terça-feira, 19 de julho de 2022

MAIS UM EXERCÍCIO DE SALA DE SITUAÇÃO 240422

MAIS UM EXERCÍCIO DE SALA DE SITUAÇÃO Estou dentro do meu quarto, ouvindo, lá de fora, um forró que virou a madrugada com zabumba, triângulo e sanfona e o pessoal não arredou o pé, ou pelo menos não parou de cantar, até agora. É uma festa tão distante de mim que não podia ser mais estranho. E até um certo alívio. Que não estejam preocupados como eu estou, ou que estejam e tocaram o foda-se nisso também. É só um feriado, o primeiro depois da pandemia e eu estou me recuperando de covid pela quarta vez, eu acho. Sim, creio que peguei covid umas 04 vezes. Eu propriamente não testei nenhuma vez, mas desta última agora meus filhos que vieram me visitar testaram e aqui em casa todo mundo pegou, como das outras vezes. E tivemos gripe também. Tudo isto no período de uns 6 meses. Mas eu não estou preocupado com isto exatamente não. Estou já bem melhor e como das outras vezes isso passa sem deixar rastro. No meu caso. Podem me criticar muito porque eu me expus a risco e porque eu não me testei. Devem estar certos no seu raciocínio. Eu sei é que na situação brasileira o meu comportamento não alterou o risco real da epidemia. Especialmente depois da vacinação, isso não pode ter alterado porque o foco, o direcionamento e a execução das medidas preventivas estava todo muito errado. Erro que, em geral, não foi apenas nosso, mas, estranhamente, de todo o mundo ocidental, digamos assim. Não é de se esperar que em uma doença qualquer as ações de prevenção e tratamento sejam tão ou mais ineficazes nos países ricos e desenvolvidos do ocidente do que no resto do mundo. Mas foi isto que aconteceu com a Covid, ou não foi? De qualquer modo é inquestionável que o Brasil foi um dos expoentes máximos do erro, colhendo, correspondentemente, resultados piores do que a grande maioria dos países no mundo. E certamente eu não me responsabilizo por isto. Nunca compactuei com a estratégia de prevenção adotada no Brasil e que, em grande medida, no fundamental, eu creio, foi também aquela dos Estados Unidos e boa parte da Europa. Não compactuo com o modelo pensado, nem com a execução. Foi tudo errado e certamente eu não sou responsável por estes erros. Sinto muito por aqueles que, seriamente, se dedicaram a tentar fazer cumprir este modelo e fracassaram completamente. Para os idiotas e sem caráter que apenas fizeram jogo de cena e corrupção com a pandemia, pro exemplo, para os farsantes e todo tipo de pilantra que resolveu prescrever medicamentos sem nenhuma comprovação, pra roubar o povo ou por ideologia, para estes eu desejo justiça. Vocês cometeram crimes graves e têm que responder por eles. E o forró continua comendo solto. Isso tá até me dando uma alegria. Esqueço que tô com covid. Que tem as coisas pra fazer. Que é hora de trabalhar. Mas você é doido, hoje é domingo e feriado. Em qual sistema? No meu não é não. Desculpem os forrozeiros. Mas eu não tô pra festa não. Tô sabendo que tá rolando tipo o carnaval de fim da covid. Enfim, e é só isso. A guerra e as contradições do cotidiano também. O que eu posso dizer é que o povo do nosso país e de vários lugares do mundo empobreceu e continua empobrecendo agora, no presente. A covid e a resposta que foi dada a ela aprofundou a crise econômica mundial e a guerra continua aprofundando. A crise precipita decisões erradas e as guerras representam uma solução quase natural para tudo isto. A guerra justifica tudo, qualquer loucura que não poderia mesmo ser feita pode encontrar justificativa na guerra. Assim como na crise. Ou traduzindo de modo bem explícito: a guerra é a crise. E, de fato, na economia capitalista e, extensivamente em qualquer economia instituida em uma sociedade, as crises econômicas têm um efeito catártico que só com o olhar cínico ou científico pode ser reconhecida. As crises são parte do sistema e também o impulsionam para o futuro, para o desenvolvimento. As crises capitalistas, como as podas dos ramos velhos e podres, dão canal para as forças vitais da economia