novembro de 2017

Entrevista sobre a questão da criminalização da maconha e outras drogas

Qual seu nome completo e profissão? Paulo Fleury Teixeira. Médico e Filósofo. Qual a sua relação com a maconha? Profissionalmente, sou um médico com a prática clínica baseada no uso da maconha medicinal. Trato, com a maconha medicinal, principalmente pessoas com autismo, epilepsia, dor neuropática, fibromialgia, doença de Parkinson e outras doenças neurodegenerativas e também problemas de saúde mental e da dependência química (álcool, tabaco, medicamentos psiquiátricos,, cocaína, crack etc.). Considero, portanto, pelo aspecto de saúde pública, a proibição e criminalização do uso e do plantio da maconha como um contra senso absurdo, como uma total estupidez, já que se proíbe algo que é de baixo risco para a saúde e a vida das pessoas, ao passo que se libera e até incentiva o consumo de drogas altamente tóxicas. Politicamente, em que pé está a legalização da maconha no Brasil? Legalização e descriminalização: qual a diferença? O que seria melhor para o Brasil? Estamos preparados para a legalização? Socialmente, no que a proibição da maconha ajuda? E no que prejudica? Acredita que isso vai ocorrer, levando em conta o cenário político que temos hoje (como a bancada evangélica, por exemplo)? Mais alguma consideração sobre o assunto? Acho que essas dá pra responder em grupo. Bom hoje a maconha é ainda considerada uma planta proscrita ou proibida, de modo que é crime o plantio, preparação e comércio da maconha. A legislação brasileira, desde 2006, não tipifica claramente o uso da maconha ou de qualquer outra droga, de modo que para alguns isso ainda é crime, enquanto outros consideram que o uso não é crime; seria, portanto, uma questão de saúde pública. Mas é justamente como questão de saúde pública que a criminalização da maconha é um absurdo e uma estupidez gritante. Isso porque além de ter um risco para a saúde e taxa de dependência baixíssimos na comparação com qualquer droga, ilegal ou legal, hoje no Brasil (como o álcool, o tabaco e os medicamentos psiquiátricos em geral), a maconha ainda é terapêutica para diversas doenças e pode ser uma ferramenta de redução de danos importante no tratamento dos dependentes químicos dessas drogas legais e das ilegais também. Então hoje a gente vive essa criminalização burra das drogas em geral e da maconha em particular. É difícil refletir sobre isso, porque justamente toda a ideologia da guerra às drogas foi montada para nos impedir de pensar sobre o assunto. Justamente por essa doutrinação ideológica estúpida, as pessoas devem se perguntar, mas como, como sequer pensar em liberar as drogas, se elas são destruidoras da saúde física e mental dos indivíduos e causa da violência nas cidades e da degradação das famílias? Mas a questão é que nada disso é verdade quando se faz uma análise mais realista dos fatos e quando se compara os riscos da maconha em relação às drogas legais. Com certeza a maconha traz muito menos risco à saúde das pessoas em geral do que o álcool, o cigarro e os medicamentos psiquiátricos na sua quase totalidade. Sim essas drogas legais estão associadas a uma série de doenças graves, mortes precoces, suicídios e até mesmo violência doméstica. Já a maconha não. Ao contrário, como já disse, a maconha pode ajudar a evitar e reduzir os riscos e danos à saúde por causa dessas drogas legalizadas. Então, quando te falam que a maconha, e várias outras drogas, tem que ter proibição, tem que ter repressão, por causa da saúde pública, para proteger a saúde das pessoas, é uma grande mentira. E pior do que uma mentira simplesmente. É uma total e completa inversão da realidade. Uma mentira e uma inversão da realidade que nos custa milhares de vidas e bilhões de reais todos os anos. Mas se o grande argumento da ideologia da guerra às drogas é o dano à saúde pública e isso é, em geral, uma farsa, então a proibição deve ser porquê a maconha e as outras drogas proibidas são grandes causadoras de violência. Bom, qualquer pessoa que tenha um mínimo conhecimento dos efeitos da maconha sabe que isso é outra bobagem sem tamanho. Mas então se as justificativas da guerra contra as drogas são falsas, se são apenas enganos ou mentiras repetidas sistematicamente. Então, porque isso é assim? É muito estranho mesmo que algo sobre o qual se tenha dedicado tanto tempo, tantos recursos, tantas pessoas tenham sido presas ou mortas por causa disso, sob a alegação de grande risco à saúde e à segurança pública, mas, que quando se olha para os fatos, para a realidade, para os dados objetivos, o que se vê é o contrário. Comparado à maconha, as drogas legais são infinitamente mais prejudiciais para a saúde e qualidade de vida das pessoas assim como para a segurança pública. Mas por outro lado, é fato que todos os dias dezenas, centenas, de pessoas são presas, torturadas, executadas sumariamente, estão sujeitas a isso e a tudo o mais que se queira pensar em termos de repressão e terrorismo de estado, “por causa das drogas”. E certamente alguém é vítima e alguém ganha com esse terrorismo e com essa violência exercida em nome do estado. Do mesmo modo, com a criminalização, rolam bilhões de reais de forma ilegal, através de canais ilegais, chegando aos mais diversos pontos da nossa sociedade (a politica, a justiça, a polícia, por exemplo). E, certamente quem ganha muito com essa ilegalidade não quer mudar isso. Por fim existem aqueles que se locupletam do sofrimento alheio e fazem dos problemas de saúde e pessoais dos dependentes químicos o seu mercado. Aí vão os religiosos, que têm no terrorismo contra as drogas parte grande do seu arsenal discursivo. E também o sistema médico psiquiátrico que ganha combatendo a dependência das drogas com a dependência por outras drogas, muitas vezes piores.. Por fim não acho q no contexto político brasileiro atual se possa avançar em absolutamente nada realmente importante no que toca à legalização ou regulamentação das drogas hoje ilegais. As forças que ganham com o terrorismo anti-drogas , mesmo às custas de milhares de vidas e bilhões de reais, são poderosas, estão bem organizadas e são hegemônicas na sociedade. Mas a questão está se modificando bastante com a ampliação do uso medicinal da maconha. Com isso está sendo possível abrir uma brecha na parede de preconceito e ignorância que circunda a questão das drogas. E a sociedade é dinâmica e estamos em um momento histórico peculiar de crise estrutural profunda que pode trazer surpresas e aquilo que parecia um grande retrocesso se converter em um processo de transformação positiva. Se de fato ocorrer um processo positivo no sentido da liberalização de produção e consumo das drogas em geral e da maconha (não apenas medicinal) em particular, ele deveria ser o mais aberto e o mais responsável o possível. E o que quer dizer isso? Quer dizer que, no que toca aos reais riscos das drogas para pessoas adultas, é a informação qualificada e realista (não o terrorismo farsante que ainda se divulga hoje em dia) o principal instrumento de proteção das pessoas e não a repressão, não a violência,...

