terça-feira, 14 de março de 2017

O simbólico e o prático na luta social

BOM DIA BRASIL!
Vou dizer algo que preciso falar. 
Eu acho que os anos do peleguismo no poder no nosso país, associados ao postmodernismo em geral, conduziram os movimentos sociais no Brasil excessivamente para o campo simbólico, em contrapartida de sua pouca ou nenhuma atuação prática, objetiva ou material.
Vou dizer: acho a luta no campo simbólico importantíssima, mas a sua hipertrofia associada à atrofia dos movimentos de caráter mais prático é algo negativo, muito ruim mesmo, paralisante, do ponto de vista histórico-social.
Vou dar dois exemplos do que pude perceber nos últimos dias nas redes sociais. 
Primeiro vi rios e rios de tinta gastos a debater e intensa mobilização social a se realizar sobre o turbante de uma menina branca que estava em tratamento de câncer. E enquanto isso os jovens negros continuam sendo objeto de tiro ao alvo nas nossas favelas e vilas, avenidas e prisões, sem conseguirem se defender. E enquanto isso as travestis continuam sendo espancadas e assassinadas para o deleite de cristãos em todo o país.
Agora, mais recentemente, vi novamente rios de tinta e horas de mobilização para se discernir se um careca que faz intervenções de auto-ajuda na band news é ou não de direita. E isso justamente quando está para ser perpetrado o maior assalto à economia popular de todos os tempos: o roubo da previdência do trabalhador pobre do país. É claro que o cara é careta e de direita, senão não estaria fazendo auto-ajuda na bandnews, não é? Mas o que importa isso? A hora é de nos mobilizarmos para barrar os roubos à economia popular que estão sendo feitos e anunciados pelo governo e parlamento de bandidos. Esses marginais querem obrigar o trabalhador pobre a contribuir por 50 anos para a previdência social, na perspectiva de depois conseguir um ou dois anos de aposentadoria. E querem reduzir à miséria os idosos que não puderam contribuir com a previdência por tanto tempo.
Vou repetir, a luta simbólica é importantíssima, mas ficarmos presos a ela é paralisante.
Quem é de grupos sociais, étnicos, comportamentais ou o que seja, excluídos e alvo de violência no nosso país tem que estar consciente que não pode confiar na política, nem na polícia, nem na justiça. Mas também tem que saber que não pode confiar na igreja, nem no PCC, nem CV.
Eu acredito que os membros desses grupos, os jovens expostos a todo tipo de violência nesse país, e todos os que têm sensibilidade humana para a guerra civil genocida que acontece aqui, devem se organizar em grupos de auto-defesa, para que possam se defender diretamente das violências a que estão sujeitos. Creio que aí teremos mais efetividade prática e também teríamos algum tempo para discutir turbantes e carecas.

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