se desenvolverem mais intensamente nos novos ramos. O que a social democracia e o keynesianismo descobriram é que pode-se fazer isto com muito mais suavidade econômica e proteção social real. Eu sou obrigado a conceber que sem estes instrumentos a atual crise econômica mundial teria provocado já catástrofes sociais muito piores do que aquelas que já estamos vivendo. Mesmo no mundo neo liberal dos anos 80 para cá, os instrumentos econômicos, e muito dos sociais também, keynesianos e sociais democratas não deixaram de ser aplicados, apesar de tudo. Enfim seria pior sem eles. Mas é preciso falar do pêndulo entre estas tendências ou vetores contrapostos da economia capitalista mundial, agora estamos começando a voltar para o predomínio da socialização. Isso quer dizer também que estamos no máximo do liberalismo. E também é preciso dizer que a tendência de longo prazo é aquela da socialização e, ainda de mais longo prazo, é aquela da anarquia. Então, em cada movimento pendular contemporâneo, nos últimos 150 a 200 anos, o poder liberal do capital diminui na sociedade em relação aos períodos anteriores. De certo se pode dizer que o liberalismo de hoje já está dentro de um envelope sistêmico social democrata e, progressivamente mais, socialista. Sei que parece bastante absurdo escrever isto quando estamos em um ápice do poder liberal, um longo período de concentração de riquezas, empobrecimento relativo e absoluto de massas, acensão do nacionalismo e do fascismo. E, no momento com guerras interimperialistas, inflação e desemprego em alta. Mas, é a verdade. Eu creio que sim. E também deposito esperança que a resolução deste novo período de crise do liberalismo e, propriamente, do capitalismo liberal, será com menos sofrimento do que foi no século passado, com os eventos de 1914 a 1945. Temos o aprendizado histórico, temos os instrumentos sociais democratas e keynesianos, temos a China socialista.. Ainda que tudo isto pode não ser suficiente para evitar as grandes catástrofes humanas que o sistema capitalista liberal invariavelmente produz, pode e deve conseguir atenuar. Mas para isto as forças liberais terão que ceder as suas posições de poder e abdicar de suas fantasias ideológicas. Bom, realmente eu creio que a existência da China será suficiente para sustentar esta mudança. Simplesmente porque a China já é o maior parceiro comercial de todo o mundo realmente. Porque a China já está na dianteira em educação e ciência mesmo. Porque a China é socialista e, portanto, internacionalista. Com certeza as relações econômicas internacionais não permanecerão da forma como estão sob o império norte americano. Não é a mesma coisa. Não estou nem dizendo que a China não se direcione para ser o novo império mundial. Não acredito nisto, Pode até ser possível, mas não tem evidência em favor disto. Até agora, parece que as relações econômicas internacionais têm uma diferença importante e positiva em favor da China. Eles dizem, reiteradamente que concebem essas relações como um sistema de ganha-ganha, ao passo que os EUA teriam uma visão de soma zero, em que para um ganhar outro(s) tem que perder. De um certo modo podemos dizer que o modelo dos EUA e, antes o modelo colonial e imperial Europeu, era, e é, de exploração, de levar vantagem sobre a desvantagem, a perda e a frustração dos outros povos. É a ideologia do dominador, tão cara aos fascistas no mundo todo. A China diz ser diferente e mostra ser diferente até o momento. Estamos no capitalismo ainda, mas com a perspectiva e o direcionamento socialistas de prosperidade para todos. Esse é o lema que recentemente o presidente da China lançou junto com um novo programa socializante, de reformas sociais e intervenções no mercado. Muitos querem contrapor com um horror afetado a democracia ocidental como o paradigma da política e a China como uma ditadura aterrorizante. Vou voltar sobre este ponto em outro dia. O forró continua quente… E eu vou relaxar que hoje ainda tenho que trabalhar

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