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A redução de danos em raves

Tema: A redução de danos em raves Metodologia: Entrevistas livres e observação participante. Foram realizadas entrevistas informais na forma de conversas pessoais e rodas e conversas sobre uso de drogas pelo público que frequenta raves. Os sujeitos dessas entrevistas foram representativos dos diversos públicos que atendem a estas festas ou pertencem à cultura psy em geral: público em geral, Djs, hippies, pessoal da montagem, decoração e organização das festas, vendedores de drogas etc.. As observações, conversas e rodas de conversa, foram realizadas em eventos e fóruns ligados à música eletrônica psicodélica e à cultura psicodélica ao longo dos últimos anos, especialmente no festival PVT-SecretL25 realizada em 12 a 15 de Outubro de 2017. Buscou-se identificar os usos de drogas durante as festas e festivais e fora deles, assim como a percepção de riscos e usos problemáticos das drogas por parte dos frequentadores. A partir dos resultados dessa pesquisa qualitativa e de informações epidemiológicas e farmacológicas sobre as principais drogas utilizadas por esse público se propõe ações de RD direcionadas a ele. Resultados e conclusões: Os diversos extratos do público frequente a raves e festivais de música eletrônica que foram entrevistados não diferiram muito entre si no que tange ao tipo de drogas consumidas durante as festas. Há uma grande frequência de consumo oral de papéis e gotas, supostamente de LSD e de comprimidos (balas) e cristais, supostamente de MDMA, mas que podem ter várias outras substâncias psicoativas misturadas em proporções diversas. Há também alta frequência de consumo de cocaína (de qualidade duvidosa e também de composição desconhecida), aspirada. Ocasionalmente também se utiliza a Bala ou os cristais de MDMA por aspiração. O consumo de Álcool, seja em bebidas de baixa, média ou alta concentração da droga (cerveja, catuabada e destilados) é também bastante comum. E o consumo de maconha e haxixe fumados é praticamente universal. Mais raro, mas com frequência crescente, tem sido o consumo de DMT (cristais ou Changa), também fumado. Mais raros são os consumos de Metanfetamina, Ketamina e Metilona, diretamente, mas é indicada a sua presença eventual nos papéis, balas e cristais supostamente de LSD e MDMA. Várias outras plantas, extratos e substâncias psicoativas como cogumelos, mescalina etc. são também consumidos com alguma frequência Observou-se que o tabaco é de uso bastante difundido, seja como veículo para o consumo de haxixe, seja diretamente, em cigarros industrializados ou artesanais. É muito baixo o uso de drogas injetáveis e de drogas comuns em outros ambientes como o crack e os solventes (cola, thinner). Nota-se grande interesse sobre drogas, seus efeitos e riscos, entre os entrevistados ou nas rodas de conversa, sendo tema espontâneo frequente nesse público. Nota-se o conhecimento, de nível mais alto do que na população em geral, sobre os efeitos e riscos das diversas drogas psicoativas mais frequentes nas raves. Contudo, verificam-se também grandes lacunas e preconceitos no entendimento do público mesmo sobre as drogas que mais frequentemente se usa. Apesar de o álcool ser utilizado em frequência e intensidade bem menores que em outras festas, os riscos de dependência e do seu consumo em doses elevadas parecem ser negligenciados pela grande maioria dos participantes. O mesmo se pode dizer em relação ao tabagismo. De fato, o tabaco e o álcool são muito pouco lembrados quando se questiona o uso problemático de drogas pelos entrevistados ou por seus amigos e conhecidos da cena rave. São muito raros os relatos de casos de overdose ou lesões orgânicas, sendo estes, com frequência, identificados à adulteração e desinformação sobre o(s) produtos em uso. Os principais problemas relacionados ao uso das drogas pelo público entrevistado foram, de fato, distúrbios de caráter psicossocial. A observação e os relatos de entrevistados indica a presença de episódios transitórios ou duradouros de perturbações psicossociais importantes como psicose, depressão e pânico. Especialmente no grupo de pessoas mais diretamente ligadas às festas (Djs, produção etc.) se identificam relatos de caso e a correspondente preocupação com a dependência e com o uso abusivo crônico, principalmente de cocaína e ecstasy. Nos relatos de casos de uso problemático ou de efeitos negativos psicossociais apareceu como um componente relevante uma percepção de desajuste ou inconformidade na inserção dos sujeitos no ambiente sistêmico social. Parece razoável conceber que tanto as substâncias quanto a própria cultura psy atraem e estimulam os indivíduos que de algum modo se encontram na fronteira do desajuste ou inconformidade psicossocial. Além disso, também parece razoável supor que a alteração de consciência que as diversas substâncias psicoativas em uso nas festas deve ser um estímulo ou um desencadeador de diversos graus desse desajuste e inconformidade psicossociais. Contudo, e talvez justamente por isso mesmo, os eventos (raves, festivais, rituais) e a própria cultura psicodélica em si, são, de algum modo, amplamente reconhecidos, pelos entrevistados e nas rodas de conversa, como terapêuticos, curativos ou purificadores no sentido orgânico, psíquico, existencial e espiritual. Não parece haver lugar para Redução de Danos no sentido mais tradicional de usos substitutivos ou supervisionado de drogas para dependentes em raves e similares. Por outro lado parece haver uma grande oportunidade e uma demanda real por informação sobre características farmacológicas e epidemiologia dos usos e efeitos das principais substancias, plantas ou extratos psicoativos utilizados nas raves. As próprias festas, como ponto de contato e difusão de informação são momentos relevantes neste sentido. A presença de ativadores de conversas e difusores de informação bem preparados nesses ambientes seria uma estratégia interessante neste sentido. Parece bastante interessante também a utilização dos momentos e espaços virtuais e reais de preparação das festas para a ativação dessa troca de informações. A adulteração das drogas é reconhecida como um dos principais riscos no uso de drogas comum em raves. Todas as formas de garantia de qualidade das drogas em uso em festas e festivais de música eletrônica devem ser, portanto, formas de redução de danos nesses eventos. A testagem das substâncias deveria ser, portanto, uma preocupação objetiva dos organizadores. A testagem na pista, ao longo da festa, deve estar sempre disponível. Mas, parece pouco realista esperar uma testagem em proporção suficiente das drogas circulantes no curso da própria festa. Seria mais apropriado fazer também testes nas drogas circulantes no período de preparação da festa, acoplando os processos de testagem com a troca de informações sobre as drogas detectadas com o público envolvido normalmente na preparação das festas (e que certamente é difusor de informações nesse aspecto). Por fim, os espaços e as atividades de acolhimento e suporte para as pessoas que apresentarem quaisquer aspectos problemáticos maiores relacionados ao uso das drogas durante as festas podem ser úteis nessas eventualidades.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

A regra é coletiva - atualizando Bakunin

1. a regra é coletiva, 2. o local é a origem da decisão, 3. os coletivos maiores são compostos por representações vinculadas à decisão local e revogáveis a cada momento pelo coletivo local, 4.processos coletivos de decisão direta podem/devem conviver com e substituir e tornar desnecessários os procedimentos do item 3. 5. a diversidade de comportamentos de indivíduos e coletividades é respeitada pelas regras universais até o limite da proteção à vida de outros. à vida não é igual à propriedade à vida não é igual à tradição, à religião, à ideologia etc

terça-feira, 26 de setembro de 2017

COMO EU ESTIMO AS DOSES PARA OS TRATAMENTOS COM MACONHA MEDICINAL

1. óleos importados com alto teor de CBD e baixo THC (<0,5%) - Padrão autorizado pela Anvisa. 2,5 a 20 mg/kg/dia. Para os casos de autismo, uso, em média, 5 mg/kg/dia. Por exemplo, uma criança de 30 kg deve usar aproximadamente 150 mg de CBD por dia. É importante frisar que mesmo nos casos de óleos ricos em CBD, no padrão autorizado pela Anvisa, há tb efeitos do THC no tratamento. Pois o THC é ativo em doses muitas vezes menores que aquelas em que o CBD é ativo. 2. Óleos artesanais brasileiros. Nesse casos faço o cálculo de dose baseado no THC, pois como disse o THC é mto mais ativo q o CBD e os óleos brasileiros, todos, têm teores de THC bem acima dos limites padronizados pela Anvisa para importação. Nesses casos eu me baseio em alguns resultados de testes e na minha experiência clínica. Bom, tomo como referência principal os testes feitos com um óleo produzido aqui na região de BH. Que convencionamos chamar de mais concentrado ou a 2% porque foi essa a concentração total de canabinoides encontrada no teste do óleo. Foi extraído em álcool, de modo que 100 gramas de flor resultou em 200 gramas (mls) de óleo. O que fez com que a gente também o chamasse de 1 para 2 ou 1x2. Era de origem de uma planta de genética especial, de cultivo indoor, altamente resinada, riquíssima em THC (95% do total de canabinoides era THC). Com base nessas informações estimei que cada ml desse óleo (2% ou 1x2) tinha 20mg de thc, ou seja, 1mg de THC por gota. Com isso pude estimar que a maioria dos tratamentos que tenho feito (autismo, epilepsia, dores cronicas, DSR, fibromialgia, parkinson, problemas psi etc), à base deTHC, estão na faixa de 2 a 40 mg de THC por dia. Doses mais baixas são dadas para crianças menores e pacientes em uso de polimedicação neuropsiquiátrica. Com base nesse resultado, pudemos então estabelecer concentrações menores (1%; 0,8% ou 1x4; 0,5%, 0,4% ou 1x8; 0,2% ou 1x16) que são, obviamente, proporções, do padrão base de 2%. Também com base nesse resultado e em experiência clinica e pessoal pude estimar que os óleos produzidos com as plantas comuns no Brasil, de cultivo outdoor, resultam, na mesma proporção, em óleos bem menos concentrados ou potentes. Assim, considerando o padrão dos cultivadores ligados à religião do daime, do sul do pais (florianópolis) em que 3 mls da pasta são diluídos para um volume total de 30 mls, conclui que os seus óleos têm aproximadamente de metade da potência terapeutica do óleo a 2%, ou 1x2. Classifico-os, portanto, como óleos a 1% ou 1x4. E assim posso dosar o tto ou fazer a substituição de um óleo pelo outro, com alguma segurança. Ou seja, se usava o óleo a 1x2 ou 2% na dose de 2 gotas de 12 em 12 hs, então se for converter para um óleo do padrão de Floripa, então deve passar para 4 gotas de 12 em 12 hs. Também fizemos teste de um óleo produzido no interior de Minas, extraído e diluído em glicerina. O teste revelou uma proporção alta de CBD neste óleo, mas não foi possível definir a concentração total dos canabinoides no óleo pois a sua diluição era alta demais e não chegou nem à medida mínima de concentração no teste. Com base também na minha experiência e nas características de planta e extração, cheguei a estimativa que esse óleo seria do padrão 0,2% ou 1x16, ou seja, 10 vezes menos potente que o óleo a 2%. Com isso também podemos fazer a estimativa de dosagem e transição de um óleo para outro com alguma segurança. Originalmente considerei que esse seria o padrão dos óleos da Abrace (da paraíba), já que o processo e as proporções na extração seriam os mesmos (40-50 gramas de planta comum para 1 litro de produto final: extrato em glicerina). O mesmo vale também, pelas poucas informações que tenho, para o óleo produzido por grupo no piauí. O seja todos esses seria óleos extremamente diluídos, com utilidade para crianças muito pequenas ou pacientes em uso de polimedicação neuropsiquiátrica. Lembrando, eles seriam 10 vezes menos potentes que o óleo a 2%. Logo para um paciente usando 40 gotas de qualquer um desses óleos mais diluídos, que vá transitar para um óleo mais concentrado, no caso de mudar para um padrão a 2%, passaria para 04 gotas, para um óleo a 1% (1x4) 08 gotas e para um a 0,4 (1x8) 16 gotas… Aproximadamente. Recentemente tive notícia de óleo da Abrace com 7,5 mg de THC por ml. Se essa informação está correta (e considero que esteja) então esse novo óleo da Abrace é 3 vezes menos potente que o óleo a 2% (1x2). Essas são as informações e estimativas com que tenho trabalhado atualmente.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

cães de alta patente latem pelo golpe

Agora já são dois cães de alta patente que estão latindo a favor do golpe militar (o Hamilton Mourão e o Paulo Chagas). Vc sabe que quando um cachorro late é fácil da matilha toda seguir atrás. O presidente ladrão, cercado por sua quadrilha, sem moral alguma, o congresso formado por bandidos e covardes de todo tipo, o judiciário que tb é parte das gangs ou covarde e incapaz de agir com a firmeza necessária. Aí vem um general, num centro de conspiração conservadora e antipopular (a maçonaria), declarar q agora a gang deles vai tomar o território e dominar as outras quadrilhas. Mas não tem sustentação internacional e milico no brasil é underdog, só age sob o comando americano. então ainda estamos protegidos desse mal maior.

Atualmente eu acho que... e vc, tem certeza?

Atualmente eu acho que sou a favor do tumulto e do conflito mesmo. A nossa questão é mais do que tudo oprimirmos e jogarmos os conflitos pra baixo do tapete. Vivemos, sempre, e não somos muito especiais nisso, numa espécie de mundo da fantasia ideológico e midiático. Então eçasporras de crises políticas, o que são? O que valem? O que vamos conquistar/perder agora, com o golpe em curso? A constituição idealista de 88 foi pro saco? O mercado de trabalho vai tomar uma chacoalhada liberalizante? Os sindicatos vão ter que suar a camisa pra poder existir? Doeu na dilma e no pt? vai doer no lula? isso se ele não for eleito, com apoio (velado) do pmdb.... Enfim, nossa guerra civil não declarada mudou pouco com lula, dilma e o pt-pmdb-centrão no poder e mudará pouco ainda com o golpe parlamentar, descontados os efeitos dos ciclos econômicos (desenvolvimento-recessão-desenvolvimento no mundo e no BR).. Aqui, a gente não muda o sistema com eleição e governos de coalizão não. É o que eu penso. Não sou contra o caminho socialdemocrático, por paradoxal que soe isso, mas não há evolução dentro da própria dinâmica socialdemocrática sem realismo econômico e, portanto, explicitação e solução dos conflitos reais, ao invés de sua opressão e/ou escamoteamento.

sábado, 16 de setembro de 2017

É hora de reagir

Olha, eu não posso, como realista que eu sou, aceitar que qualquer um de nós fale contra a inércia ou covardia ou apatia, ou qualquer coisa que vc queira chamar, do povo brasileiro que não reage à situação política em que nós estamos. Em primeiro lugar porque, sendo realista, eu tenho que perguntar pra cada um primeiro, mas qual é a sua reação? O que vc faz? Ou ainda para aqueles que reclamam de como o povo vota errado e termina elegendo os piores bandidos e os seus maiores inimigos: você não tem nada pra fazer além de reclamar, não?O que vc mesmo tá fazendo, cara? Mas o fato comum é que estamos ofendidos, envergonhados, tristes,, magoados e nos sentindo impotentes, sem capacidade de reação. Mas olha, a vida e a história não param. E algumas reações, as reações reais, nós de fato estamos tendo e vamos ter. Então, de novo, a pergunta importante pode ser, mas o que é que eu tô fazendo pra reagir? E, se for possível, o que é que nós estamos fazendo para reagir? Aquele ente multidiverso que se chama de povo está reagindo das muitas formas como sempre reagiu e sempre é normal reagirmos no desespero da pobreza e do abandono. Com violência mal direcionada e alienação conservadora. E agora, e você e eu e nós que somos o povo sem ser desse povo? Se alguém de 15 anos, sob a pobreza e a opressão desse sistema corrupto, sem perspectivas e sem possibilidades reais, pega uma quadrada e acredita que vai para a guerra contra o sistema, atirando contra iguais a ele... Você é quem vai condena-lo? Você é quem vai elogia-lo? Não se trata disso, mas de perguntar porque a guerra em que esses jovens entram nunca atinge o poder no país? No fim são sobretudo eles mesmos que morrem. Então eu me pergunto, porque, no Brasil, a guerra civil que dizima milhares todos os anos nunca tem como alvo os bandidos no poder? A resposta criminal não muda nada o sistema, apenas o reproduz e mantém. E, de fato, vivemos e temos vivido em um sistema violento de opressão e pobreza, onde os poderosos nos governos, nos legislativos, na justiça, no mercado financeiro, nas empresas, nas polícias, nas forças armadas,, nas igrejas, pra todo lado, são bandidos corruptos, farsantes, assassinos e psicopatas de todos os tipos. E qual a sua reação? Qual a nossa reação?

sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Relato de caso de surto psicótico em pte autista epilética em uso de óleo de canabis


Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de um surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tive antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas várias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos (aumentos ou raramente reduções) de dosagem do óleo e (redução ou raramente aumento) de dose dos medicamentos em uso.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, com contenção física e química. É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão, contudo, baseada numa casuística de dezenas de pacientes, seja em uso de óleos ricos em cbd, ou ricos em thc, é de que os canabinoides atuam reduzindo o risco desses eventos e de todas as outras manifestações da instabilidade neuropsíquica que caracteriza esses pacientes.
No caso específico a que estou me referindo agora, parece razoável que o risco foi aumentado e o gatilho do surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides (mas suficiente para grande melhora no controle das crises convulsivas) quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso.
A paciente foi controlada pelo uso de antipsicóticos em regime de urgência e teve alta esta semana, com prescrição de antipsicóticos e anticonvulsivantes. E reiniciará o uso de canabinoides (com extrato rico em thc) agora seguindo o padrão de início com dose baixa e elevação progressiva da dose do óleo, enquanto se avalia e procede à redução progressiva e lenta dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso.
Este caso expõe o fato, que todos que lidamos com esses pacientes, temos que estar cientes: é que os riscos reais de piora, em algum ou vários aspectos (inclusive crises psicóticas e convulsivas), existem, seja já em grande parde dos pacientes, seja pela interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos que eles usam, seja pela retirada de qualquer desses medicamentos, ou pelo próprio uso de qualquer desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides. Não parece determinável com o nosso conhecimento atual qual ou quais fatores realmente atuaram em cada caso.
Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, os casos de piora, em algum dos aspectos acompanhados, são algo entre 5 e 20%, independente se os óleos são ricos em cbd, de cbd purificado ou ricos em thc. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja na agitação, nos aspectos psicocomportamentais, na insônia, nas crises convulsivas, assim como no desenvolvimento global, fala, cognição, interação, motor e autonomia atingem 60 a 80% dos pacientes.
Como, além disso, eu tenho a forte e bem fundada convicção de que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade, que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos neuropsiquiátricos justificam a tentativa mesmo nos casos mas graves e instáveis.





terça-feira, 29 de agosto de 2017

CASO DE SURTO PSICOTICO EM PACIENTE AUTISTA EM TTO COM CANABINOIDES

Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tinha tido antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas varias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos de dosagem do óleo e dos medicamentos em uso, enfim.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, contenção física e química.
É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Mas é um risco que temos que reconhecer presente no tratamento de todos os pacientes autistas. Eu creio que é justo afirmar que o autista tem um risco maior do que o neurotípico de apresentar alterações psicocomportamentais maiores, dentre elas os delírios e surtos psicóticos. E não só em relação aos autistas. Dentro do conjunto de pacientes que eu tenho acompanhado (epiléticos, autistas, portadores de dor neuropática, DSR, fibromialgia e provavelmente até nos casos de parkinson, que são a grande maioria dos meus pacientes) a instabilidade psíquica é certamente muito presente. Mas no caso dos autistas, epiléticos ou não, muitos já são usuários de drogas neuropsiquiátricas especialmente antipsicóticos, justamente na tentativa de controle desses aspectos psicocomportamentais muito desviantes. A entrada dos canabinoides nessas associações medicamentosas pode ser muito positiva mas também negativa, com piora de qualquer um dos sintomas referidos. São reações paradoxais. Também são frequentes os casos de piora relacionados à redução ou retirada dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso. Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, esses casos de piora são algo entre 5 e 20%. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja nos aspectos psicocomportamentais, insônia, crises convulsivas e no desenvolvimento global dos pacientes atingem 60 a 80% dos pacientes.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão geral disso e que está muito bem exemplificada nos casos dos autistas é que os canabinoides têm, sobretudo uma ação protetora ou de alívio dos sinais e sintomas de distúrbios e desequilíbrios psíquicos graves.
No caso específico a que estou me referindo agora, o risco pode ter sido aumentado e o surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso. Mas o fato é que existe, nesses pacientes, na interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos, na retirada de qq desses medicamentos e no próprio uso de qq desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides, risco potencial de desequilíbrios psicocomportamentais maiores.
Quem lida com esses pacientes tem que estar preparado para isto e orienta-los sobre isso.
Repito, na minha casuística o risco de piora é de 5 a 20%, sendo a quase totalidade dos casos controláveis com modificação nas dosagens dos medicamentos em uso.
Como tenho forte convicção que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos justificam a tentativa.
Nesta última semana eu tive o meu primeiro caso de surto psicótico em paciente autista em uso de um extrato de canabis.
Já tinha tido antes casos de paciente psicótico usuário de maconha com crises periódicas e de pacientes autistas com desequilíbrios psicomportamentais importantes, com piora de crises convulsivas, insônia, agitação, irritabilidade, estereotipias, agressividade e crises psíquicas varias. Esses casos foram controlados com a interrupção do tratamento com canabinoides, ou com o retorno de outra medicação antes interrompida, ou com acertos de dosagem do óleo e dos medicamentos em uso, enfim.
Mas ainda não tinha tido um caso de surto psicótico em paciente autista levando a internação, contenção física e química.
É uma experiência ruim, negativa, pesada e extremamente angustiante, sobretudo para os responsáveis, normalmente, principalmente, a mãe.
Mas é um risco que temos que reconhecer presente no tratamento de todos os pacientes autistas. Eu creio que é justo afirmar que o autista tem um risco maior do que o neurotípico de apresentar alterações psicocomportamentais maiores, dentre elas os delírios e surtos psicóticos. E não só em relação aos autistas. Dentro do conjunto de pacientes que eu tenho acompanhado (epiléticos, autistas, portadores de dor neuropática, DSR, fibromialgia e provavelmente até nos casos de parkinson, que são a grande maioria dos meus pacientes) a instabilidade psíquica é certamente muito presente. Mas no caso dos autistas, epiléticos ou não, muitos já são usuários de drogas neuropsiquiátricas especialmente antipsicóticos, justamente na tentativa de controle desses aspectos psicocomportamentais muito desviantes. A entrada dos canabinoides nessas associações medicamentosas pode ser muito positiva mas também negativa, com piora de qualquer um dos sintomas referidos. São reações paradoxais. Também são frequentes os casos de piora relacionados à redução ou retirada dos medicamentos neuropsiquiátricos em uso. Na minha casuística dos pacientes autistas, até agora, esses casos de piora são algo entre 5 e 20%. Reversamente, os casos de melhora significativa, seja nos aspectos psicocomportamentais, insônia, crises convulsivas e no desenvolvimento global dos pacientes atingem 60 a 80% dos pacientes.
Os casos de surto psicótico têm, além da sua gravidade e dramaticidade própria também o grande impacto de ser este justamente um efeito colateral tradicionalmente atribuído ao uso de maconha pela psiquiatria.
A minha visão geral disso e que está muito bem exemplificada nos casos dos autistas é que os canabinoides têm, sobretudo uma ação protetora ou de alívio dos sinais e sintomas de distúrbios e desequilíbrios psíquicos graves.
No caso específico a que estou me referindo agora, o risco pode ter sido aumentado e o surto desencadeado justamente pelo fato de a paciente estar com uma dose muito baixa de canabinoides quando fez retirada de benzodieazepinico de longo uso. Mas o fato é que existe, nesses pacientes, na interferência entre as dosagens dos diversos medicamentos, na retirada de qq desses medicamentos e no próprio uso de qq desses agentes terapêuticos, inclusive dos canabinoides, risco potencial de desequilíbrios psicocomportamentais maiores.
Quem lida com esses pacientes tem que estar preparado para isto e orienta-los sobre isso.
Repito, na minha casuística o risco de piora é de 5 a 20%, sendo a quase totalidade dos casos controláveis com modificação nas dosagens dos medicamentos em uso.
Como tenho forte convicção que os extratos de canabis são mais seguros, têm muito menor toxicidade que os agentes terapêuticos utilizados por esses pacientes, eu persisto com a perspectiva terapêutica que tenho orientado aos meus pacientes em geral: o melhor cenário, que nós perseguimos, é conseguirmos controlar os aspectos mais graves do caso e contribuir para o desenvolvimento global do paciente somente com o uso dos canabinoides, retirando progressivamente os demais medicamentos. Não é seguro que se conseguirá a retirada completa dos medicamentos e é bastante provável que haja turbulência nesse processo. Ainda assim as perspectivas de melhora e os efeitos negativos e riscos impostos pelos medicamentos justificam a tentativa.



quarta-feira, 7 de junho de 2017

EM DEFESA DA CONSTITUINTE INDEPENDENTE E AUTÔNOMA

A crise e a cisão na sociedade brasileira são estruturais, profundas, de dimensão certamente semelhante àquela que resultou no golpe militar e na ditadura dos inimigos do povo por décadas.
Agora, tem que estar claro que o enquadramento dessa crise, nessa dimensão, dentro do conflito entre as distopias unilaterais e fracassadas, de direita e esquerda, ou seja, nos limites do embate liberalismo x estatismo, é a pior resposta ideológica e social possível.
É estupidez achar que vamos sair bem dessa crise tentando-se impor de lado a lado essas ideologias velhas e burras e os partidos corruptos e disfuncionais que as utilizam.
Mas, como é que vamos conseguir romper com essa estrutura ideológica e política viciante e inepta e ao mesmo tempo dar um passo para superar o sistema de poder político, jurídico, midiático e empresarial corrupto, mafioso que nos governa há séculos?
Bom, eu entendo que agora ou vamos para o conflito continuado e acentuado, ou vamos encontrar uma saída social e institucional que nos permita sair disso para melhor.
E essa melhor alternativa, dentro do sistema atual, mas tb já fora desse sistema, dando um passo realmente além dele, eu visualizo na realização de uma NOVA CONSTITUINTE.
Numa nova Constituinte de fato as forças antagônicas que hoje realmente se dilaceram no imaginário e na realidade da vida social no nosso país, terão que se resolverem de algum modo para estabelecermos uma nova estrutura legal e institucional para o futuro próximo.
Vejam que, pelo arranjo de forças político atual. as alternativas a isto, no presente, são a imposição de reformas antipopulares, conduzidas por bandidos. Ou a simples resistência às reformas. Ou seja, o conservadorismo, a manutenção da insustentável situação atual.
Então porquê não arriscar um passo adiante, de verdade?
Pelo menos tentar mudar esse sistema corrupto, opressor e antisocial de verdade.
Para isso, dentro dos limites do sistema democrático, existe a possibilidade da CONSTITUINTE INDEPENDENTE E AUTÔNOMA. A Constituinte convocada exclusivamente para isto. Independente do Parlamento de ratos e psicopatas. Cidadãos eleitos exclusivamente para a reforma do sistema. Não parlamentares em suas estruturas políticas corruptas, em seus partidos-quadrilhas, como foi a última. E ainda melhor, estamos na era digital, essa Constituinte poderá ser muito mais aberta e permeável ao diálogo constante com a sociedade do que foi a última....

quarta-feira, 17 de maio de 2017

Evolução do Índide de Gini do Brasil até 2015

Evolução do Ìndice de Gini do Brasil
(mede desigualdade social de renda – 0 seria a perfeita igualdade e 1 a perfeita desigualdade)

Anos 80 – 90 = 0,59 – 0,64 > Níveis extremamente elevados de desigualdade, com extremos de pobreza e miséria, herdados da ditadura militar. Caraterísticos de países pobres e ditatoriais.
Início dos 2000
2001 0,593
2004 0,570

Período Atual
2012 0,505 – 0,526
2013 0,495 – 0,501> 0,500 = nível do pré 64, também após ciclo de redução da desigualdade.
2014 0,490 – 0,497
2015 0,485 – 0,491


Em setembro de 2014, apesar da recessão e da inflação já darem as caras com firmeza, o rendimento da classe mais pobre (os 10% mais pobres) subiu 4,1%, aumento muito maior do que todas as outras classes. A renda média nesse grupo atingiu 256 reais. A renda das classes mais ricas estava praticamente estagnada ou já em queda.
Em 2015 a renda média cai. Mas o índice de Gini continuou a diminuir.
Em 2016 veio o impitima do governo petista. Período de novo aprofundamento da recessão.
Ainda não temos os dados do ano, mas parece bem razoável apostar na continuidade de queda da renda média. Também é provável a estagnação ou já uma reversão da queda do índice de Gini, ou seja, aumento da desigualdade social, com aumento da pobreza, da miséria, da violência social, da guerra civil não declarada que vivemos no país.
E parece bem razoável também, apostar que essa é a tendência para os próximos anos a se considerar as medidas do governo e do parlamento atuais.
Será o fim do ciclo de queda da desigualdade social, com redução da pobreza e da miséria no país, inciado no fim do segundo governo FHC.
Em resposta a esse ciclo de socialdemocratização da sociedade brasileira e à recessão, foi dado o golpe parlamentar no governo central e parece ter se instituído um acordo social e político suficiente para, em todos os campos, retirar recursos das classes mais pobres e perdoar dívidas ou reduzir encargos dos detentores de capital e dos próprios governos. Ou seja, transferir renda dos setores mais pobres da sociedade para os empresários e para o estado. A aposta deles é que isso vai resultar em novo ciclo de desenvolvimento econômico. Mas isso pode resultar em novo ciclo de desenvolvimento voltado para o mercado externo apenas, não é? Pois o mercado interno está e será ainda mais restringido pela queda da renda na massa da população, iniciada pela recessão e pela inflação e que será aprofundada com as reformas que tomam renda justamente das classes média baixa e baixa.
Vamos lembar que no fim do ciclo anterior, veio a ditadura militar e gastamos 50 anos para chegar novamente em um índice de Gini abaixo de 0,5. O que ainda significa algo muito alto em termos de desigualdade e, para um país com a renda média brasileira, representa ainda, necessariamente, a presença de grandes contingentes populacionais vivendo na pobreza extrema, na miséria e na marginalidade.
Minha melhor expectativa no presente é a continuidade e a progressão do conflito social intenso em que estamos.



terça-feira, 2 de maio de 2017

É MERDA PRA TODO LADO!

Estive poucos dias atrás em São Luís, no Maranhão. E o que vou falar não é uma ofensa a qualquer cidadão do Estado. Fui lá fazer um trabalho, fazer o que tem que ser feito e fui muito bem recebido e acolhido. Curti a praia quando tive tempo livre e até bati uma bola com os moleques na areia, coisa que não fazia há uns 10 anos. E, enfim, o que vale para o Maranhão vale para todos nós.
Eu chego no hotel e vejo na capa do jornal, em destaque, bem no centro: A COLUNA DO SARNEY. Eu juro que tomei um susto. E pior, era contra a greve geral do dia 28, acusando-a de ser uma tática comunista fracassada. E eu, com um tremendo nojo, revirando meu estômago, pensava: o que é que um parasita, um verme desses, tem de autoridade para falar de greve de trabalhadores. É absurdo e explícito demais, não é? E então eu começo a lembrar e sou logo lembrado pelo atendente do hotel que Sarney, esse bandidinho escroto, de quinta categoria, é O DONO DE TODOS OS MAIORES VEÍCULOS DE COMUNICAÇÃO DO MARANHÃO.  E então ele pode realmente, muito bem, e por que não, dar lição de moral, enganar, ameaçar e intimidar os trabalhadores.
Sarney é o dono dos principais veículos de comunicação no Maranhão, o preposto da Globo no estado. E todos os políticos importantes do BR dos últimos tempos foram beijar a mão do parasita, do verme sanguessuga. Isso é um parênteses... mas não é pouco, né?
Enfim, saio para a praia e vejo que em vários pontos o banho é impróprio e constato o óbvio: é o esgoto que é despejado ali mesmo, junto da praia, a céu aberto.

terça-feira, 11 de abril de 2017

Sobre a moral de Cristo e a moral humana

Ao fim, sendo preciso, os evangelhos dão conta de duas proposições éticas ou morais, duas orientações ou princípios, claramente declarados por Jesus, o ungido. E talvez exatamente, ungido no óleo de maconha (kaneh bosm, a erva, cana ou junco aromático do exodus 30:23). Mas isso não importa agora.
Jesus então declarou, segundo os evangelhos, dois, e apenas dois, princípios morais para nortearem as vidas humanas: a generosidade plena e o casamento monogâmico  exclusivo, com o divórcio como recurso, em caso de adultério.
Quanto ao casamento cada um que julgue pelo seu, pelos seus desejos e pela própria vida.
Mas e quanto à generosidade cristã. Que dizer dela? É o coração do cristianismo, a proposta, a projeção de uma generosidade plena: o amor, o amor incondicional de cristo é o ideal moral do cristão. Pois essa é a única regra que seu mestre ensinou. Seja generoso em tudo, seja generoso sempre, especialmente com os menos favorecidos na sociedade, com os excluídos e oprimidos, com as crianças, as prostitutas, os dementes, os doentes, os pobres, os desvalidos. Seja generoso também com os estranheiros e com os diferentes, o amor de Cristo é universal.
Não se discute a importância dessa moral. expressa mesmo na extensão do domínio do cristianismo ainda hoje sobre mentes e corações em toda a terra. Nem se ignora as suas qualidades. Não somos nietszchenianos. Jesus estava certo, sem generosidade e respeito a vida humana é triste, miserável e curta, é a guerra de todos contra todos, como pintou Hobbes. E estava ainda mais certo em abraçar a todos nessa irmandade, tnto o estrangeiro como o estranho, todos podemos nos congr3essar na comunidade humana para o benefício geral. E também estava certo o Cristo em nos ensinar a ter especial atenção com aqueles que são, por algum motivo, excluídos e oprimidos na sociedade, se reconhecemos e  recuperamos a dignidade humana nessas pessoas, até então rebaixadas, então é a dignidade de todos que se eleva.
Mas não somos cristãos, de modo algum. Justamente, ao contrário, identificamos no cristianismo uma moral falha e perversa, uma moral irresponsável e hipócrita, que alimenta, com certeza, as barbáries que se fazem em nome do Deus humano dos judeus.E onde está a falha, a perversão e a hipocrisia inerentes à moral cristã? Precisamente onde ela parece mais superior, no seu coração divino mesmo, no amor universal cristão, na generosidade absoluta que Jesus propõe.
Como dizia o filósofo, o mestre original de todos nós, Heráclito, tudo o que existe, existe em medidas. E Cristo propõe justamente o amor ilimitado, a generosicdade absoluta que não julga, que não condena jamais, que a tudo perdoa, que dá a outra face ao agressor injusto e entrega ao ladrão mais do que ele te pediu. A generosidade absoluta, o amor absoluto de Cristo, essa é justamente a farsa, a perversão e a hipocrisia do cristianismo. E é por isso que elas se alojam no coração mesmo da doutrina de Cristo e não em excessos ou faltas dos cristãos.
Na verdade a doutrina de Jesus é essencialmente imoral, pois nos ensina a fugir da responsabilidade que temos de avaliar e nos posicionarmos de modo justo diante dos outros. Não podemos ser generosos sempre e nem com todos. Todo mundo sabe disso. É mais do que óbvio que se eu der a outra face para quem me violenta injustamente e se eu entregar ao bandido ainda mais qo que ele veio me roubar eu estou é sustentando e dando força para a opressão e a exploração. É isso mesmo, seguir Cristo é fugir da sua responsabilidade humana, é ser irresponsável e essencialmente imoral.
Isso resulta nas duas posições de complementariedade e absoluta adequação à situação de dominação e opressão que marcam os cristãos:
De um lado o bandido hipócrita, o violentador, o abusador, o opressor e explorador que  conta seguro com o perdão absoluto de Cristo para, tranquilamente, seguir em vida seu caminho de opressão e violência contra os outros. Basta, para ser perdoado, rezar de vez em quando, pedir perdão a Deus e pronto... Nada é impossível ao cristão e tudo a ele será perdoado.
De outro lado o violentado, o dominado, o oprimido, o sem chances e sem perspectivas que, no entanto, se resigna absolutamente num eterno dar a outra face, compensado pela esperança na redenção após a morte.
Quando um discípulo foi até Confúcio perguntando se deveria ser generoso com quem era injusto com ele, o mestre respondeu: "Ora, mas então o que vc será com que for generoso contigo? Não, meu caro, seja generoso com quem for generoso com você e justo para com que for injusto com vc!"
Entendeu? Essa pe uma ética humana, centrada e responsável. Seja justo co quem for injusto com vc. Nada da frouxidão falsa e hipocrita do cristianismo, nem a barbárie da vingança ou da violência sem medidas. Nada disso, Confúcio reconhece a responsabilidade de todos nós em julgar e nos posicionar justamente diante dos outros. É uma moral humana, que promove a autonomia, a capacidade e a responsabilidade de cada um de nós. A moral cristã, ao contrário, nos rouba tudo isso.
Abre o teu olho cidadão...

sexta-feira, 31 de março de 2017

A primeira vez que eu fumei a changa,

A primeira vez que eu fumei a changa,
me apareceu a sensação forte de um transporte para o além, mas eu me segurei nos calcanhares mantendo-me fiel à doutrina de que eu não estou no além, jamais, mas apenas aqui mesmo, sempre. E então a viagem voltou para mim mesmo e cheguei à conclusão tranquila e equilibrada de que é tudo pelo meu ego mesmo.
Vou lhes dizer porque isso pode ser tranquilo e equilibrado e não a força disruptiva e desequilibrada do egoísmo. Por analogia ou por identidade mesmo, pode-se dizer do ego, como do gene, que ele quer se perpetuar.Mas não na biologia da espécie, e sim de forma histórica, na cultura, é nela que o ego se perpetua.
E assim já não estamos mais no universo do egoísmo. Mas certamente, para mim, assim como para você, de um modo decisivo em nossas vidas, continua tudo sendo pelo ego.
Sou egoísta, então? Mas certamente eu me reconheço como mais generoso e mais tolerante do que grande parte das pessoas, a maior parte, eu diria.
E agora? Não sou egoísta, de modo algum então. Mas realmente faço tudo pelo meu ego.
E fiquei em paz com isso desde então.

sábado, 18 de março de 2017

Não confie no mercado e não confie no estado

Abre o olho cidadão!
Te enganam e te roubam todos os dias e de todos os lados.
Eu falo isso toda hora e você não quer ouvir.
Mas ainda, e sempre, tá na hora de reagir.
Não confie no mercado e não confie no estado. Deixa de ser otário e não confie no empresário, nem no funcionário.
Não confie na polícia, nem na justiça, não confie no soldado nem no delegado. Não confie no juiz que te julga nem no médico que te orienta. Muitos são psicopatas que querem comer o seu fígado com um bom molho de pimenta.Abre o olho cidadão e não confie em religião. "Lá da frente o pastor grita que é pra todo mundo ouvir: não tem dinheiro? Traz o seu cartão aqui..." Não confie em padre, não confie em igreja, não confie em empresa e não confie na imprensa.
Antes de cair nessas armadilhas, para e pensa.
Você só tem a você mesmo e a quem está do seu lado. Busque o seu irmão e com ele se associe, organize-se em grupos de autodefesa, com aqueles que têm a mesma condição.
E valorize quem a sociedade e você próprio põem pra baixo. Ele é como vc, seu capacho. Então lhe dê a mão e reaja. E defendam-se sempre, como vocês puderem, com as armas que tiverem!

quarta-feira, 15 de março de 2017

Quero mudar o nome deçaporra de Brasil pra Favela.

Quero mudar o nome deçaporra de Brasil pra Favela.
É tudo planta mesmo.
Só que uma simboliza a expropriação e exploração do território e a outra a ocupação popular do território.
Somos todos favelados. O Brasil é Favela.
Quem sabe assim o povo do país se autoreconheça e se aproprie do que é seu?
Veja bem, aqui no Brasil, no território da exploração e da expropriação sem fim, tudo é para ser destruído, avacalhado, roubado e sacaneado.
Morei na zona sul de BH, nos bairros nobres da cidade e com o tempo meus filhos não podiam mais sair na rua sem serem assaltados. É o espaço coletivo que nos resta no Brasil. Atravessado pela violência de todas as maneiras.
Agora moro na região da Pampulha, que já foi nobre e agora é podre, onde já foi um lago lindo e um espaço público para as pessoas passearem e nadarem e praticarem outros esportes na água, hoje é um grande esgoto a céu aberto, que fede e acumula mosquitos, É o espaço coletivo que nos resta no Brasil. Destruído, sucateado, sacaneado, o tempo todo.
Até onde o dinheiro e o poder de compra nos levam? Aos bairros nobres, aos condomínios fechados, aos helicópteros e às ferraris, aos iates, às motos e ás mulheres lindas. E então você ama o Brasil, porque aqui isso é possível! Ok. Mas eu moro na Favela. Eu uso as vias públicas pra me locomover. Eu vou aos mercados e ao centro da cidade para fazer minhas compras..Eu pago aluguel. Eu tenho filhos na universidade pública. Eu recolho previdência pública e pago juros de contas atrasadas e acertos com a receita federal. Então vamos fazer assim. Se você anda de helicóptero, tem jatinho, ferrari e mora em um condomínio fechado e é isento disso tudo, você é um brasileiro, você deve defender o seu país. Eu, do meu lado, acho que sou um favelado. E vou defender o meu.

terça-feira, 14 de março de 2017

O simbólico e o prático na luta social

BOM DIA BRASIL!
Vou dizer algo que preciso falar. 
Eu acho que os anos do peleguismo no poder no nosso país, associados ao postmodernismo em geral, conduziram os movimentos sociais no Brasil excessivamente para o campo simbólico, em contrapartida de sua pouca ou nenhuma atuação prática, objetiva ou material.
Vou dizer: acho a luta no campo simbólico importantíssima, mas a sua hipertrofia associada à atrofia dos movimentos de caráter mais prático é algo negativo, muito ruim mesmo, paralisante, do ponto de vista histórico-social.
Vou dar dois exemplos do que pude perceber nos últimos dias nas redes sociais. 
Primeiro vi rios e rios de tinta gastos a debater e intensa mobilização social a se realizar sobre o turbante de uma menina branca que estava em tratamento de câncer. E enquanto isso os jovens negros continuam sendo objeto de tiro ao alvo nas nossas favelas e vilas, avenidas e prisões, sem conseguirem se defender. E enquanto isso as travestis continuam sendo espancadas e assassinadas para o deleite de cristãos em todo o país.
Agora, mais recentemente, vi novamente rios de tinta e horas de mobilização para se discernir se um careca que faz intervenções de auto-ajuda na band news é ou não de direita. E isso justamente quando está para ser perpetrado o maior assalto à economia popular de todos os tempos: o roubo da previdência do trabalhador pobre do país. É claro que o cara é careta e de direita, senão não estaria fazendo auto-ajuda na bandnews, não é? Mas o que importa isso? A hora é de nos mobilizarmos para barrar os roubos à economia popular que estão sendo feitos e anunciados pelo governo e parlamento de bandidos. Esses marginais querem obrigar o trabalhador pobre a contribuir por 50 anos para a previdência social, na perspectiva de depois conseguir um ou dois anos de aposentadoria. E querem reduzir à miséria os idosos que não puderam contribuir com a previdência por tanto tempo.
Vou repetir, a luta simbólica é importantíssima, mas ficarmos presos a ela é paralisante.
Quem é de grupos sociais, étnicos, comportamentais ou o que seja, excluídos e alvo de violência no nosso país tem que estar consciente que não pode confiar na política, nem na polícia, nem na justiça. Mas também tem que saber que não pode confiar na igreja, nem no PCC, nem CV.
Eu acredito que os membros desses grupos, os jovens expostos a todo tipo de violência nesse país, e todos os que têm sensibilidade humana para a guerra civil genocida que acontece aqui, devem se organizar em grupos de auto-defesa, para que possam se defender diretamente das violências a que estão sujeitos. Creio que aí teremos mais efetividade prática e também teríamos algum tempo para discutir turbantes e carecas.

sexta-feira, 3 de março de 2017

Sobre a questão da liberação do porte de armas.

Por uma questão de princípio, eu defendo que, em uma sociedade de pessoas livres, ou nenhuma, nenhuma pessoa mesmo, pode ter armas, ou, todas devem poder ter.
Sob o aspecto que a questão é apresentada hoje em dia, como uma forma de reação à violência social no nosso país, não me parece que há segurança empírica de que a liberação do acesso ao porte de armas resulte em aumento da violência por armas. O exemplo da Suiça é sembre marcante nesse ponto e com razão, eu acho. Mas também não é razoável apostar no contrário. Parece que o resultado será indiferente para o nível de violência social no nosso país. Nós temos taxas absurdas de morte violenta, vivemos condições de uma guerra civil suja, não declarada, e isso não deverá ser alterado por alguma liberação do porte de armas no país.
Por outro lado, é verdade que Mariguella dizia que a primeira obrigação de cada cidadão deve ser aprender a atirar e portar a sua arma. Ele acreditava, talvez, que o povo em armas pode se defender dos abusos daqueles que têm o poder do dinheiro, da política, da justiça, da polícia e das forças armadas em suas mãos. Mas, é tão certo como o sol clarear o dia, que se for liberado o porte de armas no BR, vão dar um jeito de impedir que o povo trabalhador e pobre possa se armar. Eu também tenho a impressão que cada lavrador e lavradora, cada trabalhador e cada trabalhadora do país portando a sua arma, não haveria mais o tanto de roubo e humilhação que o povo pobre desse país sofre na mão dos poderosos.
O q vc acha?

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

Então a coisa é assim; têm retirado dinheiro da seguridade social para cobrir o rombo do orçamento

https://www.facebook.com/paulo.fleuryteixeira/posts/1259960354057185?notif_t=like&notif_id=1487592121351028

Então a coisa é assim; têm retirado dinheiro da seguridade social para cobrir o rombo do orçamento e agora querem diminuir os gastos com a aposentadoria e a pensão do trabalhador e da trabalhadora.

Se os governos erram na política econômica, se os políticos são corruptos e incompetentes, se os empresários e economistas falham em suas previsões e investimentos, se querem manter suas mordomias e privilégios. Eles acreditam que acharam a solução: que o povo pague!
Anunciaram que vão tirar recursos dos serviços públicos vitais para a população brasileira. A infra-estrutura, os transportes públicos, o saneamento, as moradias, necessários ao povo, a saúde e a educação populares.
E apostam numa vaga esperança de que num certo futuro o mercado cumprirá essas funções melhor do que o estado.
E querem que o povo abra mão da sua previdência, de direitos trabalhistas, do direito a serviços públicos vitais de qualidade, de infra-estrutura pública, de saneamento básico público, de moradias populares, em nome dessa vaga esperança?
Os economistas, os experts no funcionamento do mercado, esses mesmos que quando erram, é o dinheiro, o trabalho e as vidas dos outros que estão em risco, esses, pouco responsáveis pelos seus atos e teorias, estão todos os dias na televisão e em todos os lugares tentando te convencer de que isso é um bom negócio para você.
Abre o olho cidadão. Por quê não começamos revendo as previdências privilegiadas dos próprios políticos e das castas funcionais privilegiadas?
É o jogo de forças social, entende, quem define isso. Estamos desde longe na nossa história submetidos a regimes sociais de alta exploração e opressão. Onde as desigualdades são extremadas. Logo, de algum modo, os muitos que têm pouco são enganados, roubados e oprimidos sistematicamente.
Abre o olho cidadão. Uma resposta da rebeldia do povo brasileiro contra esta situação é a violência, é o crime. E é essa uma resposta que se adequou à nossa sociedade e nela se enraizou.
Não vai ser com mais enganação, roubo e opressão sobre a população de baixa renda do país que vamos superar nem a corrupção nem a violência criminal.


sou obrigado a admitir que eu estou intrigado com o papel da maçonaria na política brasileira atual.

Que há um viés conservador (sob aspectos ideológicos) e liberal (sob aspectos econômicos) no golpe parlamentar e no governo Temer, parece bem verídico. Que o Temer seja, ele próprio, um maçom, parece bem provável. Que existem fotos e vídeos de vários dos principais líderes políticos do golpe em cerimônias maçons recentes, é fato. Que o Temer era X9 do governo norte americano, é fato também.
Haver uma articulação liberal conservadora norte americana - brasileira tendo a maçonaria como um canal, é impossível? É improvável? Ou o contrário?

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

É assim que é... e assim é que muitos querem que seja.

https://www.facebook.com/514516302051457/videos/712014798968272/

É o endereço de um vídeo que apareceu hoje na minha timeline no facebook. São seguranças de supermercado agredindo uma jovem que tentou furtar algo.

E antes que a ignorância marque seu ponto: são seguranças privadas de um supermercado da periferia do RJ e é uma adolescente preta e pobre sendo torturada por esses bandidos, pq tentou furtar algo no supermercado.Tortura é crime inafiançável, para mim, digno de pena máxima.
Tô postando essa barbárie aqui pq realmente muitos querem mesmo que seja assim. Sustentam, muitas vezes, a violência da qual eles próprios são alvos.
A polícia também age assim, largamente, no BR. E muitos querem q a polícia aja é assim mesmo.
É um fascismo saudosista de capitães do mato, de militares torturadores, daqueles que são tomados pela paixão doentia da ordem sobre todas as coisas.
Essas forças moralistas só podem ser fruto de uma imensa ingenuidade ou de uma hipocrisia sem tamanho.
Sabemos que entre os políticos, os empresários, a mídia ou qualquer grupo de poder no país, o moralismo só pode ser hipócrita, pois todos se associaram nos crimes contra a população brasileira.
Mas e quando é essa população mesma que clama por mais e mais opressão, exclusão e abusos do poder?
Não dá nem pra rir dos otários, porque a praga (do fascismo, do elitismo escravista e colonialista) pega a todos e contamina a tudo em volta.
Eu mantenho a minha grande esperança é no conflito mesmo, na continuidade e no crescimento do conflito, é nas greves, é nos confrontos de rua, é nas ocupações, é na continuidade do conflito.
É o meu melhor desejo para o Brasil, como para essa menina é que ela tenha a quem recorrer e que as contas com esses bandidos sejam acertadas, do jeito que devem ser.